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Tema: Fé, senso artístico, bem-estar popular na civilização orgânica e cristã

  1. #1
    Avatar de Hyeronimus
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    Fé, senso artístico, bem-estar popular na civilização orgânica e cristã

    Fé, senso artístico, bem-estar popular na civilização orgânica e cristã


    Se Antero de Figueiredo houvesse feito pela causa da Revolução, e especialmente pela do comunismo, todo o bem que fez pela Igreja, seria ainda hoje, no Brasil, um escritor famoso.

    Todas as oficinas de popularidade que a esquerda tem tão numerosas e ativas, celebrariam amiúde a original beleza de seu estilo, a sua "verve", seu pensamento profundo, substancioso e límpido, bom como a finura de seu senso de observação.

    E numerosos críticos católicos, da cátedra e da imprensa, diriam encomplexados e enfáticos: "quanto a esse grande, esse imortal escritor, embora não tenha eu bem precisamente suas idéias, compraz-me em reconhecer e proclamar com a mais intransigente imparcialidade que teve de sobejo as seguintes qualidades...", e viria em continuação a cantilena laudatória copiada com humildade e precisão dos textos da propaganda subversiva.

    Mas acontece que Antero foi católico, e, crime ainda mais grave, católico genuíno, apóstolo destemido e eficiente da Contra-Revolução.

    Eis porque vai caindo no olvido. É que o mesmo complexo feito de pouca fé, de tibieza e de faceirice, que nos leva a ser turiferários da Revolução, nos tira a altaneria necessária para afirmar em face dela os verdadeiros valores da verdadeira cultura, verdadeiramente católica.

    * * *

    Transcrevamos pois uma passagem de Antero, em que ele glorifica um dos mais belos aspectos do que é o povo na civilização cristã ("Espanha", 4ª edição, pp. 280-285).

    Bem o contrário da massa anônima, vazia, cansada e revoltada dos bairros proletários nas grandes cidades modernas, é esse povo hispânico estuante de fé, trasbordante de personalidade e de saúde, das Vascongadas.

    Os filhos da Guipuzcoa — parte das Vascongadas — se reputam todos fidalgos, mesmo quando são simples trabalhadores do campo... sem SUPRA nem reforma agrária. E Antero de Figueiredo nos dirá porque.

    Nossos clichês, com casas da Biscaia — também parte integrante das Vascongadas — ilustram adequadamente as descrições do literato português. Descrições que constituem um excelente conjunto de observações sobre a sociedade orgânica, qual floresceu na Espanha, nossa nobilíssima e cristaníssima irmã.

    * * *


    "É nestes verdes outeiros (da Guipuzcoa) que assenta a casa basca, típica, de lavradores, casa ao mesmo tempo rústica e senhorial, — singela nas suas linhas aldeãs, nobre no seu aspecto grave, e pitoresca no conjunto. ( ... ) aqui é que ela, a casa basca, é como Deus a deu, quero dizer simples e natural, autóctone, nascendo do solo e do clima, para servir o lavrador em suas precisões domésticas, agrícolas, pastoris, e também em seus brios de raça de lavradores-cavaleiros, como assim se consideram estes rústicos vasconços de avoengas linhagens.

    "...Hidalgos todos, que por derecha línea descendían de la primera sangre", como diz Lope de Vega dos navarros aldeões de Baztan.

    Ela é sempre um casarão de paredes sólidas, onde se encontra num só edifício o que em outras terras anda separado em construções distintas: a casa de habitação do amo, a dos servos, os currais, os palheiros, os alpendres dos carros, das caniçadas, do arado, das grades — de toda a alfaia agrícola.

    "O basco instala debaixo do mesmo teto a família, os criados, os gados, os fenos, a adega do vinho, a tulha da azeitona, o celeiro do grão, Nestas casas, o enorme telhado de duas águas (...) diz a vida patriarcal que em comum fazem homens, mulheres, crianças, animais, utensílios, coisas, albergando todos e tudo sob a sua proteção.

    "Na fachada, esse beiral colabora esteticamente com sua sombra; materialmente, com seu conforto; moralmente, com seu carinhoso gesto de abrigo.

