Sobre o Nacionalismo, o Patriotismo e sua Justa Dimensão








Frederico de Castro



1 – Apresentação do Problema.


Que dizer sobre o patriotismo e o nacionalismo? Para o comum do povo parece que estamos cuidando de algo que não carece de maiores explicações. Diriam, todavia, alguns mais apressados, tratar-se do amor que se tem, ou que se deveria ter, à pátria e o civismo que lhe corresponde, mas falar apenas isto seria extremamente pobre e não alcançaria o problema de fundo que se trata justamente da perda que esta distinção causa à vida das pessoas.

Todos nós sabemos desde bem novos, e somos instados a isso por nossas famílias, pelo estado e pela própria Igreja, que devemos amar o país em que nascemos. Mas por que isso? Com efeito não é algo destituído de importância e a própria Santa Madre Igreja nos ensina isso como um dever; e um dever cujo zelo deve ser tão grande que ela própria criou no passado uma instituição que cuidasse atentamente de dirigir ações nesse sentido, a saber: a Cavalaria (ao final presenteamos o leitor com o código da cavalaria e um belo vídeo que homenageia esse código). Mas o que justifica tal atitude? Afinal, que realmente importa e que extensão deve assumir esse amor e esse dever?

Ora, comecemos pelo que vem a ser o mais óbvio: é impossível amar algo que não se conhece. Isso é bastante óbvio para nós católicos, mas é preciso dizê-lo, pois a mente já atordoada pelo pensamento contemporâneo já acredita ser possível amar o desconhecido. E que não se venha dizer que Deus é desconhecido, pois um tal argumento se deve antes à incredulidade e à dureza do coração e se tivéssemos que discorrer sobre esse tema específico agora nos desviaremos do foco e do objeto desta dissertação. Para eventuais leitores que ainda tem dúvidas sobre esse tipo de questão recomendamos a leitura dos seguintes links:


Sobre as Provas da Existência de Deus à Luz da Ciência Natural Moderna


SPES - Santo Tomás de Aquino: Sobre as Provas da Existência de Deus à Luz da Ciência Natural Moderna


“Se Deus existe”, por Santo Tomás de Aquino


SPES - Santo Tomás de Aquino: “Se Deus existe”, por Santo Tomás de Aquino



Por ser assim, fica então bem nítido que é preciso conhecer e ter bastante claros os conceitos as conceituações adstritas ao tema e, notadamente as de pátria, nação, estado. Novamente os simplistas e os incautos diriam: é o país. Pois bem, não o é; ou não o são, sendo o que se verificará logo em seguida:


Pátria: é uma sociedade cujo vínculo de união é a cultura, a língua e em grande parte as relações de parentesco, e que se vincula historicamente a um determinado território, mas não necessariamente.


Estado: é uma organização política. É uma estrutura corporativa de autoridade responsável pelo governo de uma população, ou seja, pela permanência da situação de convivência de um certo número de pessoas, normalmente constituídos por descendentes de uma mesma pátria.


Antes de prosseguir é preciso explicar que estamos nos utilizando de termos chamados equívocos, ou seja, que assumem mais de um significado dependendo do contexto em que estejam inseridos. Nesse sentido, deixamos logo abaixo a conceituação contemporânea da academia para que se entenda sobre o que estamos falando:


Estado: segundo o que se entende nos dias de hoje, significa uma pessoa jurídica de direito público internacional e, portanto, o conjunto da organização política e administrativa de um determinado país e nada mais.


Nação: também podendo ser chamada de pátria nesse sentido, representa apenas o conjunto do povo ou da população (alguns estudiosos fazem também essa distinção) esteja ou não inserida no contexto do território. Alguns dirão que Pátria é exatamente o conjunto de povo + território e o distinguirão de nação enquanto esta seja considerada somente como a população, que por sua vez seria o povo e os estrangeiros com ânimo definitivo de residência no território nacional e, portanto, em vias de “nacionalizar-se”.


Enfim, como se pode perceber, tudo isso é de um certa maneira incompreensível na medida em que se perca de vista a sua finalidade. Portanto, aqui é um momento em que se pede especial atenção do leitor: no pensamento contemporâneo o estado não tem razão de ser em função de sua laicidade, senão genericamente na medida em que ele se presta de alguma maneira a manter uma determinada situação de convivência de uma dada população, e nesse sentido, tende a se perpetuar a longo prazo. Ora, e para se dizer a verdade, qualquer bando de hienas faz a mesmíssima coisa (sobre isso recomendamos outro texto da lavra do SPES: SPES - Santo Tomás de Aquino: O que é a Política).
É preciso, portanto, se ter em conta, todavia, que nem sempre foi assim e que tal sorte de idéias surge gradativamente na medida em que o iluminismo vai ganhando força na história. Com efeito, sobre a própria terminologia “Estado” será Maquiavel, o primeiro a dela se utilizar já em um momento em que o divórcio entre a ética e a política ultrapassa os limites da vida prática e começa a assumir seu estágio de teorização e academicismo. Maquiavel utiliza sua denominação “status”, estar firme – para designar a nova organização político-social advinda dessa sorte de pensamentos.
Conscientes desses conceitos, temos já as condições de justificar e mensurar o verdadeiro patriotismo.


2 – A Finalidade e a Justificativa do Patriotismo.


Tomemos a escolástica de Santo Tomás de Aquino:


Santo Tomás de Aquino



“E, dado que o homem ao viver segundo a virtude se ordena a um fim ulterior, o qual consiste na fruição divina [...], é necessário que o fim da multidão humana, que é o mesmo que o do indivíduo, não seja viver segundo a virtude, mas antes, por meio de uma vida virtuosa, alcançar a fruição divina”.
(Santo Tomás de Aquino, De Regno)


Como fica bastante patente, nem sequer o viver virtuosamente pode ser considerado um fim em si próprio, pois de que adiantaria a virtude senão para alcançar os bens realmente duradouros do céu, ou nas palavras de Santo Tomás, a fruição divina?
Note-se, então, que é a perda desta finalidade última, deste objetivo maior por parte do pensamento contemporâneo o fator de crise no estado e na pátria. Entenda-se: se estado e pátria perdem a razão de ser, perdem igualmente, por assim dizer, a sua essência, e a perdendo tornam-se irreconhecíveis e incompreensíveis... e por assim ser, deixam de ser amados, ou pelo menos amados na extensão e justiça devidos.
Nesses termos, há de se compreender que enquanto o estado for considerado algo amorfo ou alguma espécie de quimera, como uma mula-sem-cabeça político-jurídica, e a pátria se resumir a uma soma populacional e seu punhado de terra correspondente a crise atual de desamor na qual nos encontramos irá perdurar.
Portanto, o maquiavélico “status” é infrutífero, estéril, pois está firme, inerte em si mesmo, e somente para si mesmo, e não se volta para Deus, não se converte para o autor da vida. Não é algo realmente digno de ser amado.
Inconscientemente e em alguma medida o povo se dá conta dessa situação e se ainda demonstra algum patriotismo este o é já claudicante e viciado e, não raro, confrontado com as contingências da vida moderna se esvai facilmente. Eis o fenômeno da chamada “diáspora à brasileira” que não nos deixa mentir; agora já um tanto menor em função da própria crise econômica nacional. Por outro lado, é curioso como também se observa outro fenômeno interessante que é o ufanismo, ou mais corretamente falando o nacionalismo.
Com efeito, o nacionalismo é uma exaltação imoderada e algumas vezes injustificada dos elementos da nação (nação segundo o moderno conceito) - povo e território - e daí mesmo a origem do nome. Observe-se que no nacionalismo essa exaltação é dos elementos em si e não em razão de sua finalidade. Vejamos, pois, antes de concluir, um famoso exemplo dessa espécie de exagero:


Canção do Exílio, Coimbra julho de 1843
Gonçalves Dias


Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia;
As Aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.


Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.


Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia.


Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sábia.


Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sábia".



Haverá quem diga tratar-se de um simples poema. De certo, não há realmente motivos para profundos alardes, senão que apenas demonstra algum exagero, por vezes bastante próprio dos poemas, mas mesmo assim não se pode negar que o sentimento “patriótico” já é nacionalismo e já é notadamente distinto do verdadeiro patriotismo da Cristandade (ainda que seja no período chamado de Cristandade Menor). Vejamos:


Mem de Sá



FEITOS DE MEM DE SÁ
José de Anchieta (1563)




PADRE JOSÉ DE ANCHIETA


DE GESTIS MENDI DE SAA


PRAESIDIS IN BRAIILLIA


JESUS


A MEM DE SÁ GOVERNADOR


Epístola Dedicatória


Eis que vês, potentado supremo, quão grande façanha
realizou a força do onipotente Deus.


O indômito Brasil já seus anchos orgulhos depôs, e tombou, rendido às tuas armas.O que dantes, furioso, semeava ruínas e guerras, aprecia os fatores de redentora paz.


O que dantes vivia escondido em sombrias florestas
aos templos do Senhor, já pressuroso corre.


O que há pouco, cão feroz, roía ossos humanos,
sacia com o Pão dos Anjos o coração já manso.


O que há pouco de fauces sedentas, sugava o sangue fraterno
voa a desalterar-se nos mananciais divinos.


Foi a própria Onipotência que robusteceu os teus golpes
e prostrou a teus pés as inimigas hostes


Vês como de nada vales a esses ninhos altivos de pedra
toda a estratégia das posições achadas.


Inexpugnáveis embora à força humana as ameias erguidas
pelo hábil francês no cimo dessa penha,


Aquele que rege com seu braço o universo estrelado
e pode com um aceno volvê-lo e revolvê-lo,


franqueou-te, ó vencedor, o forte de rochas horrendas
e a soberba de sua mole sob os teus pés meteu,


nem sofreu te barrassem o passo as flechas aladas
nem as balas que vomita a poderosa pólvora,


nem tão os pelouros que pelos ares arrota
com tremendo fragor o ventre do canhão.


Quando já te faltavam as forças e tua esquadra cedia
desfalcada pelo baque de muitos de teus heróis.


Quando já se acabara a pólvora que alimenta o incêndio
e que ao fogo voraz vem provocar as iras:


Jesus compadecido olhou-te das alturas celestes
e veio ele próprio a estender-te a mão.


Rendido às tuas preces, ele ouviu teus pedidos,
incutiu terror e pôs o inimigo em fuga.


Já no intimo peito podes fruir gozos nunca provados:
é a quadra formosa duma alegria nova.


Já podes exultar entre os vivas deste egrégio triunfo:
esta palma ergue-te o nome ao apogeu da glória. Glorifica ao Senhor, que com seu braço invencível esmagou os inimigos e seus fortins ativos.


Só a ele pertence derrubar sanguinários tiranos
calcar ao chão os maus, erguer ao céu os bons.


Aspira aos fulgores, que inundam o palácio celeste,
se é que o amor da glória teu coração enleia.


Bem sabes que o brilho fementido do mundo
foge ligeiro e leve, e se desfaz na fuga.


Como se esvai pelas fendas da jarra partida
o líquido, e baldado é procurar enchê-la.


Assim a honra fugaz, como água, flui e se escapa
por entre os dedos que segurá-la tentam.


Se te deres ao lazer silencioso de revolver em teu peito
as empresas heróicas dos generais famosos,


verás quantos triunfos varreu a lúgubre morte
para as águas imundas da infernal voragem.


É que ensoberbecidos negaram ao Senhor sempiterno,
que tudo fez no mundo, glórias que alcançaram.


No tênue respiro da vida sorveram vãos elogios
e todo o seu cuidado foi sua própria fama.


Se és prudente, pede a Deus uma única glória,
a que só vem de Deus, a verdadeira glória!


Se és prudente, rejeita os enganos do mundo que gira,
não te acorrente com seus grilhões os pés.


Com suas fraudes enleia, com a face ingênua nos mente:
e não nos deixa erguer a fronte altiva ao céu.


Depois que escalaste as árduas muralhas do forte
e a glória de teus louros refulge mais que nunca:


não te envolva em suas malhas o soberbo tirano,
e, apenas vencedor, te calque aos pés vencido.


Ouve pois as palavras que Jesus, o mestre divino
te dirige com lábios que enganar não podem:


“Se queres ser perfeito e galgar as alturas celestes,vai, vende o que tens, e dá-o todo aos pobres!”


Vê como ele próprio, porque seus pés são ligeiros,
voa como um gigante que não afrouxa o passo:


para que, apressado, seguindo-lhe a esteira sagrada,
sacudas pesos mortos e partas livre e leve.


Se te sustarem o passo riquezas e glórias do mundo,
Jesus, que não para, te escapará dos olhos.


É certo que a soberba, com seus afãs só compra o inferno
e com pouco trabalho o humilde compra o céu!


Se pois com justo ódio desejas vencer o orgulho mundano
a Cristo atribui todas as tuas glórias!


Do fundo do coração ao Pai celeste dá graças
e rende a Jesus as merecidas honras.


Foi ele quem quis que fosses tu nas regiões brasileiras
primeiro propagador de seu bendito nome.


O primeiro a vingar os ultrajes do gentio inumano
e dobrar-lhe a cerviz às tuas ordens justas.


Ao peso do teu braço, os altivos Brasis esqueceram
seus ferozes costumes e seus sangrentos ritos.


Eia! novo ardor, ancião! extermina as maldades,
submete ao Deus eterno essas nações selvagens.


No céu te espera um trono, grande Mem; para aí te convidam
os fulgurantes templos do firmamento azul.


Aquele, cujo nomes ensinas a louvar em plagas incultas,
até aos astros levantará teu nome.


Entre laudas divinas dar-te-á eterna coroa
e o ilumina cetro de seu celeste reino.


Enquanto a fé e a lei de Deus e nome de Cristo
forem reverenciados no hemisfério austral,


os sucessores que empunharem teu bastão glorioso
seguirão tua trilha sem arredar passo.


Vive pois feliz, governando as plagas Brasílicas
numa estrada de glória que teus vindouros sigam,


para que Cristo expulse o tirano infernal, das terras do Sul
e nelas implante os eu reinado eterno!


