Respuesta: Inmenso Portugal
Irmâo, agora !
BRILHA A LUA EM FÁTIMA
http://3.bp.blogspot.com/_Ff-mj3vAsf...astorcitos.jpg
Esta poesia nasceu da minha lusa viagem. Vai dedicada a meus dois amigos miguelistas. Pela lembrança de Fátima, de Portugal em geral.
Brilha a lua,
Brilha em silêncio,
Brilha na noite,
Brilha com império,
Brilha a lua em Fátima,
Brilha, porque é Portugal,
Espléndida escuridão, pois,
De uma pátria imortal,
Brilha a lua,
Brilha na capelinha,
Brilha pelas nuvens,
Brilha Cova de Iría,
Paixão espiritual,
Solidão recolhida,
Nossa Senhora, Nossa Mãe,
Da Cristandade Raínha,
Brilha com liberdade,
Como um canto cristalino,
Ficar preso é
O meu humilde destino,
Brilha a lua,
Brilha no alto,
Ensinando ao céu,
Sinais do fado,
Só em Fátima,
Brilha a lua assim,
Descendo ao luso frio,
As ruas são para mim,
Brilha, minha lua,
Brilha; entretanto, eu passeio,
De tua luz, tao pura,
Meu coraçao está cheio.
ONDE NASCEU ESTA CANÇÃO
http://bp2.blogger.com/_f8GcVIFEUD4/.../Imagen307.JPGOnde nasceu esta canção,
E seu lamento ?
Em hora triste,
Com meu tormento,
Esta canção nasceu,
Fazendo na minha alma,
Un muito duro golpe,
Sem mesura nem calma,
Canção triste que fica,
Voando direita para a saudade,
Por muitos sonhos e lembranças,
Pelo mar da liberdade,
Esta canção, onde nasceu ?
Onde nasceu esta canção ?
No fundo do meu sentimento....
Onde nasceu, então ?
Tem algo de amor esta canção ?
Algo, algo tem,
Sim, pois, pois,
Algo e alguém,
Onde nasceu esta canção ?
Nas entranhas do fado,
Que tanto valorizo,
Que tanto amo,
O poeta é um fingidor ?
Eu não estou fingindo !
Onde nasceu esta canção;
Isso vou trazendo,
Canção do velho e do novo,
Palavras da Tradição,
Eis aqui, minha gente,
Onde nasceu minha canção.
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FADO VIEJO
http://www.revistaiberica.com/Rutas_...fado/fado4.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedi...sta_Lisboa.JPG
Canta un fado un viejo,
En la dulce noche lisboeta,
Viejo que combatió en Angola,
Sin que nadie se lo agradezca,
Próximo a la Praça Rossio,
Entona su tristeza sentida,
Amargura del sabio,
Que sabe a despedida,
Piensa en las tabernas de Alfama,
Conjurando al vino verde,
Un nudo en la garganta ahoga,
Al viento rasgado y crujiente,
Llama antigua y brillante,
Llama lírica portuguesa,
Llama peninsular potente,
Que los océanos atraviesa,
La voz del fado viejo,
Aún no se tambalea,
Porque el quejido del pobre anciano,
Empuña una voz verdadera,
Al calor del tranvía,
En la nostalgia hiriente,
El portugués olvidado,
Saudoso y doliente,
Abriga en su viejo fado,
Amores fuertes de la vida,
De Sardinha escoge una letra,
Va enseñando su herida,
Fado viejo en la noche,
En la noche de la soledad,
Viejo de mirada desnuda,
Tierno pregón de libertad,
Y aún abre una esperanza,
En Lisboa el viejo fado,
Con las cuerdas temblorosas,
De su apreciada guitarra,
La esperanza del carisma,
Que el viejo fado guarda,
La esperanza de Portugal,
Que es vecino de España.
http://i3.ytimg.com/vi/njLJ-QPOK-Q/default.jpg
Respuesta: Inmenso Portugal
LUSA VIAGEM
http://upload.wikimedia.org/wikipedi...rtugal.svg.png
http://upload.wikimedia.org/wikipedi...ag1485.svg.png
Quentes costas africanas,
Ate Goa, Macau, Timor...
