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Tema: As siglas poveiras

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    As siglas poveiras

    » As marcas, balizas e divisas

    As marcas são a escrita do Poveiro.

    Têm muita analogia com a escrita Egípcia porque constituem imagens de objectos: Sarilho, Coice (imagem de parte da quilha de um barco) Arpão, Pé de galinha, Grade, Lanchinha, Calhorda, Pêna, etc.

    As marcas estão nas redes, nas velas, nos mastros, paus de varar, nos lemes, nos bartidoiros, nos boireis, nas talas, nas facas da cortiça, nas mesas, nas cadeiras, em todos os objectos que lhe pertençam, quer no mar, na praia ou em casa. A marca num objecto equivale ao registo de propriedade. O Poveiro lê essas marcas com a mesma facilidade com que nós procedemos à leitura do alfabeto.

    Não são marcas organizadas ao capricho de cada um, mas antes, simbolismos ou brasões de famílias, que vão ficando por herança de pais para filhos e que só os herdeiros podem usar.

    Casos curiosos encontramos ao colher as nossas notas sobre as marcas, sobretudo quando, ao organizar a árvore de uma família, encontrávamos a velha tradição quebrada, isto é, quando verificávamos que na descendência não era seguida a fórmula usada para distinção da marca pela Comunidade. Estes factos, curiosos e interessantes pare este estudo, ficam mais adiante anotados.

    O nosso fim, com a publicação deste trabalho, é apenas arquivar material que possa servir os estudiosos especializados.

    Por isso mesmo, todas as incorrecções que, encontramos ao organizar essas arvores familiares pare o estudo da evolução das marcas, segundo as presunções, e conhecimentos que já tínhamos, procurávamos logo, junto dos indivíduos a quem essas marcas diziam respeito, saber as suas causas, visto que essas incorrecções, se não tivessem explicação plausível, atirariam por terra todas as informações até aqui julgadas verídicas que não passariam, assim, de fantasiosas.

    Mas não. Os esclarecimentos dados vinham, antes, corroborar todas as nossas convicções sobre o assunto, demonstrando-nos que cada família tem a sua marca própria, passando através dos tempos com a mesma galhardia de todas as outras tradições poveiras.

    Das centenas de marcas que examinamos, podemos fixar as das seguintes famílias, de leitura fácil entre a Comunidade, por as simbolizarem desde tempos imemoriais:
    1 – Os Canetas – Meia pena e cruz no rabo.
    2 – Os Pinheiras – Calhorda de cruz ao centro.
    3 – Os Trunfos – O São Selimão.
    4 – Os Cotovias e Potricos – Cálix fechado, estrela e coice.
    5 – Os Chascos – Pé de galinha.
    6 – Os Fangueiros – Cruz, pique e cruz.
    7 – Os do Cego do Maio – Meio sarilho.
    8 – O Fanecas – Pente e lanchinha.
    9 – Os Chabões – São Selimão, estrela e grade de 4 piques.
    10 – Os Coutos – Lanchinha e coice.
    11 – Os Patas – Cálix fechado e estrela.
    12 – Os Malgas – Cruz e pique na ponta da cruz.
    13 – Os Micharros – Meia pena e pé de galinha.
    14 – Os Penedas – Sarilho com pique na ponta de baixo e estrela.
    15 – Os Penedas – Estrela, dois piques e cruz.
    16 – Os Moucos – Duas estrelas e coice.
    17 – Os Benfas e Tamancas – Cálix fechado com pique ao centro e cruz.
    18 – Os Bragas – Cálix aberto e coice.
    19 – Duartes – Coice, cruz c coice.
    20 – Os Turras – Estrela, meio arpão e cruz ao rabo do arpão.