Beato Pe. Anchieta

Note-se que o patriotismo do Beato Pe. Anchieta é dotado de uma finalidade específica, a saber, logo no segundo verso o reverendo poeta chama ao Brasil indômito, dentre outros adjetivos não muito agradáveis, porquanto estava afastado da paz de Cristo e atrelado a ferozes costumes e a sangrentos ritos; há de se lembrar que boa parte dos naturais (índios) por aqui encontrados praticavam o canibalismo, dentre outras práticas cruéis e profanas. Ao final, clama pela glória do reino de Cristo nas terras do Brasil e o correspondente afastamento das nações selvagens e dos tiranos infernais.
Atente-se para o fato de que a terra e a gente não são bons senão se estão orientados para o reinado de Cristo, ao passo que no poema de Gonçalves Dias, a terra e a gente já são bons por si próprios.
Portanto, como ficou explicitado em Santo Tomás e foi a realidade de outrora, nos tempos da Cristandade, como, aliás, ficou muito bem assinalado no poema do Beato Pe. Anchieta, o patriotismo só tem sentido se estiver atrelado ao amor pela pátria celéste e pelo reino de Cristo e desde logo já nesse mundo como Lhe é de direito, pois é esse o maior bem comum a ser alcançado: a salvação das almas. É bem certo que todas as outras coisas que constituem bens apetecíveis e nesse sentido podem se constituir em meios para esse fim último podem ser justificadamente amados em boa medida, mas não sem qualquer relação com esse mesmo fim.
O nacionalismo, por sua vez, coloca uma viseira na corrupção e quer fazer seja amado de duas uma: ou o desconhecido ou o corrompido. Quem é capaz de amar algo completamente sem sentido? Somente um louco ou um ignorante; não hesitaríamos em dizer. Daí o amor de menos dos realistas/materialistas (em algo desesperados) e o amor “de mais” dos cegos ufanistas.
Enfim, o amor à pátria, o patriotismo, somente se justifica em Cristo e nada mais.


Cristo Rei: o patriotismo somente se justifica em Cristo.



3 – Os Dois Gládios e a Legitimação do Poder Temporal (Poder dos Governos).


A Santa Madre Igreja em seu magistério definiu a chamada doutrina dos dois gládios para explicar a natureza do poder temporal. A Bula “Unam Sanctam”, do Papa Bonifácio VIII o explica e os obriga com a maior das clarezas. Notemos:




Papa Bonifácio VIII e sua importantíssima Una Sanctam

As palavras do Evangelho nos ensinam: este poder comporta dois gládios, ambos estão em poder da Igreja: o gládio espiritual e o gládio temporal. Mas este último deve ser usado para a Igreja, enquanto o primeiro deve ser usada pela Igreja. O espiritual deve ser manuseado pela mão do sacerdote; o temporal, pela mão dos reis e cavaleiros, com o consenso e segundo a vontade do sacerdote. Um gládio deve estar subordinado ao outro gládio; a autoridade temporal deve ser submissa à autoridade espiritual.
(Papa Bonifácio VIII, Bula Una Sanctam)


Sendo assim, podemos notar desde logo que é o poder espiritual quem conduz à legitimidade o poder temporal. Todavia, não bastasse a clareza da bula papal, façamos ainda mais outra análise:


a) Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa;


Legitimidade. Sf (lat med legitimitate) 1 Caráter, estado ou qualidade do que é legítimo ou está de acordo com a razão, com a justiça ou com a lei. 2 Condição daquele ou daquilo que se legitimou. 3 A boa lógica, a coerência ou a racionalidade de alguma coisa. 4 Direito de suceder a um monarca pelo princípio da primogenitura ou pela exclusão legal do primogênito. 5 Partido dos legitimistas. 6 Doutrina política dos legitimistas. 7 Genuinidade. 8 Legalidade. 9 Retidão.


Legítimo. adj (lat legitimu) 1 Fundado no direito ou na razão. 2 Que tem força de lei. 3 Válido perante a lei. 4 Verdadeiro. 5 Concludente. 6 Genuíno, puro. 7 Autêntico. 8 Diz-se do filho que procede do matrimônio. Antôn (acepções 4 e 7): falso; (acepção 8): ilegítimo. L. interesse, Dir: justa causa, razão determinante, atual, ou imediata, de agir ou estar em juízo.


Legitimista. adj (legítimo+ista) Que diz respeito a legitimidade. adj e s m+f Que, ou quem defende o princípio da dinastia legítima.


b) Dicionário Jurídico de Plácido e Silva;


LEGITIMIDADE. Derivado de legítimo, exprime, em qualquer aspecto, a qualidade ou o caráter do que é legítimo ou se apresenta apoiado em lei.
A legitimidade, pois, pode referir-se às pessoas, às coisas ou aos atos, em virtude da qual se apresentam todos segundo as prestações legais ou consoante requisitos impostos legalmente, para que consigam os objetivos desejados ou obtenham os efeitos, que se assinalam em lei.


* * *



Notemos, pois, comutando as acepções em seu sentido mais comum e mais afeitos à política, em um primeiro plano:


a) qualidade ou caráter do que é legítimo.


b) verdadeiro, genuíno, puro, autêntico.


c) fundado no direito ou na razão.


Imperiosa é a conclusão de que Legitimidade é sinônimo de autenticidade em seu sentido mais disseminado ou mais comum; é, portanto, tudo quando possa ser reconhecido pela origem segundo a razão e a lei (na medida em que esta se adstringe à razão).
É, pois, uma qualidade que diz respeito à procedência de pessoas, coisas e atos ou ações.
Mas qual a relevância disso? Dizer da legitimidade é de relevo, pois ela nos traz segurança.
Vejamos: se alguém vai adquirir um produto qualquer para consumo lhe importa saber a procedência para que se saiba sobre a qualidade e a segurança que tal produto oferece. Se alguém vai contrair matrimônio é mais do que relevante saber a procedência, ou seja, saber sobre as qualidades, as virtudes, os defeitos e a segurança de enlaçar-se, ou não, com tal ou qual pessoa. Logo, é questão de primeira importância.
Tomemos pois um exemplo: pensemos novamente em um fruto qualquer. Saber sua procedência nos indicará se é seguro ou não tomar do fruto e via de conseqüência do bem que ele pode ou não nos proporcionar. Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou que pelos frutos pode ser reconhecida a árvore.
Ora, um fruto, mesmo que tenha boa procedência, pode apodrecer ou contaminar-se. Um ato pode desvirtuar-se ou perder a razão de ser. Pois bem, com as pessoas o mesmo se passa. Elas também podem perder a legitimidade. A diferença, todavia, é que há a possibilidade de reparo pela graça de Deus.
Assim, todas as coisas têm suas regras particulares, sua essência e seus acidentes. No que diz respeito ao poder, a característica que toca a procedência é sempre uma: Deus mesmo. Contudo, não obstante essa nota de excelência, a corrupção – por permissibilidade divina mesmo - pode atingir o “veículo” e então contaminar e profanar o poder (do contrário o homem não poderia pecar). É essa a corrupção da autoridade. Tal corrupção é como que um repúdio à origem, à autenticidade, à pureza. Mesmo assim, ao contrário do que acontece na maioria das vezes com as coisas, a corrupção nas ações e nas pessoas nem sempre é evidente. Nesse caso é necessário que alguém a declare ou nessa impossibilidade seja ao menos confrontada idoneamente.
É preciso então saber se a procedência se mantém; se autenticidade se mantém. É nesse especial interesse que a doutrina da Santa Igreja e as ciências jurídicas e políticas se “dão as mãos”. A primeira para declarar e as seguintes para confrontar.
Novamente, explica-se por via de um prosaico exemplo: se um produto vem com a data de validade vencida logo se pode notar pelas declarações na embalagem; mas e quando não for o caso? Aí é a vez da confrontação.
Há de ser dito ainda que a legitimidade no tangente ao poder e à autoridade é um DIREITO já que advém de uma aptidão, de uma capacidade que deve ser declarada ou confrontada de modo a gerar segurança e promover-se o bem comum.