Depois da Reconquista,
Desejo marinho e conquistador,
E o imenso Brasil,
E aqueles padrôes,,
Deixados no ponto luz,
Para mais belas recordaçôes,
Viagem lusa pelo mundo,
Viagem das quinas ensinadas,
Viagem de beijo do céu,
Viagem das próprias Lusiadas,
Desde Lisboa e dos Algarves,
Um porto sempre por achar,
Desde Madeira e Açores,
Tudo é viagem: Portugal,
Lusitana viagem,
Lusitana paixâo,
Histórica vontade,
De alguma soluçâo,
O nevoeiro da ventura,
Fica com o Rei Dom Sebastiâo;
Alma de Santo António,
E de Deus, Sâo Joâo,
A alma portuguesa,
Está na viagem,
Está nas ondas,
Está na bagagem,
A lusa viagem é,
O fado renascido,
Que vem com belo ar,
De imperial patrício,
Oxalá seja tua viagem,
Em irmandade hispânica, Portugal,
Sabes, vizinho na alma,
Que isso vou desejar,
Agora ! É a hora !
Nao é hora do fingidor,
É hora da lusa viagem,
É hora do português coraçâo.
* Correcciones pertinentes a cargo del amigo " Irmâo de Cá "; disculpen de todas formas, pues mi teclado carece de la grafía completa correspondiente para la bella lengua portuguesa.
Respuesta: Inmenso Portugal
DESPERTA PORTUGAL !
http://www.klepsidra.net/klepsidra3/guararapes.jpg
Desperta Portugal,
Desperta teu coração,
Desperta tua cabeça,
Desperta tua razão,
Desperta, nação marinheira,
Que teus filhos desejam dizer:
" Orgulhosamente nós ! ";
Todo o povo português,
Desperta a tua coragem guerreiro,
Desperta, cristão universal,
Desperta teu fogo,
De pátria tradicional,
Desperta com uma canção,
Que faça de teu lirismo,
Uma bandeira sentimental,
Com fundo de heroísmo,
Desperta, Senhor do Atlântico,
Desperta, alma de descobridores,
Desperta, e nao morras,
Desperta, cavaleiro monge,
Desperta por tuas crianças,
Já assaz grande é o mal,
Desperta, irmão vizinho,
Desperta, Portugal,
Desperta pela Fé,
Que Deus ficará contente,
Eu, como espanhol quero-te,
Quero-te como sempre,
Pela aliança peninsular,
Com Sardinha falo-te,
As duas pátrias em liberdade,
Como o toiro perto do monte,
Dos mais importantes homens,
Aos vagabundos,
Desperta Portugal !
Desperta ante o mundo !
* Nuestro agradecimiento por las correcciones pertinentes y la grafía portuguesa aportada por Sagrada Hispania
Respuesta: Inmenso Portugal
Fernando Pessoa - Mensagem
Benedictus dominus deus
noster qui dedit nobis
signum.
Primeira Parte
Brasão
Bellum sine bello
I
Os Campos
Primeiro
O dos Castelos
A Europa jaz, posta nos cotovelos:
De Oriente a Ocidente jaz, fitando,
E toldam-lhe românticos cabelos
Olhos gregos, lembrando.
O cotovelo esquerdo é recuado;
O direito é em ângulo disposto.
Aquele diz Itália onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta, em que se apoia o rosto.
Fita, com olhar 'sfíngico e fatal,
O Ocidente, futuro do passado.
O rosto com que fita é Portugal.
8-12-1928
Segundo
O das Quinas
Os Deuses vendem quando dão.
Compra-se a glória com desgraça.
Ai dos felizes, porque são
Só o que se passa!
Baste a quem baste o que lhe basta
O bastante de lhe bastar!
A vida é breve, a alma é vasta:
Ter é tardar.
Foi com desgraça e com vileza
Que Deus ao Cristo definiu:
Assim o opôs à Natureza
E Filho o ungiu.
8-12-1928
II
Os Castelos
Primeiro
Ulisses
O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.
Segundo
Viriato
Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memória em nós do instinto teu.
Nação porque reencarnaste,
Povo porque ressuscitou
ou tu, ou o de que eras a haste -
Assim se Portugal formou.
