O nacionalismo português nunca será capaz de adoptar o etno-nacionalismo.
Portugal é, na sua génese, um Estado universalista e apologista da miscigenação.
Portugal é um dos Estados mais velhos da Europa (869 anos - reconhecido pelo Reino de Castela a 5 de Outubro de 1143), e nasceu da reconquista, separando-se do Reino da Galiza. Afonso I aproveitou as cruzadas para Jerusalém para conquistar al-Lixbuna, e assimilou os mouros ao sul. Muito se pode dizer sobre este Afonso mas quero focar-me apenas na teoria do nacionalismo português.
Afonso I fundou e criou as bases, os mitos e a teoria sobre o nascimento de Portugal só surgiram posteriormente com a invenção da Batalha de Ourique por parte da igreja e mais tarde com o mito messiânico sebastianista por Bandarra (cristão-novo; judeu do "sapato" - shabat).
Posteriormente surgiu Padre António Vieira, um humanista mestiço, que ficou conhecido por ir para o Brasil evangelizar os nativos e por ter criado a teoria do Quinto Império.
Até à Revolução Francesa nenhuma outra teoria de relevo surgiu, só já depois da Implantação da República portuguesa (1910) surgem os futuristas e integralistas lusitanos, que tiveram influência na ditadura militar de 1926-1933 e na criação do Estado Novo. Destes movimentos destacaria três indivíduos: António Sardinha, Fernando Pessoa e Almada Negreiros.
António Sardinha foi, muito provavelmente, o maior intelectual e uma figura de destaque dos integralistas lusitanos. Em termos teóricos podemos comparar António Sardinha a Julius Evola, pois para este a raça (a portuguesa no caso de Sardinha) também não passava do espírito! Resumindo isto para os menos entendidos, para este monárquico o factor biológico não é relevante nem conta pois o que importa é o espírito. Na prática, ignorando os lirismos deste senhor, a raça para ele não valia nada. Certamente seria um evoliano caso ainda se encontrasse vivo actualmente.
Segue-se Fernando Pessoa, bem conhecido de todos nós e exaltado pelo Estado português nas escolas. Quanto às suas origens, dizem que as terá judias. De qualquer forma o que importa salientar é a teoria de Fernando Pessoa e o seu pensamento. Ora, Fernando Pessoa é endeusado nas escolas por ser um grande poeta com vários heterónimos e por ser um dos grandes escritores da língua portuguesa. "Pegou" nas teorias de Bandarra e Padre António Vieira e, actualizou o mito sebastianista e o mito do Quinto Império. Conhecido pela afirmação: "A minha pátria é a língua portuguesa", afirmação esta que o suposto herdeiro ao trono de Portugal, Duarte Pio, subscreve na integra.
Almada Negreiros, tal como o nome indica, era um negro. Um filho de uma negra e de um tenente, nascido numa colónia do Império português. Destacou-se nas áreas da arte e da cultura, envolvendo-se no movimento futurista. Inspirado pelas correntes nacionalistas que surgiram após a Revolução Bolchevique, este proto-fascista acaba por simpatizar com os camisas negras fascistas. Apoia a "Revolução Nacional" de 1926, é um adepto do Estado Novo e amigo de Salazar, colaborando na propaganda do regime através de cartazes como este: http://imgur.com/ErDt9JS.jpg
O Salazarismo inventou os três F's como forma de gerar uma falsa identidade para o país: Fátima, Futebol e Fado. O Salazarismo acaba por ser o que alguns apelidam de luso-tropicalismo ou minho-timorismo, o salazarismo é coerente com o nacionalismo português histórico.
O Império português, decadente e pressionado pelo exterior, findou em 1974 com o Golpe de Estado dos militares e o fim do Estado Novo.
Após o 25 de Abril, está à vista de todos o que é o nacionalismo português. Um vazio de ideias repleto de negação, lirismos e saudosismos. Existiu o MIRN, sem qualquer relevo e com fracasso eleitoral... Nos anos 80 surgiram os skinheads inspirados pelos Skrewdriver, National Front e mais tarde B&H. Em Portugal surge o MAN (Movimento Acção Nacional), criado por um saudosista salazarista ex-CDS. Conseguiu captar alguns jovens e com o tempo esta associação foi-se tornando progressivamente mais europeísta e menos portuguesa, sendo a dada altura composta em grande parte por skinheads e com a céltica como símbolo do movimento. Não tinha objectivos eleitoralistas mas acabou por se dissolver no início dos anos 90 devido à morte de um comunista por parte de skinheads. O fim do MAN precipitou-se devido à pancadaria e desentendimentos entre o norte e o sul durante uma tentativa de aproximação num jantar convívio. O movimento dissolveu-se e houve condenações pela morte do comunista.
Nos dias que correm existe o PNR, que é um partido anedótico a meu ver e nem sequer vou tecer comentários.
Muito mais poderia escrever mas acho que ficou bem sintetizado a situação do nacionalismo português.
Comentem, contribuam e discordem se estiverem munidos de boa argumentação e factos. Alguma dúvida ou pedido de fontes sobre algo estejam à vontade para perguntar.
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