A Legitimidade Enquanto Direito.


A legitimidade verdadeira, portanto, advém da capacidade, que é a aptidão que alguém possui para praticar por si mesmo os atos inerentes à sua própria vida e responsabilizar-se por eles. Cuida-se de uma situação condicionante, que independe do mero querer, ou seja, que não se justifica pelo uso do livre-arbítrio.
Ela é comum a todos os homens que atingem com saúde a maturidade, contudo, obviamente, uns são mais capazes outros menos. Os dons dessas diferenças são graça de Deus.
Disso, implica dizer que a legitimidade é realmente um direito, por ser então a faculdade que uma pessoa tem de se valer ou não de tal aptidão. Portanto, na medida em que a legitimidade advém da capacidade e toda capacidade vem de Deus, temos novamente confirmado que todo poder vem de Deus. Portanto, a natureza jurídica da legitimidade é direito e não juízo de valor (como muitos defendem ou se equivocam).
Não obstante, resta dizer, então, que de Deus, no que toca à aptidão para ser autoridade, a definição ora trabalhada ainda é insuficiente. Deus não é apenas juridicamente capaz, Ele é onipotente! Com efeito, Ele não é apenas o mais capaz de ser autoridade, Ele é o único capaz de o ser sem erro!
Nesse sentido, a legitimidade é algo intrínseco a Deus e, portanto, a virtude da sabedoria recomenda que a única atitude sensata a ser feita é aceitar que Ele, o Sumo Bem, seja a autoridade reinante em nossas vidas.
E por assim ser, a Santa Igreja guarda em si a maior legitimidade para o exercício da autoridade e, por sua vez, o Papa dentro da Igreja. Daí, por exemplo, que, apartar o Estado da Igreja ou a Igreja do Papa ou o Papa de Cristo é algo totalmente insensato e autodestrutivo. Isto porque é o poder e a autoridade de Cristo mesmo que garantem que o “veículo” está apropriado aos fins a que se destina, ou seja, uma situação extraordinária que apenas é possível em função da própria divindade de Nosso Senhor. Temos, pois, o mandato pontifício. (Aliás, vide novamente a Bula Una Sanctam, já mencionada neste texto)
Esse mandato, pois, é exclusivo da Santa Igreja e é exercido pelo Clero, sendo em grau máximo pelo Papa. Ora, os que não receberam o sacramento da ordem não podem exercer de fato (justamente pela ausência do FATO do sacramento) e muito menos de direito o mandato pontifício e, via de consequência, não têm a mesma autoridade que o Clero ainda que por ele próprio sejam delegados ou autorizados em tal ou qual função no século; novamente, essa é a doutrina dos dois gládios.
Portanto, de um lado um Papa pode legitimar um soberano, de outro, o ilegitima! pois a ele é conferido em grau máximo o mandato pontifício. Ele tem poder para isso. Seria, de outro lado, um erro entender que uma vez sagrada a coroação de um monarca ou assumindo regularmente o governo os governadores das repúblicas o poder se perpetua independentemente dos fins aos quais se atrelam a legitimidade (exatamente a fruição divina mencionada em Santo Tomás). Seria o mesmo que admitir a possibilidade da colheita de maçãs em bananeiras!
Esse vínculo de pertinência acompanha todo e qualquer poder; afinal todo poder de Deus mesmo procede. Rompido o vínculo, profana-se o poder e seu uso ou mesmo a pretensão do uso passa a ser ilegítimo.
Isso posto, alguém poderá ser autoridade ilegítima ou pretendente ilegítimo por duas razões: seja porque assim se lhe declare (pela Igreja), seja pela confrontação dos fins objetivados em relação aos propósitos da Santa Igreja e via de consequência do próprio bem comum.
No primeiro caso, há um alto grau de certeza, no segundo é permitido o benefício da dúvida somente na medida em que os vícios sejam menos evidentes.
O tempo, por exemplo, aqui é um fator crucial! como aliás não poderia deixar de ser. Nesse diapasão, teremos, consequentemente, a impossibilidade do exercício de um direito; seja pelo desatendimento de pressupostos indispensáveis à sua aquisição; seja pelo uso seguro e sem solução de continuidade de um determinado possuidor de fato que eventualmente venha a ter sua legitimidade reconhecida pela Santa Igreja.


Juan Vázquez de Mella y Fanjul e a Inteligência da Doutrina das Legitimidades do Poder Temporal.


Juan Vásquez de Mella y Fanjul

A distinção entre, de um lado, a legitimidade de origem e, de outro, a legitimidade de exercício constitui um ponto crucial em problemas relacionados à legitimação política do poder temporal. Juan Vazquez de Mella y Fanjul, jurista espanhol, foi um de seus mais eminentes doutrinadores, e em um discurso de abril de 1894, as distinguiu com precisão: legitimidade de origem haverá, disse ele, “se o poder se adquire conforme o direito escrito ou consuetudinário estabelecido em um povo”; mas não haverá legitimidade de exercício, continuou, “se o poder não se conforma com o direito natural, o (direito) divino positivo e as leis e tradições fundamentais do povo que reja”. E prosseguia Vazquez de Mella: “se falta a legitimidade de exercício, pode suceder que quando essa ilegitimidade seja pertinaz e constante — e só assim haverá tirania—, desapareça e se destrua a (legitimidade) de origem.
Assim, ao passo que, de um lado, a legitimidade de origem cuida da satisfação dos requisitos formais para a aquisição do poder, sendo, portanto, o fundamento de regular assinação da titularidade do poder, de outro lado, a legitimidade de exercício é o cumprimento concreto dos deveres do poder, e o exercício do poder em ordem ao bem comum, sem a qual a primeira perece.


Dom Marcel Lefebvre e o Dever da Desobediência.