Teu ser é como aquela fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.
22-1-1934
Terceiro
O Conde D. Henrique
Todo começo é involuntário.
Deus é o agente.
O herói a si assiste, vário
E inconsciente.
À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
"Que farei eu com esta espada?"
Ergueste-a, e fez-se.
Quarto
D. Tareja
As nações todas são mistérios.
Cada uma é todo o mundo a sós.
Ó mãe de reis e avó de impérios,
Vela por nós!
Teu seio augusto amamentou
Com bruta e natural certeza
O que, imprevisto, Deus fadou.
Por ele reza!
Dê tua prece outro destino
A que fadou o instinto teu!
O homem que foi o teu menino
Envelheceu.
Mas todo vivo é eterno infante
Onde estás e não há o dia.
No antigo seio, vigilante,
De novo o cria!
24-9-1928
Quinto
D. Afonso Henriques
Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como bênção!
Sexto
D. Dinis
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
9-2-1934
Sétimo (I)
D. João o Primeiro
O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.
Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.
Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repele, eterna chama,
A sombra eterna.
12-2-1934
Sétimo (II)
D. Filipa de Lencastre
Que enigma havia em teu seio
Que só génios concebia?
Que arcanjo teus sonhos veio
Velar, maternos, um dia?
Volve a nós o teu rosto sério,
Princesa do Santo Gral,
Humano ventre do Império,
Madrinha de Portugal!
26-9-1928
Respuesta: Inmenso Portugal
Carta de Fernando Pessoa ao Conde Hermann von Keyserling.
Que Portugal crê ter visto? Que Portugal crê ter podido ver? Existem três, e tudo está aí. A Alma portuguesa - o que quer que seja da alma humana em geral - é tripla, e o senhor só a poderá compreender, compreendendo-as. Melhor dizendo: poderá compreender duas - a primeira e a terceira; [...]
Existem três Portugal. Um nasceu com o próprio país: é esta alma do território, emotiva sem paixão, clara sem lógica, enérgica sem sinergia, que encontrará no fundo de cada português, e que é verdadeiramente o reflexo espelhante deste céu azul e verde cujo infinito é maior perto do Atlântico. O terceiro Portugal, que poderá encontrar à superfície dos portugueses visíveis, é o que, desde a curta dominação espanhola, e durante todo o decurso inanimado da dinastia de Bragança, da sua decomposição liberal, e da República, formou esta parte do espírito português moderno que está em contacto com a aparência do mundo. Esta terceira alma portuguesa não é senão o reflexo do estrangeiro mal compreendido; segue a civilização como uma criança segue o estrangeiro que passa, por hipnose, não do homem, mas apenas do seu caminhar.
[...]
Respuesta: Inmenso Portugal
Ola irmao de ca, alem destos poemas tao fixes e emotivos, quero pregumtar-te una coisa que e possivel que ja pregumtaram, mas nao vi. O escudo que tens, medio portugues e meio coroa de Aragao que é ? obrigado amigo.
Respuesta: Inmenso Portugal
Cita:
Iniciado por
CRUZADO
Ola irmao de ca, alem destos poemas tao fixes e emotivos, quero pregumtar-te una coisa que e possivel que ja pregumtaram, mas nao vi. O escudo que tens, medio portugues e meio coroa de Aragao que é ? obrigado amigo.
Olá, amigo Cruzado! Tenho-te visto menos por aqui... que bom, poder cumprimentar-te!:) Pois o escudo que referes é o da Rainha Santa Isabel de Portugal, nascida Infanta de Aragão (não se sabe se em Pamplona se em Barcelona) que é a Santa Padroeira da minha cidade: Coimbra. Tens aqui um fio informativo em castelhano:
http://hispanismo.org/aragon/9381-re...70-1336-a.html
e em português
http://hispanismo.org/portugal/7932-...eninsular.html
Um abraço, amigo:barretina:
Respuesta: Inmenso Portugal
Respuesta: Inmenso Portugal
Respuesta: Inmenso Portugal
Cita:
Iniciado por
Toronjo
Excelente poesía Torojo, gracias. No conocia la obra de este poeta.