    21 – Os Izambas – Cálix aberto emborcado com pique na borda.
    22 – Os Negrinhos – Calhorda com pique a meio e lanchinha.
    23 – Os Bôtos – Cruz, lanchinha e cruz.
    24 – Reixas – Estrela de rabo com 3 meios piques no rabo e grade de 4 piques.
    25 – Os Padeiras – (Marques) – Lanchinha e coice.
    26 – Os Padeiras – (Santos) – Sarilho.
    27 – Os Ferras – Lanchinha a prumo e pique à ré.
    28 – Os Patriças – Cruz, dois piques e um por riba e cruz.
    29 – Os Tabojos – Cálix aberto com piques no bordo.
    30 – Os Juliões, Beiças e Melões – (A mesma família) Arpão e cruz ao rabo.
    31 – Os Dibós – Três piques e um por riba.
    32 – Os Chichões – Meio arpão, cruz ao rabo e cruz.
    33 – Os Maranhas – Cálix aberto com piques no bordo e cruz.
    34 – Os Feiteiras – Quartos e lanchinha.
    35 – Os Liros – Grade de seis piques.
    36 – Os Fome Negras – Grade de 4 piques, estrela e cruz.
    37 – Os Lavradeiras – Estrela de rabo para cima, meio pique a meio do rabo e dois piques no fim do rabo.
    38 – Os Lagoas – Lanchinha, pique e coice.
    39 – Os Come Pilados – Mastro e verga içada.
    40 – Os Chaves – Meia pena, dois piques e um por riba.
    41 – Os Andrés – Cruz de rabo com pique a meio e pique ao rabo.
    42 – Os da Rosa – Calhorda e meios piques ao centro.
    43 – Os da Venda – Cruz e lanchinha.
    44 – Os da Mata – Pique e coice.
    45 – Os Quilores – São Selimão com dois piques em duas pontas.
    46 – Os Chibantas – Pé de galinha com um pique.
    47 – Os Caurretes – Cruz, pique e cruz.
    48 – Os Poupados – Estrela ligada ao coice e pique a meio.
    49 – Os Covas – Duas cruzes.
    50 – Os Amarelos – Mastro e verga içada e cruz ao centro do mastro.
    51 – Os Sofias e os Reigoiças – Meio arpão com cruz ao rabo.
    52 – Os Russos – Cruz com pique na ponta da cruz e dois coices unidos.
    53 – Os Tambucos – Meio sarilho e estrela.
    54 – Os Piroqueiros e Avanças – Cruz e lanchinha.
    55 – Os Guias – Pé de galinha e três piques a prumo.
    56 – Os Agulhas – Cálix fechado com meio pique por riba do canto.
    57 – Os Papilos – Lanchinha com cruz por cima e cruz por baixo.
    58 – Os da Trunfa – Calhorda, meio pique a meio e cruz.
    59 – Os Pragas – Padrão com pique a meio e coice.

    60 – Os Patriças – (Pontes) – Cálix aberto, dois piques cruzados com dois piques atravessados na cruz.
    61 – Os Canhotas – Cálix e pique dentro e pique por fora.
    62 – Os Giesteiras – Calhorda de dois piques a meio.
    63 – Os do Rei e os da Hora – Calhorda de três meios piques ao centro do lado direito.
    64 – Os Canários – Lanchinha e cruz de rabo.
    65 – Os Limas – Lanchinha e meia pena pegada.
    66 – Os Catraios – Grade de 4 piques e coice.
    67 – Os Três Noites – São Selimão e pé de galinha.
    68 – Os Fogajeiras – (Abel) – Grade de 5 piques.
    69 – Os Ladinhos – Meio arpão, cruz no rabo e estrela.
    70 – Os Grandes – São Selimão e coice.
    71 – Os Pilotos – Meia pena com cruz no rabo da pena e dois piques em cruz.
    72 – Os Molinhos – Grade com 4 piques e cruz com pique na ponta.
    73 – Os Anjinhos – Pente.
    74 – Os da Madrinha – Cálix aberto, três piques deitados e cruz.
    75 – Os Fernandes – Calhorda, dois meios piques a meio da calhorda e grade de 4 piques.
    76 – Os Bonitos – Cruz e pique.
    77 – Os Troinas – Coice, pique a prumo e cálix aberto.
    78 – Os Cascarras do Pita – Cruz, dois piques e cruz.
    79 – Os Rios d'Ave – Cálix aberto e pique por baixo e cálix fechado e pique a meio.
    80 – Os Lianças – Cálix fechado grade de quatro piques e coice.
    81 – Os Tremoceiros – Cálix fechado, pique por riba e cruz por baixo.
    82 – Os Vianezes – Cálix fechada, lancinha e pique.
    83 – Os Mocetões – Pé de galinha e grade de quatro, piques.
    Regras usadas pelos descendentes
    Na nossa Cidade ainda é possível encontrar em vários locais marcas poveiras. Um dos locais é a Capela de Santa Cruz em Balazar. Na sua porta encontram-se marcas poveiras como poderão ver pela seguinte imagem:
    O Poveiro, ao casar-se, registava a sua marca na mesa da sacristia da Matriz, gravando-a com a faca que lhe servia para aparar a cortiça das redes. A mesa da sacristia da velha igreja da Misericórdia, que serviu de Matriz até 1757, tinha gravadas milhares de marcas, representando um precioso documento para estes estudos.

