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Tema: Aljubarrota - otros ángulos

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  1. #1
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Face ao Complexo do «Complexo Anti-Espanhol»

    Teremos de ter consciência de que, em termos de relações internacionais, Portugal e Espanha estarão juntos na maior parte das vezes. Mas, possivelmente outras tantas, encontrar-se-ão em lados diferentes, na defesa dos respectivos interesses, no intenso quadro competitivo de uma península económica e até culturalmente multilateral.
    Actualmente, a propósito de qualquer análise sobre as relações entre Portugal e Espanha que uma pessoa arrisque abordar, não se regozijando com a atitude do nosso vizinho, mas culpando-o por nos ter prejudicado, é muito «politicamente correcto» acusá-la de ter o «complexo anti-espanhol», ou seja, de ver na Espanha a principal razão das nossas dificuldades. São modas… O politicamente correcto aconselha, igualmente, a dizer mal dos americanos, em quaisquer circunstâncias…
    Existem comentadores que não resistem a navegar nesta onda. Para eles, é premissa indiscutível que os nossos vizinhos são sagazes e activos, ao mesmo tempo que solidários e bondosos, portanto incapazes de defender os seus interesses com prejuízo dos nossos. Pelo contrário, os portugueses são uns mal agradecidos que, ainda por cima, dizem mal de quem estaria sempre preocupado em ajudá-los.
    A simples ameaça de ganhar o rótulo de ter o «complexo anti-espanhol», repercute-se de várias formas nos portugueses: silêncio envergonhado sobre o nosso relacionamento peninsular, radicado num indefinido sentimento de culpa; atitude permanentemente masoquista, a propósito de tudo que respeite as questões que afectem simultaneamente Portugal e Espanha; ou mesmo um complexo de inferioridade face aos espanhóis, com a predisposição de ceder à sua vontade, certamente mais sábia (?) e mais útil (?) aos nossos interesses que a nossa…
    Por vezes, este comportamento tem origem em motivos genuínos de quem pensa que um único espaço político estatal alargado ao todo peninsular melhoraria o bem-estar dos portugueses, ou então que nos seria benéfico serem outros a governar-nos, em vez de nós próprios. Em outras ocasiões, trata-se simplesmente de fraqueza e falta de coragem. Frequentemente, tem por justificação a barragem de acusações a que se sujeita quem tenha a «triste» ideia de acusar os espanhóis de alguma coisa, por mínima que seja. Isto conduziu a outro complexo, actualmente bem mais dominante do que o «complexo anti-espanhol» - o complexo do «complexo anti-espanhol». É claro que este complexo, incentivado pêlos espanhóis sempre que exista oportunidade, é muito vantajoso para os empresários do país vizinho e para certos empresários portugueses também beneficiados, assim como para a direcção política espanhola em funções, cuja postura não se altera significativamente com mudanças de governo: estilo mais soft com os socialistas e mais hard com os populares. É curioso assistir à forma como reage alguma imprensa do país vizinho, quando existe algum clamor público em Portugal, à volta de queixas com o comportamento do seu governo ou de alguma sua empresa.
    Entre responsáveis portugueses, são inúmeros os exemplos deste complexo. Tanto nas relações de natureza política, como nas económicas e até nas culturais.
    Tem sido comum o governo português fingir que não existem problemas. O caso de Olivença é paradigmático. Sempre que alguém ousa levantá-lo, como a Assembleia da República, legalmente forçada a pronunciar-se na sequência de uma petição que lhe foi apresentada, o governo assobia para o lado, fazendo de conta que o assunto não é com ele.
    Ora, Olivença é um potencial foco de tensão entre os dois Estados ibéricos. Qualquer líder populista com aceitação pública pode usar este assunto para incendiar os ânimos. Aliás, um prestigiado diplomata espanhol retirado já insinuou esta hipótese, quando afirmou a necessidade de coerência por parte de Espanha, em relação a Gibraltar, Olivença e à situação de Ceuta e Melilha. Embora a cada um destes casos correspondam níveis bem diferente de preocupação e de intensidade conflitual.
