Respondo aqui ao Carlos Luna, sobre a questão de territórios uma vez portugueses e agora espanhóis e também sobre os tratados bilaterais a esse respeito, uma vez que envolve Olivença e não propriamente Valença do Minho.
(Obedecendo ao nosso mui respeitado Administrador Donoso
)
Caro Carlos Luna
Sobre São Félix dos Galegos desconhecia que tivesse sido cedida à coroa de Castela por tratado em 1411... até porque é sabido que se manteve sob a lei da Coroa Portuguesa e nela integrada até 1476. Quanto a Ceuta, é também sabido que não arriou a bandeira Habsburgo e levantou a Bragança na Restauração por uma tão simples razão: cercada pela mourama e pelo mar, era abastecida de água potável por barricas transportadas em barca desde Algeciras. Abastecimento que se tornava impossível fazer, com a guerra entre Portugal e Espanha, pela parte portuguesa. Assim, entre morrer à sede sem honra nem glória militar, entregar-se aos mouros ou manter-se na Católica Coroa de Castela, a guarnição de Ceuta fez o que tinha de fazer. Manteve Ceuta cristã.
Assim a tomada da praça de Ceuta - que nunca havia sido castelhana - só por ter um tratado em que Portugal capitula na sua legítima posição é assunto pacífico. Olivença, que antes de ser portuguesa já havia sido castelhana - até ao Tratado de Alcanizes - já não o é porque não existe um papel, um tratado que o regularize...
Pois eu digo: então que se assine o bendito tratado! Para o que ele valha, uma vez que em termos territoriais, os tratados entre os dois países têm valido de pouco... Porque Olivença tem tanto (ou menos) de português que tem Ceuta. Porquê este estatuto de excepção nas frustrações pseudo-patrióticas portuguesas? Porquê esta estafada lenga-lenga?
Quando as posições legalistas e os tratados bilaterais são sistematicamente desrespeitados há que tomar uma de duas posições: ou se deixam falar as armas ou se deixam falar os povos interessados. Portugal nunca fez falar as armas por Olivença (e ainda bem); se deixar falar os oliventinos e os ouvir saberá de uma vez por todas qual a sua pertença.
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