    Infelizmente, essa mesa desapareceu com a demolição deste Igreja sem que dela ficasse o menor vestígio ou documento fotográfico. Contudo, ainda se vêm hoje algumas gravações destas marcas nas mesas das sacristias da actual Matriz e da Igreja da Lapa.

    Os vendedores analfabetos serviam-se das marcas para saberem de quem era a conta fiada. E assim, antes da rodelas e riscos com que designavam os vintens e tostões, pintavam a marca do devedor.
    Nas suas arribadas à costa norte, os Poveiros gravavam nas portas das capelas mais destacadas nos areais ou montes a sua marca como documento da sua passagem por ali. Duas dessas capelinhas, muito da sua devoção, - Nossa Senhora da Bonança, em Esposende, e Santa Trega (Santa Tecla) que fica no monte junto a La Guardia, Espanha - conservam ainda as suas antigas portas cobertas de marcas poveiras.
    Havia a crença entre eles que uma telha virada na capelinha de Santa Tecla fazia melhorar o tempo, virando o vento para o norte - vento da pôpa - que facilitava o regresso a Portugal.

    A confirmar tal crença, há entre eles esta quadra:

    Minha rica Santa Trega
    Dai-nos ventinho da pôpa
    Que nos queremos ir embora
    E temos a vela rôta Mas não era só nas arribadas que o Poveiro assinalava a sua passagem com a marca. Nos Mosteiros ou capelas onde fosse cumprir uma promessa, normalmente quando ela era feita em nome colectivo, isto é, da companha, gravava nas portas dos templos, nas mesas das sacristias, nas cercaduras em madeira, nos arcos cruzeiros, a sua marca, que assim servia de testemunho perante a grei do cumprimento da sua promessa. Eram bem marcas votivas.

    Os templos da Senhora da Abadia e S. Bento da Porta Aberta, em Terras de Bouro, São Torcato, em Guimarães, Senhora da Guia, em Vila do Conde, e Santa Cruz, em Balazar, Póvoa de Varzim, tem todos larga documentação destas siglas, que atestam a grande fé dos Poveiros nos santos invocados.

    É corrente entre eles que os velhos poveiros analfabetos, em lugar de assinarem em cruz nos documentos públicos, faziam a sua marca, que era o equivalente à sua assinatura.

    Poucos documentos encontramos a comprovar esta afirmação. Apenas nas actas da velhas Associação Marítima dos Poveiros, relativamente moderna, encontramos essa sinalização.

    Apesar da colmeia de pescadores poveiros não ser hoje um décimo das passadas épocas, em que a Praia da Póvoa de Varzim era o grande empório de peixe do norte do país, abastecendo as três províncias do Minho, Douro e Trás-os-Montes e ainda uma grande parte da Espanha, existe ainda imenso material para o estudo destas marcas que se encontram por toda a parte: nos interior das casas dos pescadores, nas cortiças das redes e em todas as madeiras das embarcações estendidas na praia.
    "in "O Poveiro" - António Santos Graça.

    .: Portal da Pvoa de Varzim - www.povoadevarzim.com.pt :.
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  2. #2
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    Re: As siglas poveiras

    Siglas poveiras


    Siglas Poveiras base para a maioria das siglas familiares.




    As siglas poveiras ou marcas poveiras são uma forma de "proto-escrita primitiva", tratando-se de um sistema de comunicação visual simples usado na Póvoa de Varzim, Caxinas e Vila do Conde, durante séculos, em especial nas classes piscatórias. Para se escrever usava-se uma navalha e eram escritas sobre madeira, mas também poderiam ser pintadas, por exemplo, em barcos ou em barracos de praia. Foram deixadas por colonos vikings, há cerca de 1.000 anos, nesta zona da Póvoa de Varzim, Caxinas e Vila do Conde.
    No passado, era também usado para recordar coisas; eram conhecidas como a «escrita» poveira, mas não formavam um alfabeto, em vez disso funcionavam como os hieroglifos egípcios; adquirindo bastante utilidade. Foram estudadas por Octávio Lixa Filgueiras.
    Tipos de siglas

    Segundo Lixa Filgueiras, pode-se distinguir dois tipos de símbolos relativamente ao uso: as marcas e as siglas.[1]
    As marcas serviriam para registo de posse, sendo por isso bastante comuns, e as siglas tinham preocupações mágico-religiosas. Os símbolos de carácter mítico eram mais raros, quer em siglas antigas, quer em siglas mais recentes.
    As siglas mágico-religiosas subdividiam-se em três tipos distintos:

    • Siglas Religiosas
    • Siglas Mágicas
    • Siglas Marítimas.