Monsenhor Lefebvre: expoente da resistência católica contemporânea

Perguntado acerca da virtude da obediência, Dom Marcel Lefebvre, um dos grandes nomes da resistência católica do nosso tempo assim se manifestou sobre o ensino da lei natural e o Magistério da Igreja:


“A obediência supõe uma autoridade que dá uma ordem ou decreta uma lei. As autoridades humanas, mesmo sendo instituídas por Deus, apenas têm autoridade para atingir o fim determinado por Deus, e não para dele se desviarem. Quando uma autoridade usa o seu poder em oposição à lei pela qual esse poder lhe foi dado, não tem direito à obediência, e devemos desobedecer-lhe.”
(Dom Marcel Lefebvre, O Dever da Desobediência, Ecône, 29 de março de 1988)


* * *



Portanto, prestar obediência, honras ou lealdade a uma autoridade, governo ou pretendente, partido político ou qualquer espécie de agremiação política cuja legitimidade esteja posta à prova, ou evidentemente não a tenha, a título de patriotismo não condiz com a sã doutrina católica e não será verdadeiro patriotismo, mas sim alguma espécie de dissimulação ou então o erro do nacionalismo. Aliás, a simples associação a tais grupos, ainda que informalmente fere o católico de cumplicidade com os mesmos. Sobre isso recomenda-se a leitura do importantíssimo texto de Dom Felix Sardá y Salvany sobre esta questão. (Vários modos por que, sem ser liberal, um católico pode não obstante tornar-se cúmplice do liberalismo)


4 – A Missão Espiritual do Verdadeiro Patriotismo.


Salvo melhor juízo, uma das mais importantes obras sobre o livro do Apocalípse, a saber, “O Drama do Final dos Tempos”, de Dom Emmanuel Marie André, que foi Prior do Mosteiro de Mesnil-Saint-Loup e a escreveu entre os anos de 1884-1885, podemos encontrar a seguinte interpretação sobre a qual o que de melhor se tem a fazer é inserí-la, para após comentá-la. Observe-se:


“O Apóstolo fala, em termos enigmáticos, de um obstáculo que se opõe à aparição do homem do pecado: “Aquele que o retém, diz ele, retenha-o, até que ele seja posto de lado”.
Por esse que retém, os antigos Padres gregos e latinos entendem, quase unanimemente, o império romano. Conseqüentemente, eles assim explicam São Paulo: enquanto subsistir o império romano, o Anti-Cristo não aparecerá.
Repugna esta glosa aos intérpretes mais recentes; não admitem que a sorte da Igreja esteja ligada à de um império; mas procuram em vão outra explicação satisfatória.
Confessamos ingenuamente que o pensamento dos antigos não nos parece tão desprezível, desde que o entendamos com uma certa amplidão.
Notemos que São Paulo, anunciando aos fiéis uma apostasia quando a conversão do mundo estava apenas esboçada, estava lhes dando uma visão de todo o futuro da Igreja. Ele lhes anunciou que as nações se converteriam, que se formariam sociedades cristãs, e depois estas sociedades perderiam a fé. Ele lhes mostrara, sem dúvida alguma, o império romano transformado, um poder cristão surgindo no lugar de um poder pagão, a autoridade dos Cesares passando para a mão dos batizados que dela se serviriam para estender o reino de Jesus Cristo. Ele poderia, desde então, acrescentar: enquanto durar este estado de coisas, estejam tranquilos, o Anti-Cristo não aparecerá.
O sentido do Apóstolo, entendido largamente, seria pois este: enquanto a dominação do mundo estiver entre as mãos batizadas da raça latina, o inimigo de Jesus Cristo não se mostrará.
Notemos, como corolário desta interpretação, que os franco-maçons se opõem antes de tudo e acima de tudo à restauração do poder cristão.
Quando um príncipe se anuncia como cristão, todos os meios são empregados para se desembaraçar dele. Isto é preciso fazer a qualquer preço.
Assim pois é o poder político cristão o que impediria a seita de alcançar o seu fim.
Don Pelayo

Por outro lado, as raças latinas estão voltadas a exercer no mundo uma influência católica, ou bem abdicar. Sua missão é servir à difusão do Evangelho; e sua existência política está ligada a esta missão. No dia em que a ela renunciarem pela completa apostasia, seriam aniquiladas; e o Anti-cristo, surgindo provavelmente do Oriente, as esmagaria facilmente com os pés.
Aqui ainda incumbe aos cristãos agir sobre o espírito público, fazer com que os governantes retomem as tradições cristãs, fora do que só haverá a decadência para as nações europeias e especialmente para nossa pobre pátria.”
(Destaques meus)


Fica difícil acrescentar qualquer coisa sobre um escrito que já atingiu a excelência, mas atendendo às circunstâncias de nosso tempo temos como fazê-lo um pouco.
Notemos que o nacionalismo não é cristão e, com efeito é fruto do iluminismo renascentista, cuja origem é historicamente comprovada como maçônica. Ora, eis que a cegueira nacionalista abre espaço para a grande apostasia e mais terrivelmente para o homem da perdição.
Fica evidente, portanto a relevância que o verdadeiro patriotismo assume em nossas vidas e o perigo que a apatia política, o desprezo pela pátria e a cumplicidade com a má política nos implica.


5 – A Trajetória das Nações Ibéricas, o Erro do Independentismo Nacionalista e a Vocação Mariana do Continente Americano.


O desembarque de Mem de Sá em Salvador



Este aspecto prático do patriotismo talvez seja mais difícil de se abordar por encontrar a resistência de, no mínimo, cinco séculos de paixões e mentiras. Tratar a trajetória sinuosa dos povos ibéricos em até o seu atual e decadente status em contraposição à memória gloriosa de sua vocação cristã não é uma tarefa fácil e encontra resistências que vão do mais descarado anarquismo às sutilezas do falso tradicionalismo. Lado outro, também não se pretende com isso abrir qualquer proposta de algum tratado para um revisionismo da história, mas o que se busca na medida do possível é pelo menos resgatar a virtude patriótica pelo ajuste de sua verdadeira finalidade.
Por ser assim, iniciemos com os nativismos e nacionalismos americanos. Aqui, retoma-se a doutrina dos dois gládios para anunciar a autoridade papal nessa temática. Eis o que o magistério da Santa Igreja deixou consignado por meio da Encíclica Etsi longíssimo do Papa Pio VII:


PIO VII, PAPA.