Respuesta: Inmenso Portugal
Obrigado Irmao de Ca. É emotivo ver que dao-se outra amostra mais da vinculaçao entre os povos da velha Hispania.
Respuesta: Inmenso Portugal
INMENSO PORTUGAL
http://www.colegiosaofrancisco.com.b...portugal-3.gif
http://www.clanamaral.com/images/Bla...-1385-1481.jpg
Atando cabos,
Deshaciendo nudos,
Desafiando a lo imposible,
Uniendo el mundo,
Y fue reconquistar Ceuta,
Y fue bordear el África,
Y fue llegar a la India,
China, Japón, ¡ Asia !
Y fue el americano Brasil,
Y fue el Timor Oriental,
Una esfera coronada por la Cruz,
Quinas de Avís: Portugal,
Se halla la noble Lusitanidad,
Por todos los rincones del mundo,
La Cruzada de los mares,
El evangelio fecundo,
Y precisamente eso,
Es lo que no pudieron soportar,
Las hipócritas potencias,
Del nuevo orden mundial,
Que sus colonias conservan,
Sin que rechistar se permita,
Y guerra global hicieron,
Al Portugal que hoy agoniza,
Nunca aceptaron su regeneración,
Nunca aceptaron su estabilidad,
Como no aceptaron a España,
No aceptaron a Portugal,
Aquellos que en sus países,
Segregaban a los negros,
Aquellos cuya historia se escribe,
Con piratería y enredos,
Y es que los hay más iguales que otros....
Y Portugal estorbaba en sus planes,
Pero dime, nación hermana,
¿ No es hora de que te levantes ?
Pues tu gloria habla por sí sola,
Has de tener quien te defienda,
Bartolomeu Dias, Vasco da Gama,
O Diogo Cao aún te alientan,
Como debe alentarte aún,
La gesta de Marcelino da Mata,
Como el heroísmo todo de ultramar,
Valientes contra la traición a la patria,
No caigas en falsos olvidos,
Reivindica con ardor tu legado,
Vuelve por tus fueros, Portugal,
Por lo católico y lo hispano.
Respuesta: Inmenso Portugal
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens.
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira.
Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo.
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando.
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
0 mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num paço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
0 seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena; Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.
Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
0 dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra ,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou á janela.
0 homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(0 Dono da Tabacaria chegou á porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da tabacaria sorriu.
Respuesta: Inmenso Portugal
Amigo Toronjo, quien es el poeta brasileño que escrebio este poema?:)
Respuesta: Inmenso Portugal
Cita:
Iniciado por
Irmão de Cá
Amigo Toronjo, quien es el poeta brasileño que escrebio este poema?:)
Amigo Irmão, el poeta es Fernando Pessoa.
Un saludo
Respuesta: Inmenso Portugal
Ui :eek:... es la versión que es brasileña entonces...
Respuesta: Inmenso Portugal
Cita:
Iniciado por
Irmão de Cá
Ui :eek:... es la versión que es brasileña entonces...
Amigo Irmão, te la mando en version española.
Un abrazo
Tabacaria
No soy nada.
Nunca seré nada.
No puedo querer ser nada.
A parte de eso, tengo en mi todos los sueños del mundo.
Ventanas de mi cuarto,
De mi cuarto entre los millones del mundo que nadie sabe cual es.
(Y si supiese cual es ¿Qué sabrían?)
De ahí hacia el misterio de una calle cruzada constantemente por gente,
Hacia una calle inaccesible a todos los pensamientos,
Real, imposiblemente real, cierta, desconocidamente cierta,
Con el misterio de las cosas por debajo de las piedras y de los seres,
Con la muerte poniendo la humedad en las paredes y cabellos blancos en los hombres,
Con el Destino conduciendo la carroza de todo por la carretera de nada.
Estoy hoy vencido, como si supiese la verdad.
Estoy hoy lúcido, como si estuviese moribundo,
Y no tuviese mas hermandad con las cosas
Si no una despedida, tornándose esta casa y este lado de la calle
La hilera de carruajes de un comboy. Y una partida estridente
Desde dentro de mi cabeza,
Y un temblor de mis nervios y un rechinar de huesos en la ida.
