Tenente-Coronel Brandão Ferreira explica o significado e a especificidade do Império Português e a justiça da Guerra Colonial.
Foi no programa da RTP1 Prós e Contras( apresentado pela jornalista Fátima Campos Ferreira ), faz um tempo.
Segue o vídeo( em português ), onde é desmascarada a difamação histórica do Império Português.



Para aqueles que tiverem dificuldade de entender o português falado, vou transcrever parte do diálogo em português escrito para facilitar o entendimento.

Brandão - Bom é preciso começar por dizer que nós andamos nessas coisas do ultramar durante 600 anos, e que esta última campanha que se fez de soberania e de apoio às populações e às entidades legais lá, porque ninguém nos declarou guerra, foi apenas o último elo que começou com a ida às Canárias em 1340.
É preciso ter essa perspectiva para não julgarmos isso mal.
Isto é pra dizer que esta questão do ultramar é uma questão nacional.
Nunca foi uma questão de regime, nem dos liberais, nem dos absolutistas, nem dos ateus e nem dos maçons.
Isto foi sempre uma questão nacional e só deixou de ser uma questão nacional muito perto do fim da descolonização.
Porque até essa data havia uma grande unidade nacional desde o tempo em que nós fomos às Canárias a primeira vez em 1340.
Fátima- Mas como quer que aos olhos de hoje, com o xadrez internacional que conhece hoje pudesse manter ( o ultramar ), que utopia seria essa?
Brandão - Muito bem, que utopia nenhuma é até um ideal da humanidade.
Porque hoje em dia vesse defender na televisão por exemplo o multiculturalismo na União europeia.
Quer dizer nós devemos receber todos os senhores que vêm de África, ou do oriente, ou arabes; mas o contrario já não é verdadeiro.

Esse multiculturalismo já não é defendido em África, nem em Birmânia, nem em outro lado qualquer.
É só na Europa, é só os europeus é que têm esse dever, mais ninguém.
Isto é muito perigoso, e não é justo.
E nós estavamos a fazer isto já lá ia para 600 anos, porque isto tem haver com a especificidade da colonização portuguesa, que não tem paralelo nem pode ser posta da mesma maneira que todas as outras colonizações que houve; nem com a espanhola, nem com a francesa, nem com a inglesa, nem muito menos com a holandesa.
E é preciso dizer isto claramente. Depois a história é geralmente sempre escrita pelos vencedores, e não tem havido em portugal direito ao contraditorio, porque se decretou uma serie de mitos a partir de 1974 e 1975.
E esses mitos têm vigorado até hoje, e vou tentar elencar alguns.
Antes disso queria, porem já agora, aquilo que que o senhor Joaquim Furtado disse relativamente à questão do ultramar é importante dizer vem muito mais atrás. Essa questão dos termos colónia ou ultramar só tiveram importância a seguir a 1974 e 1975, porque antes disso todas as pessoas em portugal encaravam os termos naturalmente, e foi assim sempre que aconteceu.
Porque nós quando pisamos a primeira vez o pé em África, que foi em Ceuta 1415, chamamos aquilo uma praça, não chamamos aquilo colónia nem província.
Brandão - Então havia a designação de praças.
Oiça, antigamente o Rei de Portugal era Rei de Portugal e dos Algarves, o Reino do Algarve era um reino independente do resto.
Nós demos nomes variadissimos : eram fortalezas, eram praças....
E até o Estado da India na constituição de 1933 era um estado.
E quando fizeram a revisão 1971, salvo o erro, Angola e Moçambique passaram a ter a categoria de estado, que em termos de ciencia politica é a maior autonomia que há antes da independencia.
Fátima - Mas toda essa situação não era identica a dos outros impérios que tinham colónias, o caso do Reino Unido, o caso da França ...?
Brandão - Como eu lhe disse a nossa colonização , e isso dava outro programa, não tem nada a haver com aquilo que os outros senhores fizeram, podiamos tentar definir e classificar as diferenças... [...]
O objetivo é saber se a guerra era justa ou não era justa, e quem é que tinha razão?
Fátima- E no seu entender era justa ?
Brandão- Nós tinhamos toda a razão, e a justiça estava toda do nosso lado.
E eu defendo isto em qualquer parte do mundo, porque eu não tenho medo de ninguém.
E primeiro porque era justa ? A guerra era justa em primeiro lugar porque aquilo era nosso de facto , muito nosso, então não há razão nenhuma para aquilo não ser nosso.
E ainda hoje não há razão nenhuma para em termos de comparação, porque é que a Rússia pode ter os territórios todos que colonizou até ao pacifico, e nós não podemos ter Angola?
Foi porque nós fomos de barco e eles foram a cavalo?
Porque que os Estados Unidos podem ter o Alasca que compraram ou Porto Rico, que ainda hoje tem um estatuto indefenido, Porquê ?
E nós não podemos ter?
Porque só São Tomé e Cabo Verde podem ser independentes, e a Madeira e os Açores não podem?
Quando nós descrobrimos tavam todos desabitados, fomos nos que colonizamos tudo.
O termo colonização não tinha uma conotação depreciativa, só passou a ter uma conotação depreciativa a seguir à Segunda Guerra Mundial, porque se enviezou o termo para o tornar com má conotação, chamando-lhe colonialismo e não colonização.
Aliás quero dizer que mesmo em Portugal até 1966 havia um organismo do estado que se chamava Junta de Colonização Interna.
Portanto esses termos não nos assutavam, porque eram naturais em nós.
E portanto inventaram-se uma serie de mitos.

Conclusão ( minha visão ) :
1
-Os termos colónia no Império português nunca tiveram uma conotação depreciativa.
Podemos chegar até a afirmar que Portugal nunca teve colónias( no sentido moderno do termo).
2-O que os portugueses e espanhois( neste ponto discordo do tenente-coronel, pois não considero os espanhois maus colonizadores ) fizeram em suas colónias não tem nada haver com o que França, Inglaterra e Holanda fizeram.
3- A história é escrita pelos vencedores. Logo, explica-se o porquê Portugal e Espanha são tão difamados, inclusive em suas ex-colónias.
4-A Questão do Ultramar sempre foi uma questão nacional de Portugal, e nunca estave atrelado a questões meramente políticas.
Conclui-se portanto, que o que se deu nas Colónias foi maior traição a Portugal em toda a sua história.
5-Foram 500 anos de ocupação desses territórios.
Portanto os portugueses tinham o direito legitimo de ter aqueles territórios, ao contrario da França e da Inglaterra que só o cuparam de facto no século xix.
6-A Rússia, até hoje tem os territórios que colonizou na Sibéria, e ninguém fala nada.
Além disso temos o caso dos Estados Unidos que ROUBOU território Mexicano , e portanto deveria devolver ao México, além de devolver o alasca à Russia, e Porto Rico à Espanha.
7-Além disso, vesse a hipocrisia que França e Inglaterra, acusavam o colonialismo português.
Esses países até hoje possuem territórios ultramarinos,e não têm nehuma moral pra ensinar o que é humanidade e compaixão ao portugueses, vide o que fizeram em seus impérios coloniais.
Alias, pode-se até afirmar que são os últimos Impérios Coloniais do Mundo.
8- Quem primeiro habitou São Tomé e cabo Verde foram portugueses, e estas ilhas tornaram-se independentes.
O que é algo irônico.