1 milhão de angolanos enche a Esplanada de Cimangol
publicado 15:34 21 Março '09
Mais de 500 mil angolanos participam em missa campal Ansa/Osservatore Romano
Mais de 1 milhão de angolanos assiste à missa conjunta celebrada pelo Papa Bento XVI este domingo, terceiro dia da sua visita oficial a Angola. Ontem celebrou missa na Catedral de S. Paulo em Luanda e à tarde encontrou-se com milhares de jovens no Estádio dos Coqueiros.
Excederam todas as expectativas. As autoridades angolanas esperavam a participação de quinhentos mil angolanos na missa campal deste domingo. A verdade é que as autoridades policiais estimam neste momento em um milhão o número daqueles que se deslocaram para a Esplanada de Cimangol para ouvir a palavra do Santo Padre.
Muitos milhares de pessoas, deslocando-se de carro, camioneta, ou mesmo a pé, entupiram as vias de acesso ao recinto nomeadamente a Estrada do Cacuaco, via importante de acesso que liga Luanda ao local.
12 mil agentes da Polícia Nacional angolana a que se juntaram muitos militares estão encarregues das operações de manutenção da ordem pública com vista a garantir a segurança do Papa e da cerimónia litúrgica.
Num espaço de 20 hectares, equivalente a vinte campos de futebol, o altar de 600 metros quadrados recebe o Papa e os Bispos da àfrica Austral. Celebra uma missa conjunta e será ajudado por um coro de 600 vozes.
Embora a visita papal só termine amanhã, segunda-feira, a missa deste domingo é considerada a grande iniciativa de toda a visita em que os organizadores puseram todo o emprenho.
O Sumo Pontífice quis, antes de dar início à homília, lembrar os dois jovens que ontem morreram à entrada do Estádio dos Coqueiros, esmagados pela multidão que procurava entrar rapidamente no recinto para obter um bom lugar para assistir ao encontro com o Papa.
"Confiemo-los a Jesus para que os acolha no seu reino e aos seus falmilares e amigos exprimo solidarierdade e o mais vivo pesar, até porque vieram para me encontrar", disse Bento XVI, que afirmou estar "particularmente sensibilizado" pelos dois jovens que perderam a vida.
"Ao mesmo tempo, rezo pelos feridos desejando-lhes pronto restabelecimento. Abandonemo-nos aos designios insondáveis de Deus", pediu.
Bento XVI lembrou na sua homilia as "consequências terríveis" dos 27 anos de guerra civil em Angola, lamentando que esta seja "uma realidade familiar" em todo o continente africano.
Mas Bento XVI voltou também a apontar o dedo pontifício à "destruição de famílias e à eliminação de vidas humanas inocentes por meio do aborto".
Sublinhando o "insidioso espírito de egoísmo que fecha os indivíduos em si mesmos, divide famílias e, espezinhando os grandes ideais de generosidade e abnegação, conduz inevitavelmente ao hedonismo, à fuga para falsas utopias através do uso da droga, à irresponsabilidade sexual e ao enfraquecimento do vínculo matrimonial", o Papa pediu aos angolanos que "pratiquem a verdade", já que eles sabem "por amarga experiência que o trabalho de reconstrução, ao contrário da repentina fúria devastadora do mal, é penosamente lento e duro".
"Não tenhais medo", voltou a pedir o Papa, que dirigindo-se "particularmente" a "todos os jovens em África", pediu-lhes para começarem "desde hoje" a fazer o caminho que conduz à "amizade com Jesus" como factor de garantia de "esperança" no futuro do país e a "promessa de um amanhã melhor".
"Ódio", "voragem" ou "vingança" foram expressões usadas por Bento XVI para descrever a "experiência demasiado familiar em África" que resulta na "traição" à condição de "filhos do Pai misericordioso".
"As nuvens do mal obscureceram tragicamente África, incluindo esta amada nação angolana. Pensemos no flagelo da guerra, nos frutos terríveis do tribalismo e das rivalidades étnicas, na avidez que corrompe o coração do homem, reduz à escravidão os pobres e priva gerações futuras dos recursos de que terão necessidade para criar uma sociedade mais solidária e justa", aconselhou.
O Papa manifestou a esperança perante as muitas centenas de milhar de angolanos que assistiram à missa campal da esplanada da Cimangol, que a sua visita a África - Camarões e Angola -, tenha servido "precisamente para proclamar uma mensagem de perdão, de esperança e de uma nova vida em Cristo".
Bento XVI deixou ainda uma advertência aos angolanos. "No Evangelho de hoje há palavras pronunciadas por Jesus que causam uma certa impressão: diz-nos Ele que a sentença de Deus sobre o mundo já foi pronunciada. A luz já veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à Luz porque as suas obras eram más".
http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Mais-d...layout=10&tm=7
http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0...EM+ANGOLA.html
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