Estoy hoy perplejo como quien pensó y encontró y olvidó.
Estoy hoy dividido entre la lealtad que debo
Al Estanco del otro lado de la calle, como cosa real por fuera,
Y a la sensación de que todo es sueño, como cosa real por dentro.
Erré en todo.
Y como no hice ningún intento, tal vez todo fuese nada.
El aprendizaje que me dieran,
Descendí de él por la ventana trasera de la casa.
Fui hasta el campo con grandes propósitos.
Mas allá encontré sólo hiervas y árboles,
Y cuando había gente era igual a la otra.
Salgo de la ventana, me siento en una silla. ¿Qué pensar?
¿Qué sé yo lo que será de mí, yo que no sé lo que soy?
¿Ser lo que pienso? ¡Pero pienso ser tantas cosas!
¡Y hay tantos que piensan ser la misma cosa que no puede haber tantos!
¿Genio? En este momento
Cien mil cerebros se piensan en sueños genios como yo,
Y la historia no señalará ¿Quién sabe? , ni uno,
Ni habrá sino ensueño de tantas conquistas futuras.
No, no creo en mí.
¡En todos los manicomios hay quejosos locos con tantas certezas!
Yo, que no tengo ninguna certeza ¿Estoy más cierto o menos cierto?
No, no creo en mí...
¿En cuantas buhardillas y no buhardillas del mundo
No están en esta hora genios-para-si mismos soñando?
Cuantas aspiraciones altas y nobles y lúcidas
Sí, verdaderamente altas y nobles y lúcidas -,
¿Y quien sabe si realizables,
Nunca verán la luz del sol real ni encontrarán oídos de gente?
El mundo es para quién nace para conquistarlo
Y no para quién sueña que puede conquistarlo, aunque tenga razón.
Tengo soñado más que lo que Napoleón hizo.
Tengo apretado contra el hipotético pecho más humanidades que Cristo,
Tengo hecho filosofías en secreto que ningún Kant escribió.
Mas soy, y tal vez seré siempre, el de la buhardilla,
Aunque no viva en ella;
Seré siempre el que no nació para eso;
Seré siempre sólo el que tenía cualidades;
Seré siempre el que esperó a que le abriesen la puerta al pie de una pared sin puerta
Y cantó la canción del Infinito en un gallinero,
Y oyó la voz de Dios en un pozo tapado.
¿Creer en mí? No, ni en nada.
Me derramé la Naturaleza sobre la cabeza ardiente
Su sol, su lluvia, el viento que me encuentra el cabello,
Y el resto que venga si viene, o tuviera que venir, o no venga.
Esclavos cardíacos de las estrellas,
Conquistamos el mundo entero antes de levantarnos de la cama;
Pero despertamos y él es opaco,
Nos levantamos y él es ajeno,
Salimos de casa y él es la tierra entera,
Más el sistema solar y la Vía Láctea y lo Indefinido.
(Come chocolate, pequeña;
¡Come chocolates!
Mira que no hay más metafísica en el mundo sino los chocolates.
Mira que todas las religiones no enseñan mas que confitería.
¡Come, pequeña sucia, come!
¡Si pudiese yo comer chocolates con la misma verdad con que comes!
Mas yo pienso y, al tirar el papel de plata, que es de hojas de estaño,
Tiro todo al suelo, como tengo tirado la vida)
Pero al menos queda la amargura de lo que nunca seré
La caligrafía rápida de estos versos,
Pórtico partido para el Imposible.
Mas al menos consagro a mí mismo un desprecio sin lágrimas.
Noble al menos en el gesto largo con que arrojo
La ropa sucia que soy, sin rol, para el decurso de las cosas,
Y me quedo en casa sin camisa.
(Tú, que consuelas, que no existes y por eso consuelas,
O diosa griega, concebida como estatua que estuviese viva,
O patricia romana imposiblemente noble y nefasta,
O princesa de trovadores gentilísima y ruborosa,
O marquesa del siglo dieciocho, escotada y estilizada,
O cocot célebre del tiempo de nuestros padres,
O no sé que moderno no concibo bien el qué
¡Todo eso, sea lo que fuere, que seas, si puede inspirar que inspire!