    Existem outros exemplos políticos, alguns dos quais verdadeiramente lesivos do interesse nacional português. Como o posicionamento de Portugal nas sucessivas negociações, a propósito do caminho-de-ferro de elevada velocidade: nos, aparentemente, predispostos a ceder, apresentando posições de compromisso logo nas primeiras propostas; os vizinhos com posições iniciais fortes, como se fossem factos consumados.
    Ou na condescendência da participação na última cimeira ibérica das lideranças políticas das regiões autónomas espanholas fronteiriças, criando a imagem de que Portugal se rebaixava a este nível. É certo existirem temas que aquelas regiões precisam de negociar com a sua contra-parte portuguesa. Mas este problema tem outra solução - criar urgentemente regiões administrativas, em Portugal, com base nas regiões de coordenação e desenvolvimento regional, por um lado, e estabelecer reuniões periódicas entre as regiões económicas existentes no conjunto peninsular (todas as espanholas, os Açores, a Madeira e o continente português, este representado por um ministro de Estado coordenador, como região económica), onde se tratariam assuntos de ordenamento do território, comércio, turismo, etc., que fossem da sua competência.
    A cimeira política manter-se-ia no modelo tradicional - apenas com os governos de Portugal e Espanha, a fim de debaterem os problemas que lhes correspondem, com a autoridade soberana que detêm. Cada um procurando, naturalmente, o reforço dos seus interesses, no sentido do aumento do bem-estar e segurança dos respectivos povos, como é sua função. Isto não obsta que, a título de assessoria e não como participantes políticos, elementos de algumas regiões (de Espanha e de Portugal) apoiem os líderes dos Estados, em pontos específicos da agenda.
    Também no plano económico têm sido visíveis comportamentos timoratos e atitudes de lamento e/ou submissão, em relação a interesses económicos espanhóis. Se é certo que o lucro é um objectivo central de qualquer actividade económica, não é menos certo que ele, além de não ser o único, pode ser procurado com uma visão que considere o interesse nacional, a exemplo do que fazem alguns dos nossos mais reputados e eficientes empresários.
    Estão a surgir indícios de que esta onda do politicamente correcto está a mudar. No respeitante ao complexo do «complexo anti-espanhol», parece que a profunda crise económica que o país atravessa está a despertar forcas inusitadas no sentido de o limitar, senão eliminar. Passando o discurso e a acção a basear-se apenas no interesse de Portugal, mesmo que ele seja visto e proclamado pêlos nossos vizinhos como prejudicial ao interesse de Espanha. É assim que os espanhóis procedem connosco.
    Teremos de ter consciência de que, em termos de relações internacionais. Portugal e Espanha estarão juntos na maior parte das vezes. Mas, possivelmente outras tantas, encontrar-se-ão em lados diferentes, na defesa dos respectivos interesses, no intenso quadro competitivo de uma península económica e até culturalmente multilateral, de uma União Europeia a expandir-se e a ser progressivamente mais exigente, e de uma organização mundial do comércio onde aumentam os produtores com vantagens comparativas superiores às nossas.
    Entre os sinais, refiro a crescente abordagem objectiva, sem «complexo do complexo», de problemas que se colocam aos dois vizinhos ibéricos. Tanto por jornalistas, como por comentadores, empresários e economistas. Mas o mais significativo, a manter-se o rumo iniciado, sem exageros continentalistas desequilibrados composições atlantistas indispensáveis para nós (América do Norte, América do Sul e África são áreas vitais na nossa política externa), é o sinal político transmitido pelas recentes viagens a Espanha do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal.
    Foi possível ver firmeza, acção dinâmica e ofensiva, juntamente com a habilidade diplomática e a cortesia adequadas a vizinhos, aliados e amigos. E não uma posição defensiva, estática e apenas reactiva. Duas das declarações de Sócrates ao El País sintetiza na linha de rumo que nos é conveniente. Por um lado, Espanha é a nossa primeira prioridade em política externa, o que é uma verdade que a História confirma exaustivamente. Sendo a Espanha o nosso primeiro problema e maior preocupação, seria muito estranho que não fosse a primeira prioridade. Por outro lado, foi dito claramente aquilo que há muito deveria ter sido dito pelo primeiro-ministro (já tinha sido afirmado pelo PR): «o que queremos é que o mercado espanhol se abra da mesma maneira» que o nosso se tem aberto.