Veneráveis irmãos ou filhos queridos, saudações e nossa Apostólica Bênção. Ainda que imensos espaços de terras e mares nos separem, bem conhecida nos é vossa piedade e vosso zelo na prática e pregação da Santíssima Religião que professamos.
E, como é um de seus belos e principais preceitos o que prescreve a submissão às autoridades superiores, não duvidamos que nas comoções desses países, que tão amargas foram para nosso coração, não havereis cessado de inspirar em vossa grei o justo e firme ódio com que se deve observá-las.
No entanto, porquanto fazemos neste mundo as vezes daquele que é o Deus da paz, e que ao nascer para redimir o gênero humano da tirania dos demônios quis anunciá-la aos homens por meio de seus anjos, cremos próprio das Apostólicas funções que, ainda sem merecê-lo, nos compete vos exortarmos mais com esta carta a não desperdiçar esforço por desenraizar e destruir completamente a funesta erva daninha de alvoroços e sedições que o homem inimigo semeou nesses países.
Fácilmente lograreis tão santo objetivo se cada um de vós demonstrar a suas ovelhas com todo o zelo que puder os terríveis e gravíssimos prejuízos da rebelião, apresentando as ilustres e singulares virtudes de nosso caríssimo filho em Jesus Cristo, Fernando, Vosso Rei Católico, para quem nada há mais precioso que a Religião e a felicidade de seus súditos; e, finalmente, se se lhes põe à vista os sublimes e imortais exemplos que deram à Europa os espanhóis que entregaram vidas e bens para demostrar sua invencível adesão à fé e sua lealdade a seu Soberano.
Procurem, pois, Veneráveis Irmãos ou Filhos queridos, corresponder felizes a nossas paternais exortações e desejos, recomendando com o maior afinco a fidelidade e obediência devidas a vosso Monarca; fazer o maior serviço aos povos que estão sob vossos cuidados; acrescentar o afeto que vosso Soberano e Nós vos professamos; e vossos afãs e trabalhos lograrão por fim o céu da recompensa prometida por Aquele que chama bem-aventurados e filhos de Deus aos pacíficos.
Entretanto, Veneraveis Irmãos e Filhos queridos, assegurando-lhes o êxito mais completo em tão ilustre e frutuoso empenho, lhes damos com o maior amor Nossa Apostólica Benção.
Dado em Roma em Santa Maria Maior, com o selo do Pescador; no dia trinta de janeiro de mil oitocentos e dezesseis, de Nosso Pontificado o décimo sexto.


* * *



Esse ano de 1816 marcou severas dificuldades para a Cristandade, pois o iluminismo abalava as estruturas do que havia restado mais concentradamente na península ibérica e seus territórios americanos. É precisamente esse o período da história que marcará o auge da Pax Mundi então já a muito iniciada com a agressão de Felipe o Belo ao Papa Bonifácio VIII. Todavia, para compreendermos bem a situação necessitaremos recuar pelo menos 17 anos até a ascensão de Napoleão Bonaparte na França.
O tirano Napoleão Bonaparte

Napoleão, graças ao seu gênio militar, e também a um enorme financiamento do seu exército pela venda dos territórios americanos da França, acumulou enorme poder e assolou toda a Europa cujo vigor já se encontrava amolecido pelas idéias liberais do iluminismo e toda convulsão da revolução francesa. Com efeito, em 1804 em um ato de extrema arrogância e desrespeito tomou ele mesmo a coroa das mãos do próprio Papa Pio VII e se autoproclamou imperador da França. Esse estado de coisas durou mais ou menos até 1815, quando o tirano finalmente foi derrotado, mas não encerrou o processo revolucionário como se sabe.
No mesmo período em Espanha, Fernando VII foi reconduzido ao poder, mas enfrentava violentas rebeliões, que, ironicamente, agora com apoio da França governada por Luís XVIII, foram por um curto período debeladas. Mesmo assim as idéias revolucionárias iluministas haviam se espalhado de uma maneira vertiginosa no velho e no novo continente em função do ambiente extremamente abalado pelas guerras revolucionárias. Infelizmente, D. Fernando esteve tempo demais encarcerado por Napoleão – o que pode ter lhe rendido a pública indolência da qual parece que sofria, sendo, diz a historiografia, um monarca que exibia diversos sinais de fraqueza. Por exemplo, dele se dizia que tinha gota e que fazia consumo imoderado do tabaco, dentre outras molezas. Além do mais, para se agravar ainda mais a situação, não teve herdeiros varões para suceder-lhe a coroa (apesar dos diversos casamentos) nos termos da legislação semi-sálica, como era a tradição e a lei. Todavia, seu irmão mais novo, D. Carlos Maria Isidro de Borbón (que também foi prisioneiro de Napoleão), além de ser o herdeiro de jure definido na situação encarnava perfeitamente as virtudes do monarca católico, fato que irá ocasionar em 1833 o início das chamadas guerras carlistas.
Por sua vez, em Portugal e seus territórios, reinava D. João VI, que na conjuntura europeia (talvez isso deixe alguma surpresa para os que tem o “complexo de vira-latas”) era o único monarca católico hábil o suficiente para desempenhar alguma manobra contra Napoleão e mesmo assim contando com a ajuda da já protestante Rainha dos Mares – Grã-Bretanha. Esse, aliás, é um fato curioso, pois D. João não recebeu a educação política própria da primogenitura, embora talvez a tenha conquistado pela regência de fato que teve de assumir em nome de sua mãe.
D. João VI, O Clemente

Outra questão importante será fazer uma reparação histórica no sentido de se deixar bem claro que a estratégia do monarca foi de longe o grande acerto contra o poderio napoleônico; Napoleão sabia e sempre quis a todo custo fazer um embargo econômico à Grã-Bretanha, pois somente assim poderia controlar efetivamente o comércio europeu e muito especialmente a logística dos suprimentos dos insurgentes que se levantavam contra sua tirania. Seria, pois a famosa estratégia do bloqueio continental. Se D. João VI não houvesse se retirado para o Brasil o bloqueio teria sido efetivado e as habilidades militares do Duque de Wellington ou do General William Carr Baresford (Com interessante biografia, foi titulado em Portugal como Conde de Trancoso e Marquês de Campo Maior) de nada adiantariam, pois a Grã-Bretanha fatalmente atingiria um declínio econômico.
Apesar de todo esse esforço e da derrota de Napoleão, em 1817 aconteceu uma revolução liberal em Portugal. Tal movimento foi liderado pelo General Gomes Freire de Andrade (maçon). Esse, por sua vez foi denunciado em maio do mesmo ano e tomou fôlego no já Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves a contrarrevolução cujo marco inicial veio a ser exatamente a prisão do próprio general.
É interessante observar como as razões de ser desses conflitos estavam todos entrelaçados e possuem nuances “de bastidores” sem as quais fica difícil perceber qual era a verdadeira luta que se perpetrava: de um lado a decadente Cristandade e do outro a emergente nova ordem secular e suas maçonarias.
General William Carr Baresford
Comandante-em-Chefe da campanha
peninsular e braço direito
do Duque de Wellington

