Aprofunda-se a revolução

SPES

Refere-se o título deste breve escrito às manifestações maciças, violentas e caóticas (até sem objeto nem liderança claros) que vêm sacudindo não só o Brasil, mas o mundo. Como porém entender de modo perfeitamente católico a revolução e seu aprofundamento?
1) Antes de tudo, em sentido latíssimo, a revolução deve entender-se como a revolta contra Deus. É o “non serviam”. Neste sentido, portanto, cada pecado mortal é uma rebelião contra Deus e sua Lei (tanto a Natural como a Divina Positiva).
2) Em sentido mais estrito, todavia, ou seja, a revolução tem um marco inicial na história após o ápice da Cristandade: a afronta de Filipe, o Belo, ao Papa Bonifácio VIII. A partir daí, aprofunda-se progressivamente a revolução, processo, que obviamente não só não escapa ao desenho da Providência – é justamente o processo que levará ao fim dos tempos –, mas ainda tem marcos claros, cada vez mais agudos. Eis alguns deles:
a) após a referida afronta, o Humanismo e o Renascimento, quando começa a perfilar-se a religião do homem;
b) a “Reforma” luterana e a fratura grave que causa na Cristandade, que porém ganha algum fôlego com os efeitos do Concílio de Trento e com a chamada Cristandade Menor, ou seja, a América Hispânica;
c) o Puritanismo calvinista, com cuja “ética” se forja, como perfeitamente o viu Max Weber, o espírito do capitalismo;
d) a Revolução Industrial inglesa, seu enclosure (cercamento) e a consequente ruína da economia doméstica (e da família);
e) a sanguinária Revolução Francesa, seu ódio à Igreja e a qualquer ordenação do estado a ela; seu liberalismo e democratismo, com a consequente liberdade para o mal; e sua Lei de Le Chapelier, que aprofunda o sucedido na Revolução Industrial Inglesa e, proibindo as corporações de ofício, torna o operariado massa amorfa a serviço da produção;
f) a crudelíssima Revolução Comunista, em verdade um prosseguimento de um dos princípios da Revolução Francesa: a igualdade (e lembremos que o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” é uma contrafação e inversão diabólica das três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade);
g) o abominável Concílio Vaticano II, que, como golpe de mestre de Satanás, e entre outras coisas nefastas, lançou a pá de cal na Cristandade;
h) o imundo Maio de 68 francês com seu “É Proibido Proibir”, que em verdade quer dizer “É Obrigatório Desobedecer”;
i) por fim, os grosseiros e caóticos (e como acéfalos) movimentos de massa como o que vem transtornando o Brasil e o mundo, os quais são consequência não só de todos os marcos referidos, mas ainda da Internet e suas “redes sociais”.
3) Vê-se pois que o modo católico de entender a revolução não é de modo algum caudatário do liberalismo e suas noções (liberdade, democracia, ditadura, direita-esquerda, etc.). Mais que isso, todavia. Diante da revolução vitoriosa e sua marcha para o reinado do Anticristo, não devemos senão fazer o que nos ensinaram os Apóstolos e todos os Santos: rezar a Cristo pedindo-lhe “Vinde, Senhor, mas vinde logo”. A nossa Pátria é a Jerusalém Celeste.

Em tempo: Tanto os movimentos maciços caóticos que vêm assolando o Brasil são um aprofundamento da revolução, que os vemos voltar-se contra o principal prefeito do PT (Haddad, São Paulo) e até contra o ministro dos Esportes, o comunista (PC do B) Aldo Rebelo. Eis o lema de tais movimentos, resumido pelo líder gay do PSOL: “Abaixo o PT e o PSDB”. E de modo algum é católica a postura de querer tal convulsão social para fazer acabar com a era PT. Para entendê-lo, e como para bom entendedor até meia parábola basta, vejamos o que conta Santo Tomás de Aquino em seu De Regno (citamo-lo de memória):

Em Siracusa governava um cruel tirano. Este, a quem todos queriam matar, soube porém que uma velhinha rezava para que ele não fosse morto nem deixasse o poder. Chamou-a, intrigado, e perguntou-lhe por que fazia aquilo, enquanto todos o queriam morto. Disse ela: “Quando eu era pequena, rezei para que um tirano fosse deposto e morto. Entrou um pior. Quanto mocinha, rezei para que a este acontecesse o mesmo que ao primeiro. Entrou um pior ainda. E assim ao longo de toda a minha vida. Agora rezo para que o senhor não caia nem morra, para que não o substitua um tirano ainda mais cruel.

SPES - Santo Tomás de Aquino