    - Gen. Loureiro dos Santos (Jornal PUBLICO) (24/04/2005)

  2. #2
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    A Nova Aliança

    Ao Rafael Castela Santos

    Não me refiro À Nova Aliança. Escrevo, tendo presente a obra notable que António Sardinha nos legou, «A ALIANÇA PENINSULAR», em que propunha, como alternativa à Aliança Inglesa, que não o satisfazia, um compromisso político e estratégico de acção comum dos dois países ibéricos, que dessem continuidade aos elementos civilizadores comuns que, na História, haviam guiado o seu desmpenho.

    Sardinha escrevia em época na qual ainda havia potências europeias que contavam. Ao teorizar o enlace Ibérico, doutrinava contra os iberismos, quer o integrador, ainda fresco no pensamento de Afonso XIII, deixado claro na entrevista de Miramar, quer os federalistas, propugnados pelos republicanos oitocentistas de Cádis, como pelos socialistas do Século XX e, ininterruptamente, por figuras gradas das maçonarias de ambas as Nações. Começa por desmontar o atávico espantalho do «perigo espanhol», recordando-nos que, a partir de de D. Fernando e até que o projecto de união concebido por D. João II e os Reis Católicos teve o trágico fim que se sabe, Espanha viveu também um "perigo português" de intervenção e intentada hegemonia. Contrapõe depois a oportunidade falhada, com Filipe II (primeiro de Portugal), em que os dois reinos mantinham a sua especificidade sob Coroa e imperativo estratégico comuns, à perversão do sistema com que Olivares, no puro intuito de melhor servir o seu Rei, Filipe IV, procurou passar Portugal de Reino a província. Prossegue, pondo a nu a lenda negra, espalhada por servidores de religiões anti-católicas, como Guilherme o Taciturno, ou rivais amorosos de Filipe II, quais Antonio Perez. E mostra como também, por tabela, nos tocou um tanto dessa propagandeada difamação.
    No Século XX, já falecido o Mestre Integralista, dois génios políticos, Franco e Salazar, sempre estribados na Arte do Possível, conseguiram uma versão reduzida à mínima expressão do entendimento hispânico, consubstanciada na Amizade Peninsular, o qual, limitado como era, deu no entanto para preservar as suas Pátrias, acossadas por compromisos internacionais antagónicos, de se martirizarem num conflito em prol dos interesses de outros.
    E hoje? Para quem, como eu ama a Espanha, tendo lá passado férias anos a fio, seria sedutor actualizar o grande ensinamento que venho evocando. Quando Sardinha redigia o seu tratado, Portugal tinha um Império imenso. Agora, é o que se sabe. A pujança da economia espanhola, bem como a diversa dimensão de ambos os Países, poderá inspirar temores. Mas é preciso não esquecer que Espanha também sofreu. Além da perda das possessões marroquinas, que eram essenciais na doutrinação do escritor português, vive um momento em que o antiquíssimo problema das "nacionalidades" não encontra em Madrid um poder disposto a resistir ao desmoronamento com que ameaça. Portugal poderia, através de um programa de acção comum com o seu Grande Vizinho, desviar as energias das lutas intestinas para objectivos mais amplos de afirmação.
    Que objectivos seriam esses? Decerto o da defesa de interesses económicos comuns ameaçados, no seio da Europa pretensamente unida, por Europeus de outros quadrantes, insensíveis que são ao que é essencial à sobrevivência digna do modo de vida dos membros do Sul do Continente. Mas mais, muito mais, poderia a unidade da nossa acção constituir-se, neste planeta unipolar, como um derradeiro nicho de resistência aos hedonismos que investem contra os restos da Civilização Católica que nos formou e onde creio estar a Verdade: o de origem norte-americana, expresso no consumismo desenfreado e o que alastra a partir da Europa reformada e pretende utilizar as instituições europeias para padronizar todos à sua medida - o do abortismo e da insensibilidade perante a manipulação genética, prestes a redundar na hedionda pré-programação.
    Claro que a afirmação enunciada estaria sempre dependente de termos em Madrid e em Lisboa políticos com estatura, precisamente o que nos vai faltando. Mas será bom que as ideias vão precedendo os Homens.
    Aqui lanço o meu repto a que outros, com mais dons, intervenham, no sentido de fortalecer o credo orientador com que, por enquanto, apenas podemos sonhar.
    Esperemos que, desta, como escreveu o Poeta, o sonho comande a vida


    Creo que la autoría de este escrito es de Paulo Cunha Porto en respuesta a un artículo mío contra el iberismo.
    Pido disculpas de antemano si estuviera yerrado en este punto y rogaría que me comunicasen el error sobre la autoría de este texto si así fuere.