    Quadro de referência dos tipos de siglas nas marcas dos pescadores comparada com marcações das portas das capelas de Balazar e Santa Tecla
    Discriminação Póvoa de Varzim Balazar Santa Tecla
    Siglas Religiosas 18 11 11
    Siglas Mágicas 5 6 4
    Siglas Marítimas (totais) 47 23 20
    Barcos ou suas partes 32 12 13
    Pesca 5 8 4
    Penas 4 1 1
    Pés de Galinha 6 2 2
    Marcas familiares


    Marca na soleira de uma garagem particular na Rua Cândido Landolt no centro da Póvoa.




    As marcas são brasões de família usadas desde tempos imemoriais pela comunidade e com estes símbolos marcam-se todos os objectos marítimos e caseiros, ou seja, são um registo de propriedade. A "marca-brasão" de uma família era conhecida por toda a comunidade poveira, sendo os filhos reconhecidos através da contagem dos piques, uma sigla que corresponderia a um traço.

    Este sistema de assinatura familiar revelava-se útil, eram usadas pelos vendedores no seu livro de conta fiada, sendo lidas e reconhecidas como reconhecemos um nome escrito em alfabeto latino. Os valores em dinheiro eram simbolizados por rodelas e riscos designando vinténs e tostões, respectivamente; e desenhados depois da marca de um dado indivíduo. Mas é nos túmulos que a «marca-sigla» adquire o cunho pessoal, a sigla gravada na lousa tumular indicava o indivíduo que jazia na sepultura.
    Segundo conta o capitão do Porto de Leixões, o Conde de Vilas Boas, um indivíduo furtou uma bússola na Póvoa de Varzim e foi vendê-la a Matosinhos, mas desconhecia que uns "sarrabiscos" gravados na tampa indicavam quem era o dono. A primeira pessoa a quem tentou vender foi a uma poveira. Esta reconheceu imediatamente a sigla e seu dono e com outros pescadores, que também reconheceram a marca, levaram o homem, à força, para a capitania.[2]
    Herança da marca


    Um exemplo de siglas poveiras hereditárias numa família de quatro filhos. A posição dos piques varia consoante a família.




    As marcas são brasões de famílias hereditários, transmitidos por herança de pais para filhos, têm simbolismo e só os herdeiros podem usar.
    As marcas eram passadas do pai para o filho mais novo. Aos restantes filhos eram dadas a mesma marca mas com «pique». Assim, o filho mais velho tem um pique, o segundo dois, e por aí em diante, até ao filho mais novo que não teria nenhum pique, herdando assim a marca-brasão de seu pai. Existiam vários modos de colocar os piques na marca, desde picar, gradar até cruzar a marca. Formando-se assim, conforme o número de piques, cruzes, estrelas, grades.[2]
    Na tradição poveira, que ainda perdura, o herdeiro da família é o filho mais novo tal como na antiga Bretanha e Dinamarca. O filho mais novo é o herdeiro dado que é esperado que tome conta dos seus pais quando estes se tornassem idosos. O Poveiro, ao chegar à meia idade, dava o lugar na lancha ao filho mais novo, que lhe tomava conta da rede e aprestos sinalados.[2]
    Para as gerações seguintes, a dos netos, a regra é idêntica. Estes têm para além dos seus piques, os piques na marca do pai, caso nenhum dos dois seja o filho mais novo.
    Siglas mágico-religiosas


    Sanselimão desenhado junto à porta de uma casa na Rua da Quingosta, uma das mais estreitas e antigas ruas poveiras.