Todo mi corazón es un vacío despejado.
Como los que invocan espíritus invocan espíritus me invoco
A mí mismo y no encuentro nada.
Llego a la ventana y veo la calle con una nitidez absoluta.
Veo las tiendas, veo las aceras, veo los carros que pasan,
Veo los entes vivos vestidos que se cruzan,
Veo los perros que también existen,
Y todo esto me pesa como una condenación al destierro,
Y todo esto es extranjero, como todo.)
Viví, estudié, amé, y hasta creí,
Y hoy no hay mendigo que yo no envidie solamente por no ser yo.
Miro a cada uno los andrajos y las llagas y la mentira,
Y pienso; tal vez nunca vivieses ni estudiases ni amases ni creyeses
Porque es posible hacer una realidad de todo eso si hacer nada de eso;
Tal vez hayas existido apenas, como un lagarto a quien cortan el rabo
Y que es rabo para este lado del lagarto cuando revueltos.
Hice de mí lo que no supe,
Y lo que podía hacer de mi no lo hice.
El dominó que vestí era errado.
Me conocieron luego por quien no era y no desmentí, y me perdí.
Cuando quise tirar la máscara,
Estaba pegada a la cara.
Cuando la tiré y me vi en el espejo,
Ya había envejecido.
Estaba borracho, ya no sabía vestir el dominó que no había tirado.
Tiré fuera la máscara y dormí en el ropero
Como un perro tolerado por la gerencia
Por ser inofensivo
Y voy a escribir esta historia para probar que soy sublime.
Esencia musical de mis versos inútiles,
Quien me diera encontrarte como cosa que yo hiciera,
Y no me quedase siempre enfrente del estanco de enfrente,
Imprimiendo a los pies una consciencia de estar existiendo,
Como una alfombra en que un borracho tropieza
O un ruedo que los gitanos robaron y no valía nada.
Mas el Dueño del Estanco llegó a la puerta y se quedó a la puerta.
Ojo con el desaliento de la cabeza mal vuelta
Y con el desconsuelo del alma mal-entendiendo.
Él morirá y yo moriré.
Él dejará el letrero, y yo dejaré versos.
En cierto momento morirá el letrero también, y los versos también.
Después de cierto tiempo morirá la calle donde estuvo el letrero,
Y la lengua en que habían sido escritos los versos.
Morirá después el planeta giróvago en que todo esto se dio.
En otros satélites de otros sistemas cualquier cosa como gente
Continuará haciendo cosas como versos y viviendo por debajo de cosas como letreros,
Siempre una cosa enfrente de otra,
Siempre una cosa tan inútil como la otra,
Siempre lo imposible tan estúpido como lo real,
Siempre el misterio del fondo tan cierto como el sueño de misterio de la superficie,
Siempre esto o siempre otra cosa o ni una cosa ni otra.
Pero un hombre entró en el Estanco (¿Para comprar tabaco?),
Y la realidad plausible cae de repente encima de mí.
Me semilevanto enérgico, convencido, humano,
Y voy a intentar escribir estos versos en que digo lo contrario.
Enciendo un cigarro al pensar en escribirlos
Y saboreo en el cigarro la liberación de todos los pensamientos.
Sigo el humo como una ruta propia,
Y gozo, en un momento sensitivo y competente,
La liberación de todas las especulaciones
Y la consciencia de que la metafísica es una consecuencia de estar mal dispuesto.
Después me hecho para atrás en la silla
Y continuo fumando.
En cuanto el Destino me lo conceda, continuaré fumando.
(Si yo me casase con la hija de mi lavandera
Tal vez fuese feliz.)
Visto esto, me levanto de la silla. Voy a la ventana.
El hombre salió del Estanco (metiendo el cambio el bolsillo de los pantalones)
Ah, lo conozco: es el Esteves sin metafísica.
(El Dueño del Estanco llegó a la puerta.)
Como por un instinto divino el Esteves se volvió y me vio.
¡Me gesticuló un adiós le grité Adiós al Esteves!, y el universo
Se me reconstruyó sin ideal ni esperanza, y el Dueño del Estanco sonrió.
FERNANDO PESSOA