    Rafael Castela Santos

  3. #3
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    A PROPÓSITO DO "IBERISMO"


    Há dias o Miguel Castelo Branco, na caixa de comentários deste blogue, instou-me que escrevesse sobre o "iberismo" — e que me pronunciasse sobre "a velha confusão entre a admiração e respeito pelos irmãos castelhanos e a submissão ao centripetismo da meseta".
    É, de facto, real a "imiscibilidade dos dois carácteres pensinsulares". Disso mesmo se deu conta, com extraordinário proveito dos poucos que o lêem, o eminentíssimo Francisco da Cunha Leão, filósofo, ensaísta e poeta, que integrou o movimento da Filosofia Portuguesa. Refiro-me a duas extraordinárias obras de sua lavoura sobre a identidade de Portugal: «O Enigma Português» e «Ensaio de Psicologia Portuguesa».

    Mas sem embargo da imiscibilidade dos carácteres, devemo-nos mutuamente uma relação de entendimento e amizade, povos vizinhos da casa comum europeia, tanto que — como o Miguel expressamente reconhece — "a comunicação literária entre os dois povos nunca conheceu dificuldades". E aqui vem a talhe de foice lembrar os vários portugueses que escreveram in utraque lingua, os expressivamente chamados escritores bilingues. Chamo logo à colação os poemas do condestável D. Pedro e mais os cancionistas áulicos de Garcia de Resende. E depois, não esqueço Gil Vicente, Sá de Miranda e Camões — as três sumidades do quinhentismo português. A coisa tornou-se tão geral e tão profunda que sobretudo na poesia a custo se lobriga algum quinhentista de nome que tivesse refugado a língua de Castela. Acrescento ainda os nomes de Gregório Silvestre, Jerónimo Corte-Real, Jorge de Montemor, Faria e Sousa. (Abro aqui um parêntese para patriotas assanhados: a excepção conhecida, que por insulada confirma a regra, é a de António Ferreira — que teimou em escrever em português e só português).
    Mesmo durante os 60 anos dos Filipes, a usança de grafar em castelhano continuou. Sobre a claridade da fama de vários escritores lusos tem-se posto a névoa do castelhanismo — tanto o literário, estranhável só para quem desconheça a evolução das letras portuguesas, como o politico, de quem perdeu a noção patriótica. Recorde-se o exemplo de D. Francisco Manuel de Mello (que participou nos combates da coroa espanhola contra os holandeses), Vasco Mouzinho de Quevedo, Francisco Matos de Sá, o comediógrafo Jacinto Cordeiro e o distinto Francisco Rodrigues Lobo. Diz-se que vergaram a cerviz aos Áustrias, reis intrusos do seu país, pondo a pena ao serviço e louvor deles. E fique claro que a voz dos citados não foi à desgarrada que cantou, foi em coro com toda a sorte de confrades de Apolo, do maior ao mais pequeno.
    Estaremos perante um delito de lesa-pátria? Não creio. Estava longe a reviravolta de 1640; chegara-se a aceitar sem repugnância o ceptro dos Áustrias, contanto fosse respeitado o humor dos portugueses, conforme dizia e praticava o diplomata Cristóvão de Moura. No fundo, é como hoje, quando se aceita a transferência da soberania para Bruxelas ou o fim da moeda própria como factos consumados e iniludíveis. E às vezes, até, como vantajosos para a Pátria.