Apenas para se ter uma idéia: no protestante império britânico o Comandante-em-Chefe da chamada “campanha peninsular” o já mencionado General Baresford era um católico irlandês e membro dos “tories” (partido dos católicos britânicos). Também, o seu amigo e superior Arthur Wellesley o 1º. Duque de Wellington e principal militar responsável pela derrota de Napoleão era um tory, ao passo que o próprio monarca inglês, George IV, era um protestante da Casa de Hanôver.
De outro lado, nas próprias frentes ibéricas irá se verificar a mesmíssima incongruência! Citar-se-á dentre vários outros, José Francisco de San Martín y Matorras (que veio a ser o primeiro presidente do Perú), general argentino de excepcional talento militar, que lutou na campanha espanhola no norte da África, também contra as tropas de Napoleão na região dos Pireneus, sendo, pois, experiente tanto em terra quanto em mar, havendo participado de batalhas navais contra a frota inglesa, e em diversas frentes de batalha no sul da Espanha, sobretudo no levante contra Napoleão, sendo vencedor em várias ocasiões. Lutou também (pasme-se!) nos exércitos aliados sob as ordens diretas do próprio General Baresford na batalha de Albuera. Pois bem, eis que tão excepcional militar vem ser assediado pela maçonaria terminando por se inscrever na Loja Lautaro da qual já participava, dentre outros, Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolívar y Palacios, ou simplesmente, como é melhor conhecido, Simón Bolívar, apelidado de o “George Washington da América do Sul” (aliás, diga-se já de passagem que essas associações canhestras não são outra coisa que já um reflexo do complexo de vira-latas imposto subliminarmente pela nova ordem secular da própria maçonaria).
Melhor sorte não se logrou na Terra de Santa Cruz, posto que o próprio Príncipe Regente D. Pedro I, primogênito de D. João VI, terminou ingressando na maçonaria – como é notório na história do Brasil e também na de Portugal – posto haver sido ele a figura pública que implantou de vez o liberalismo em ambos os territórios. De D. Pedro I se tem notícia de seu temperamento difícil e de sua difícil vida conjugal, que os republicanos – faça-se justiça - deslealmente aumentaram anos a fio com lunetas potentes. Todavia, em comum com os demais traidores da Cristandade, tinha uma virtude muito cobiçada: um excepcional talento militar e também político; o primeiro mais do que o segundo. Tal o foi que ficou cognominado com sua maior virtude pública e seu maior defeito público: ficou chamado de o Rei-Soldado e também de O Constitucionalista ou O Liberal/Libertador.
Pois se repare que a verdadeira luta era mais profunda e mais mortal entre os próprios compatriotas do que em relação às manobras estrangeiras, que verdadeiramente não passavam de espelhos de conjurações internas. Aliás, foi em vista dessa confusão generalizada que a moderna noção de nacionalismo adquiriu toda sua força já que o regime absolutista tinha inequívocas tendências tirânicas na exata medida em que encontrava respaldo na errônea doutrina do direito divino dos reis (que não é uma doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana); ou seja, com o perdão da pobre analogia, passou-se a querer acabar um mal com outro.
Assim compreende-se em alguma medida como um San Martín, por exemplo, que lutou em diversas frentes, tendo seus próprios compatriotas, ora como aliados, ora como inimigos, sede ao liberalismo maçônico; e como as idéias corrompidas da maçonaria chegam tão sedutoras nas primeiras décadas do século XIX. Explica-se que em um tal ambiente conturbado no qual havia se perdido quase que por completo a noção de aliado e de inimigo a corrupção do patriotismo vá chegar ao ponto do erro nacionalista. Daí, dentre outros fatores políticos menores surgem as declarações de independência.
Portanto, o independentismo americano não se justifica, pois está fundamentado, sobretudo, em doutrinas nacionalistas e não na virtude do patriotismo. Isso não quer dizer que desde logo se deva criar uma situação em que as novas vocações patrióticas devam ser suprimidas em um átimo já passados, então, mais de 5 séculos desde que se realizaram, mas sim que a retomada da verdadeira noção de patriotismo deva ser o primeiro passo a ser dado para uma organização política mais apta à efetivação do bem comum, sobretudo o maior bem que é exatamente a fruição divina. Essa consciência esclarece muito as razões do Papa Pio VII.


O Retrospecto das Intercessões de Nossa Senhora e seu Profundo Conteúdo Patriótico no Contexto Íbero-Americano.


Nossa Senhora do Pilar





Cronologia:


Atenção: Festas importantes relacionadas a esta cronologia.


a) dia 11 de outubro celebra-se a Festa da Maternidade de Nossa Senhora.
b) dia 12 de outubro celebra-se: Festa de Nossa Senhora do Pilar, Festa de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
c) dia 8 de dezembro celebra-se: Festa da Imaculada Conceição.


40Nossa Senhora do Pilar (Aparição) – Caesaraugusta (Zaragoza) – ao Apóstolo São Tiago, aparece em carne mortal antes de ser assunta aos céus e deixa com ele uma coluna de jaspe (el pilar) como prova do milagre – é verdadeiramente o nascimento da “hispanidade” e sua vocação cristã.


711Nossa Senhora de Covadonga ou das Batalhas (Milagres) – Covadonga – vitória de D. Pelayo sobre os muçulmanos sob a sua proteção.


1492 – Descobrimento da América em 12 de outubro. (Honraria)


1531Nossa Senhora de Guadalupe (Aparição) - Tepeyac – aparece a São Juan Diego Cuauhtlatoatzin e deixa como prova sua imagem milagrosamente impressa em seu tilma (espécie de túnica).


1586Nossa Senhora de Chiquinquirá (Aparição) – Chiquinquirá (Colombia) – Um quadro da Santíssima Virgem depois de doze anos de exposição à veneração popular apresentou sinais de deterioração e foi retirado do altar. Maria Ramos, uma devota, encontrando-o entre velharias de um depósito, recolheu o quadro e colocou-o num pequeno altar em sua casa. Diante desse altar, toda tarde rezava com parentes e amigos. Certo dia, a tela se iluminou, as cores se reavivaram e a imagem reapareceu límpida e bela deixando atônitas as pessoas que ali rezavam. A notícia do prodígio espalhou-se. Logo se iniciaram as grandes peregrinações.


1594Nossa Senhora do Bom Sucesso (Aparição) – Quito (Equador).


1630Nossa Senhora de Luján (Milagres) – rio Luján (65km de Buenos Aires) - António Farias Saa, encomendara de um amigo brasileiro uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Era sua intenção construir em sua fazenda uma capela em louvor à Virgem Maria. Chegada de navio a Buenos Aires, sua encomenda seguiu viagem com outras mercadorias, em carros-de-bois. Às margens do rio Luján, os mercadores fizeram uma parada. No dia seguinte, por um estranho prodígio, os bois empacaram e nada os fazia andar. Resolveram então aliviar-lhes a carga. De nada adiantou. Só depois que o último caixote, justamente o que guardava a imagem, foi retirado do carro, os bois saíram do lugar. Todos entenderam então que era ali que a imagem deveria ficar.


1646Nossa Senhora da Conceição (Honraria) – D. João IV toma a Virgem Nossa Senhora da Conceição por padroeira de Portugal e seus domínios, e promete em seu nome, e dos seus sucessores, um tributo anual de 50 cruzados de ouro. Ordenou ainda o mesmo soberano que os estudantes na Universidade de Coimbra, antes de tomarem algum grau, jurassem defender a Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Não foi o primeiro monarca português a colocar o reino sob a proteção da Santíssima Virgem, mas foi o que tornou permanente a devoção levando a mesma às terras de além-mar.


1717Nossa Senhora da Conceição Aparecida (Milagres) – rio Paraíba na região de Guaratinguetá (Município de Aparecida do Norte) uma pesca milagrosa em um rio estéril (Paraíba vem do tupi “para’iwa” e significa rio imprestável); sob enorme pressão do poder público (nos tempos do embrião da incompetência, da indolência e da luxúria, na pessoa de João V, cognominado O Freirático, devido à sua perversão por freiras, que chegou ao cúmulo de gerar filhos com essas, e da malícia e do maquiavelismo de Pombal (maçon) dentre outros crápulas do mesmo naipe, pelo que assim se chamou ao período de era pombalina) na pessoa do truculento Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, o Conde de Assumar, que desconfiava da boa vontade dos habitantes da região, três pescadores, dentre vários outros que assumiram o encargo da pesca determinado pelo governo local, a saber, Domingos Martins Garcia, João Alves e Filipe Pedroso, retiraram do leito do rio uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, e realizaram uma pesca extraordinária com tantos peixes que temiam afundar as canoas, o que veio a poupar os populares dos abusos de Assumar. Por haver a imagem surgido dessa forma ganhou o nome de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, ou simplesmente Nossa Senhora Aparecida como é carinhosamente chamada pelos brasileiros.