    "Que honrados e afetuosos são estes telhados e beirais! Dão a impressão de que, nas longas seroadas invernosas, à hora benta da leitura dos livros santos e das rezas em comum, todas as pessoas e coisas — família, servos, arados, rocas, a masseira do pão, os tonéis da sidra, as talhas do azeite — acompanham as orações do senhor e amo; e que nos currais os rebanhos se quedam em silêncio religioso e as almas dos brutos e as dos objetos se cristianizam, ouvindo as palavras de Jesus.

    "(...) Para o primeiro andar sobe-se por uma exterior escada de pedra, com alpendre à entrada - galilé de religioso e hospitaleiro acolhimento. O arquiteto, a visar somente a função útil do edifício, pensou menos, talvez, na função bela da construção; no entanto, esta lá floriu espontânea, logicamente nascida do próprio arranjo arquitetônico, em ornatos tão naturais que sua arte é da melhor por ser arte em que se não vê propósito de o ser.

    "Assim, são ornato os grossos cachorros do beiral, que vêm a ser o prolongamento (topos apenas cabeçados, e arestas apenas afagadas) do forte travejamento, galgado com o da cumeeira, e vindo de fora a fora, das traseiras à frontaria, com é também o grande telhado, que desce e esborda nas ilhargas sustidas por espeques, cuja fileira, obliquando da parede às telhas vermelhas, toma, na perspectiva, o aspecto de lanças paralelas, enristadas, a sustentar um toldo carmesim: - o beiral.

    "Nos andares de enxaiméis, para melhor segurar os enchimentos de barro e cal, as vigas ao alto têm de ser próximas e salientes; e, pintadas de verde, - seus traços verticais, eqüidistantes e simétricos, ornam a fachada.

    "O pouco acabamento, em apicoado grosso, no calcáreo amarelento do arco e nos umbrais da entrada para as lojas, é tão bem cabido que dir-se-ia um rústico florentino; e, pelo cunhal acima, as agulhas de pedra, grandes e pequenas, que o vão travando, postas à vista e em relevo, tostadas pelo sol e musgadas pelo tempo, adornam a fachada com as suas rachas coloridas a destacarem-se na cal.

    "As paredes exteriores da casa enchem-se de cores - luz e sombra - dos topos e das fileiras dos barrotes que sustentam o varandão, e pela cepa que por sobre o seu peitoril debruça festões de parras verdes ligados aos verdes dos campos e das copas das faias - fundos em que ela pousa.

    "E nenhuma destas famílias de lavradores deixa de patentear suas crenças religiosas e seus pergaminhos heráldicos: cravados nas paredes há velhos baixos-relevos de Santas ou Santos protetores do casal, ao lado de pedras de armas, nesta região em que o maior número se julga fidalgo, porque, segundo o basco Perochegui, "Vascongadas e Navarra são o seminário da nobreza de Espanha", visto Sancho VIII, "El fuerte", agasalhador dos aldeões navarros, a todos haver feito fidalgos: - "todos igualmente nobles, porqué su nobleza tiene una sola origen", dizia".
    ANTERO DE FIGUEIREDO

    Plinio Corrêa de Oliveira, CATOLICISMO, Maio de 1964

    http://cidademedieval.blogspot.com/2...opular-na.html

  2. #2
    Avatar de Irmão de Cá
    Irmão de Cá está desconectado Miembro Respetado
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    Respuesta: Fé, senso artístico, bem-estar popular na civilização orgânica e cristã

    Excelente texto de Antero de Figueiredo, Hyeronimus. Don Cosme, Valmadian, Escuela de Sara, (e os outros) que bonita a vossa terra e a vossa gente!
    res eodem modo conservatur quo generantur
    SAGRADA HISPÂNIA
    HISPANIS OMNIS SVMVS

  3. #3
    Avatar de Imperius
    Imperius está desconectado Miembro graduado
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    Respuesta: Fé, senso artístico, bem-estar popular na civilização orgânica e cristã

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    Bonito texto. Sem ser a parte ortográfica, que me assusta, sempre a lembrar-me do acordo ortográfico.
    "Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece. Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber."Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal

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