    Capelas em praias e montes

    Locais úteis para o estudo das siglas são os templos religiosos localizados não só na cidade e no seu concelho, mas também por todo o noroeste peninsular, em especial no Minho (em Portugal), mas também na Galiza (Espanha).
    Os Poveiros, ao longo de gerações, costumavam gravar nas portas das capelas perto de areais ou montes a sua marca como documento de passagem ou como promessas da campanha. Todos os barcos têm o seu santo patrono e em toda a divisão de lucros, há sempre umas moedas para o santo. Estas moedas ficavam na posse do mestre da embarcação. Quando este as vai cumprir, quase sempre no dia de festa ou romaria do santo invocado, grava a sua marca na porta da capela, arco cruzeiro ou caixa das Esmolas testemunhando que desempenhou devotadamente o encargo que lhe foi confiado. A marca serviria para como que os poveiros que mais tarde a vissem que passou por ali ou para trazer boa ventura a si mesmos pelo santo que fora venerar. Isso pode ser verificado na Nossa Senhora da Bonança, em Esposende, e Santa Trega (Santa Tecla) no monte junto à Guarda, Galiza. Uma tradição idêntica existia na Suécia, como é visível na Igreja Românica de Skanör.[3]
    Em 23 de Setembro de 1991 é inaugurada nas festividades de Santa Trega, uma escultura em honra às siglas poveiras que recorda a antiga porta coberta de siglas da capela de Santa Trega, por forma a perdurar o que tinha sido perdido, com a inauguração veio da Póvoa de Varzim uma expedição a bordo da lancha poveira Fé em Deus, cujos pescadores subiram ao Trega e oraram na ermida dedicada à padroeira do Monte. Os montes perto da costa, por serem visíveis do mar, têm importância na religiosidade dos poveiros. Outrora, os pescadores iam ao monte rezar à santa num ritual com cantigas de forma a mudar os ventos para que pudessem regressar a casa.
    As marcas eram usadas de forma semelhantes nos templos de Senhora da Abadia e São Bento da Porta Aberta, em Terras de Bouro, São Torcato, em Guimarães e Senhora da Guia, em Vila do Conde e na Capela de Santa Cruz em Balasar.

    A sigla Sanselimão era uma sigla mágico-religiosa, particularmente popular, e usada como símbolo protector e bruxaria, vide bruxa poveira.

    Siglas poveiras
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    Re: As siglas poveiras

    Divisas


    Representação de siglas poveiras num azulejo que representa a Ala-Arriba!. É visível a "divisa" da embarcação.


    O peixe apanhado na rede pertencia ao seu proprietário, quer seja lanchão ou sardinheiro, os peixes eram assim marcados com sigla e entregues às mulheres dos donos da rede. As "marcas de peixe" são golpes feitos em forma de sigla no peixe em diferentes pontos.
    A tripulação de cada barco tinha também uma sigla que era usada por todos os tripulantes, caso estes mudassem de barco passariam a usar a sigla desse barco. Estas siglas eram chamadas de "divisas".
    As divisas são verdadeiros «escudos d'armas», destinados ao reconhecimento do barco, mas, curiosamente, eram diferentes da marca do dono do barco. Note-se que todo o que o poveiro possuía era marcado com a sua marca pessoal, excepto o barco. Este facto aponta, segundo Lixa Filgueiras, para que os barcos estivessem sujeitos predominantemente a invocações mágico-religiosas, adoptando-se um santo-patrono para a embarcação, ganhando um carácter mítico, envolto em símbolos protectores.[1]
    «Cinco dias depois, entrava na barra da Póvoa, uma lancha encarnada que, pelas suas divisas, sarilho, peixe e panal à proa, panal e quatro piques em cruz à ré, se reconheceu ser a lendária lancha Santa Philomena.Vinha finalmente, descansar de tanta luta e fadiga na acolhedora praia da terra-mãe». A. Santos Graça, Epopeia dos Humildes, pág. 146 Casamento

    Os poveiros escreviam a sua sigla na mesa da sacristia da igreja matriz quando se casavam como forma a registar o evento. Este tipo de uso de siglas pode ser encontrado na Igreja Matriz (igreja matriz desde 1757) e na Igreja da Lapa.
    A mesa da sacristia da antiga Igreja de Santa Maria de Varzim, guardava em si milhares de siglas que serviriam para um estudo mais pormenorizado, nomeadamente para verificar origens de famílias, mas foi destruída quando a igreja foi demolida em 1910. Situada no Largo das Dores, a igreja tinha sido edificada no século XI e serviu de Matriz até 1757.
    Origem