1917 – Nossa Senhora de Fátima (Aparição) – Fátima – provavelmente a mais famosa aparição mariana em todo o mundo, a mais estudada e a melhor registrada. Um milagre público sem precedentes – milagre do sol - foi testemunhado por 70.000 pessoas! Nossa Senhora desceu do Céu até à pequena aldeia de Fátima para confiar a três pastorzinhos uma mensagem com um segredo que havia de ser cuidadosamente guardado por muitos anos, até que ela própria, a Santíssima Virgem, indicasse que era chegado o momento de se revelar a todo o mundo. Tal segredo deveria ser revelado ao seu tempo mediante a realização de um pedido: o de que a Rússia fosse consagrada, pelo Papa em conjunto com todos os Bispos, ao Imaculado Coração de Maria. As circunstâncias e os registros das aparições de Fátima são tão impressionantes, e de certa forma bem documentados, que é injusto resumir os acontecimentos nesta cronologia. Recomendamos, dentre outros estudos sobre o tema um pequeno esboço no SPES sobre os relacionamentos que envolvem as aparições e recentes descobertas científicas: A atualidade das mensagens de Nossa Senhora em Fátima e algumas especulações sobre o Terceiro Segredo diante de recentes divulgações científicas.


*1859 – Nossa Senhora do Bom Socorro (Aparição) – Champion (EUA). Registramos essa aparição apenas para deixar consignado que o socorro de Nossa Senhora não vai dirigido somente aos povos íbero-americanos e que de fato parece mesmo ser o desejo da Mãe de Deus e nossa que todo o continente americano seja a ela devotado. Há muitas outras aparições e milagres, contudo, esses são os mais significativos sobre o tema abordado – patriotismo – e, além do mais, essas são as mais transparentes e reconhecidas pela Santa Sé antes dos terríveis anos 60 já no século XX.


* * *



Há de se reparar que do ano 40 em Zaragoza a 1917 em Fátima, passando por todo continente americano e retornando ao velho mundo, há como que uma espécie de indicativo ou mensagem sobre a imaculada conceição, não sendo mero acaso, pelo que se consta, que da imagem retratada na Virgem do Pilar até a imagem a Virgem Aparecida todas representam o já reconhecido dogma da imaculada concepção da Santíssima Virgem Maria.
Fecha-se esse “circuito” com Nossa Senhora de Fátima, que por sua vez se intitulou como a Senhora do Rosário e determinou precisamente a prática dessa devoção como sendo o único meio realmente hábil para que o mundo possa ter algum período de paz. Claro; essa uma devoção geral, sendo ao Clero reservada a tarefa específica da consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração.
Parece, como tudo indica, que Nossa Senhora deseja fortalecer e qualificar a virtude do patriotismo nas américas, sobretudo na américa hispânica, mas não de uma maneira que se poderia dizer mais previsível, como por exemplo através de sua intercessão nos meandros da política e do civismo, mas de uma forma ainda mais surpreendentemente e sobrenatural através do rosário.
Tudo indica, que deve ser por meio dessa oração, que é a típica oração do católico, e que publicamente nos distingue; essa oração que é tão mal compreendida por muitos e acusada como perda de tempo dentre outros escárnios e blasfêmias, a que deve ser o grande sinal de contradição pedido pela Santa Mãe de Deus e nossa em Fátima pois nos ficou prometido por ela o alcance de muitas graças.

Ao que tudo indica, o reparo por nossa falta de patriotismo requer a oração pública do rosário. Afinal, verdadeiros patriotas não são apenas aqueles que se dedicam ao serviço da Pátria; verdadeiros patriotas são os que o fazem de maneira extraordinária e humilde, aceitando a interseção poderosa da Santa Mãe de Deus; são os que defendem e se colocam ao serviço do sua Pátria (a terra de seus antepassados e de seus filhos) em nome de Cristo Rei porque conhecem que a Deus tudo se deve e que Dele tudo se recebe e que dessa forma cumprem o primeiro e mais importante mandamento da lei: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Pode ser, e é muitíssimo provável, que nossos esforços patrióticos não valham nada e não movam uma palha pelo reinado de Cristo, mas o resultado deles não nos compete, pois a Deus pertence a vitória; a nós incumbe somente o dever da luta e da perseverança. Afinal, ficou dito pelo Apóstolo: “Aquele que o retém, retenha-o, até que ele seja posto de lado”.
No ano 40, São Tiago estava já desanimado pois o fruto de sua pregação na ibéria era pequeno; já pensava em retornar, quando Nossa Senhora mesmo lhe prestou o auxílio de que necessitava e assim no decorrer da história como ficou demonstrado na cronologia apresentada: D. Pelayo recolhido com seus homens em uma gruta apelou a Nossa Senhora e obteve a vitória; o Almirante Colombo já pensava em dar meia-volta e no dia 12 de outubro descobriu terra; em outras aparições pela América Nossa Senhora simplesmente se valeu da fidelidade de poucos para denuncia a tibieza de muitos, por outras vezes, como em Luján, esteve a garantir a prosperidade; dos portugueses e brasileiros foi protetora do Estado e do ensino e por fim em Fátima a todos preveniu e definiu a arma da vitória.
Portanto, não nos deixemos desanimar pela força dos grandes erros e obstáculos que nos colocam adiante. Tenhamos juntamente com a virtude da esperança e da coragem, também a virtude do verdadeiro amor à Pátria e não essa visão míope de uma soma de população e terra atrelados a um estado institucionalizado e amorfo, mas à Pátria com “P” maiúsculo cuja integridade se dá pelo amor a Cristo e que se complementa com a tradição, a família, a cultura, e a língua; enfim, a nossa vocação de uma Pátria Católica e Pan-Ibérica.


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O Código da Cavalaria


1 º Mandamento: Crerás em tudo quanto ensina a Igreja.


2º Mandamento: Defenderás a Igreja


3º Mandamento: Respeitarás os fracos


4º Mandamento: Amarás o país em que nasceste


5º Mandamento: Não recuarás diante do inimigo


6º Mandamento: Farás ao infiel guerra sem trégua e sem mercê


7º Mandamento: Cumprirás exatamente teus deveres feudais se não forem contrários à lei de Deus


8 º Mandamento: Não mentirás e serás fiel a palavra dada


9º Mandamento: Serás generoso e farás liberalidade a todos


10º Mandamento: Combater o mal e defender o bem



SPES - Santo Tomás de Aquino: Sobre o Nacionalismo, o Patriotismo e sua Justa Dimensão