D. Vital e a Resistência Católica no Brasil.




Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira


Houve no Brasil, durante o período imperial; precisamente durante o segundo reinado – D. Pedro II – um período em que o governo – impulsionado por suas eminências pardas – se voltou em uma violenta perseguição contra os católicos. Historicamente, esse período violento ganhou um escamoteado apelido: “questão religiosa”. A chamada “questão religiosa” teve seu ápice precisamente na década de 1870. Vejamos, pois, como ocorreu e quem foram as pessoas envolvidas no conflito em ambos os lados:

O Visconde do Rio Branco, presidente do Conselho de Ministros e grão-mestre da maçonaria foi o orquestrador das perseguições, contando com uma dócil conivência do próprio Imperador D. Pedro II.
Diante disso, levantaram-se então, primeiramente, Dom Pedro Maria de Lacerda – Bispo do Rio de Janeiro –, Dom Vital de Oliveira – Bispo de Olinda – e Dom Antônio de Macedo Costa – Bispo do Pará, cujas medidas tomadas foram a suspensão de ordens e diversas intervenções contra clérigos ligados à maçonaria. Todavia, a participação de D. Vital assumiu maior destaque, levando-o, inclusive, ao cárcere, dentre outros ultrajes.
Após o levante dessas autoridades eclesiásticas, as perseguições se intensificaram culminando com uma ordem de prisão e trabalhos forçados contra D. Vital e D. Antônio. O Imperador, pressionado, mandou relaxar a pena para um encarceramento simples (que alma generosa!), sendo, somente D. Vital levado ao cárcere.
O fato comoveu enormemente os católicos de todo o Brasil e países vizinhos, chegando a merecer atenção do próprio Papa que censurou D. Pedro II publicamente.


Dom Pedro II recebe reprimenda de Beato Pio IX
por seu comportamento liberal e aliança com a maçonaria.

Pressionados, D. Pedro II e Rio Branco, armaram um julgamento fajuto na suprema corte - até então Supremo Tribunal de Justiça, de tal maneira que tal qual Nosso Senhor o julgamento foi todo uma farsa com requintes de crueldade e direito a um “judas particular” na pessoa de um dos advogados de D. Vital, o senador liberal Zacarias de Goes. (Qualquer semelhança com dias menos distantes não será mera coincidência!)
Coube, pois, ao Nobilíssimo Senador Cândido Mendes de Almeida – grande católico brasileiro – fazer o que podia; contudo, a sorte de D. Vital já estava previamente decidida. Não obstante, O povo acorreu a D. Vital, e lhe fazia visitas às multidões, estando, inclusive a Princesa Da. Isabel, a Redentora, ao seu lado. Diante de tal cenário, D. Pedro II, acuado, foi forçado a anistiar os Bispos e a substituir o gabinete do Visconde do Rio Branco pelo de Duque de Caxias. Este no final das contas, não era modelo de católico, mas tão pouco era um rapineiro como Rio Branco. Há quem diga que ele era um homem em conflito com a fé e que no fim de sua vida converteu-se. O fato é que na ocasião exigiu de D. Pedro II que os Bispos fossem anistiados.
Dito isso, saibamos um pouco mais sobre esses nobres defensores da fé nesta Terra de Santa Cruz:






Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira, OFM Cap, (Itambé, 27 de novembro de 1844 — Paris, 4 de julho de 1878) foi um frade capuchinho, bispo católico, foi o 20º bispo de Olinda. Herói da perseguição religiosa no Brasil!
Nome de batismo: Antônio Gonçalves de Oliveira Júnior, recebeu a ordenação presbiteral no dia 2 de agosto de 1868, aos 23 anos. Foi designado por Dom Pedro II, Imperador do Brasil, para ser bispo de Olinda, no dia 21 de maio de 1871, aos 26 anos. (O Império Brasileiro, cerceava pois os direitos da Santa Igreja)
Recebeu a ordenação episcopal no dia 17 de março de 1872, pelas mãos de Dom Pedro Maria de Lacerda.
Célebre afirmação:


"Peçam-nos o sacrifício de nossos cômodos; peçam-nos o sacrifício de nossas faculdades, peçam-nos o sacrifício de nossa saúde; peçam-nos o sangue de nossas veias... Mas pelo santo amor de Deus não nos peçam o sacrifício de nossa consciência, porque nunca o faremos. Sic nos Deus adjuvet. Nunca!" Dom Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira



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Cândido Mendes de Almeida, Comendador da Ordem de São Gregório Magno.
Nasceu em São Bernardo dos Anapurus, no Maranhão, em 14 de outubro de 1818 e faleceu no Rio de Janeiro, 1 de março de 1881.
Foi um advogado, jornalista e político brasileiro, tendo sido deputado geral em 5 legislaturas e Senador do Império do Brasil de 1871 a 1881, pelo estado do Maranhão.
Foi merecedor da Comenda da Ordem de São Gregório Magno, sendo essa uma das cinco ordens pontifícias da Santa Igreja. Segue a Ordem Piana e tem precedência sobre a Ordem de São Silvestre Magno.
A Ordem de São Gregório Magno é uma ordem conferida tanto a homens, quanto a mulheres, em reconhecimento a seus serviços à Santa Igreja, feitos notáveis, de apoio à Santa Sé e ao bom exemplo dado à sociedade. Aos militares é conferida aos que tenham o grau mínimo de major. Determina o privilégio de que seu titular seja saudado pela Guarda Suíça do Vaticano, tendo precedência sobre a Ordem de São Silvestre Magno, Ordem de Malta e Ordem do Santo Sepulcro. Os cavaleiros da classe Grã-cruz de 1º classe recebem tratamento de Sua Excelência.
O mote da ordem é Pro Deo et Principe.
O decreto inicial determina que, em parte, “cavalheiros de lealdade provada à Santa Sé que, por razões de nobreza de nascimento e renome de seus feitos ou grau de sua , são merecedores de ser honrados por uma expressão pública de estima por parte da Santa Sé”. Ao final, conclui que os galardoados devem progressivamente manter, por méritos contínuos, a reputação e confiança já inspirada, provando-se merecedores da honraria, servindo a Deus e ao pontífice. A honraria não se mantém por nenhuma obrigação particular à Igreja.
Insígnia:
Cruz de oito pontos, figurando São Gregório Magno no anverso e, no reverso, o mote Pro Deo et Principe. Sustentada por uma fita vermelha com orlas douradas. Na heráldica eclesiástica, a grã-cruz é representada com sua fita circundando o brasão, ao passo que os ranques inferiores mostram apenas o distintivo pendurado pela fita abaixo do escudo.