    1. Marca do islandês Ormur Ketilsson (1369), 2. Marca do islandês Þórður Snorrason (1439), 3. Marca do juiz sueco Scalle (1413) e 4. marca de um pedreiro da catedral de Uppsala, na Suécia


    As siglas foram estudadas, pela primeira vez, por António dos Santos Graça no seu livro "Epopeia dos Humildes". Editado em 1952, o livro contém centenas de siglas e a história e tragédia marítima poveiras. Outras das suas obras são "O Poveiro" (1932), "A Crença do Poveiro nas Almas Penadas" (1933) e "Inscrições Tumulares por Siglas" (1942).
    Para Santos Graça, as siglas estavam relacionadas com os povos castrejos e o autor chegou mesmo a comparar siglas poveiras e outras siglas mais modernas usadas por outras comunidades piscatórias com a escrita ibérica. No entanto, essa tese carece de provas. Depois de uma visita ao National Museet de Copenhaga, Octávio Lixa Filgueiras casualmente encontrou peças marcadas com "marcas de casa" da Fiónia na Dinamarca. Curiosamente, o complexo sistema hereditário de marcas encontrados na Póvoa de Varzim ocorreu também na Fiónia.
    As siglas poveiras terão evoluído, provavelmente, através da colonização viking entre os séculos IX e X e permanecido na comunidade devido à prática da endogamia e protecção cultural por parte da população. As marcas, usadas como brasão ou assinatura familiar para assinar os seus pertences, também existiram na Escandinávia, onde eram chamados de bomärken (marcas de casa).[4]
    Cada sigla-base tem um nome, normalmente relacionados com objectos diários, mas esta associação sigla-objecto parece ser tardia, tanto na Póvoa de Varzim como no sistema estudado na Fiónia. A ampulheta da Fiónia era desenhada da mesma maneira que o cálice da Póvoa de Varzim.[1]


    Siglas poveiras

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    Re: As siglas poveiras

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    As siglas e as runas

    As siglas foram comparadas com as runas, especialmente na década de 1960, quando Lixa Filgueiras pediu mais estudos sobre o assunto. Siglas e runas nórdicas idênticas para comparação:
    pique - runa-i isaz (gelo) arpão - runa-t Tiwaz (Tyr) meio-arpão - runa-l laguz (lago) cálix fechado - runa-d dagaz (dia) cruz - runa-g gyfu (prenda)
    Segundo Santos Graça, o Cruzeiro do cemitério da Póvoa de Varzim terá dado origem à sigla poveira Padrão.


    Segundo Santos Graça, as siglas eram inspiradas por objectos do uso quotidiano poveiro:
    lanchinha — Barco Poveiro (bombordo) lanchinha — Barco Poveiro (proa) mastro e verga — Barco Poveiro com Vela Içada coice — Barco Poveiro (pormenor da ré) padrão — Cruzeiro do Cemitério da Póvoa de Varzim grades de dois e três piques — Grade (Alfaia agrícola usada no desterroamento e alisamento dos campos depois das lavras na Giesteira, Póvoa de Varzim) sarilho e meio sarilho — Sarilho (Utensílio com que as mulheres faziam as meadas da lã ou do linho na Póvoa de Varzim) As siglas hoje


    Placa de Rua no centro da cidade com marcas familiares.




    O uso de letras do alfabeto para identificar os barcos ocorreu bastante tarde na Póvoa de Varzim, comparando com outras comunidades piscatórias que usavam algum tipo de siglas. Em 1944, em 25 marcas de barcos, só uma aparecia com letras do alfabeto: F.A. de Francisco Fogateira, em substituição da marca lanchinha e dupla de dois piques em cruz e coice. Em A Ver-o-Mar, entre 38 já apareciam umas oito embarcações com letra e sigla.
    Apesar de já não ter o uso de outrora, os banheiros do Bairro Norte ainda colocam a sua marca familiar nos seus pertences na praia, acontecendo o mesmo dentro do núcleo familiar com os pertences em algumas famílias típicas. A Casa dos Pescadores da Póvoa de Varzim ainda aceita as siglas como formas correctas de assinatura. As siglas são usadas como motivos nas calçadas da cidade. Nas placas das ruas do Centro da cidade, de forma a reavivar o seu uso e a espelhar a alma da cidade, são colocadas várias marcas de famílias poveiras.

    Siglas poveiras

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