    Ao tempo, a civilização de Castela, dominante em toda a órbita da península, irradiava mesmo fora dela. Sobre a França o castelhanismo exerceu o mais patente influxo; a sua grande literatura, desde Montaigne a Corneille e a Molière, bebeu à farta na fonte hispânica. O que os Rodrigues Lobos faziam, como fazem os de hoje, era imitarem a estranja. Cultural e mentalmente copiava-se o figurino de Espanha em tudo — nas artes, nas letras, nas ciências, nos usos e nos costumes. A cultura espanhola impôs-se então ao nosso país — como depois se impuseram sucessivamente as culturas francesa, inglesa e americana. No século XVII, Portugal fez-se parcela da Espanha menos pelo poder dos Filipes do que pelo deslumbramento pacóvio da gentalha. Admirámos a alta sociedade espanhola; a corte de Lisboa regulou-se pela de Valhadolid ou Madrid; a fidalguia portuguesa buscou viver à lei da nobreza de Castela. Bebemos a instrução na universidade espanhola, a famosa Salamanca, associada depois a Alcalá. O problema de Portugal é que andou sempre vestido de sobrecasaca estrangeira.
    Sei bem que a monarquia filipina também conquistou Portugal pela brecha da venalidade. Em 1580, nas Cortes de Almeirim, o dinheiro jorrou a rodos pelas bancadas tribunícias. Foi-se a votos. Contados os dedinhos no ar (ainda não havia papelinhos na urna...), o partido castelhano teve mais um. Nesse mais um, sumiu-se a independência pelo ralo da democracia. As famosas cédulas reais de Cristóvão de Moura circulavam pelas mãos corruptas de fidalgos, mercadores e magistrados. Não houve só vencidos, houve vendidos. Pessoas de muita honra e cabeça abraçaram o partido castelhano; tais, para não citar outros, Bartolomeu dos Mártires e Jerónimo Osório. E a plebe, segundo conta Oliveira Martins, aclamava o rei estrangeiro, vinha coroá-lo, saudá-lo, pedir-lhe a bênção. A vaidade nacional chegou a delirar até à megalomania; queria roubar o monarca à corte de Madrid. O patriotismo — na melhor das hipóteses — orça sempre por uns favores e uns privilégios. Concedidos uns e outros, adeus, ó Pátria, que eu vou fazer-me à vida!
    Tudo isto para chegar ao ponto. Eu celebro o 1.º de Dezembro , a data heróica de 1640, e nunca esqueço a dura e longa guerra sequente pela independência que os portugueses aguentaram com estoicismo e paciência de Job. Mas descreio das epopeias históricas seiscentistas, que nos oferecem um D. João IV redentor, levado em unanimidade ao trono pelo heroísmo do bom povo patriota. O facto é que a revolução encontrou o país dividido. Como de costume, alguns dos que mais loas haviam tecido aos Filipes foram logo os primeiros a abraçar a causa do Bragança. Outros, menos adesivos, admitiam de boamente a união hispânica, a união ibérica, desde que a ela presidisse a relativa autonomia política e administrativa. O Áustria era uma fatalidade histórica. Acho sinceramente que, num futuro próximo, novas levas de gente lusa entenderão o iberismo como uma fatalidade histórica. Uns por ignorância, outros por traição proverbial, outros ainda à cata do salário mínimo espanhol. Os portugueses estão cansados de soberania e independência.

    Bruno Oliveira Santos, bitácora NovaFrente (5 de Mayo, 2006)

    El artículo original se puede encontrar aquí.

  4. #4
    zegato está desconectado Miembro graduado
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Pois mas se nao fosse Aljubarrota, isto não seria possível:

  5. #5
    Avatar de Ordóñez
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Amigo Zegato, menuda colección de banderas masónicas.....Igual si el bando de la Beltraneja hubiera ganado en la guerra civil no se hubiere producido el tándem Castilla-Aragón y sí el Castilla-Portugal, como advierte hasta Sardinha. Aljubarrota fue una batalla medieval; como pudo ser la de Castilla-Navarra en Atapuerca o las mismas " banderías " de Oñates y Gamboas en las Vascongadas; que nada tuvo que ver en la conformación del gran imperio portugués. A menos, eso sí, que sucumbamos ante el " romanticismo nacionalista ".....

  6. #6
    Avatar de Val
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Sobre todo llama la atención la bandera de Mozambique, que luce un fusil AK-47 (país de señores de la guerra y demás, parece que quiere representar), ya te pone en guardia para entender de que va el país.

  7. #7
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Aparte que el Imperio Portugués se fundó por la Monarquía Católica, la de la bandera blanca y la Ordem de Cristo; y no por la bandera republicana y masónica; cuyo débil estado fue asediado por determinadas potencias que se creían " amigas ", tales como la Pérfida Albión. Mezclar Aljubarrota en todo ello es un sinsentido más bien tóxico.

    Por mi parte, felicitar al amigo Boanerges por tan gratas aportaciones, muchas alejadas del " nacionalismo oficial " de cierta historiografía, de la que acá tampoco carecemos.

  8. #8
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    ESPANHÓIS: ELES VIERAM PARA FICAR

    Bruno Raposo e Arquivo CM
    Na última época de saldos, havia em Lisboa lojas de cadeias espanholas com letreiros a dizer ‘Rebajas’, como se estivéssemos em Madrid. Os castelhanos voltaram a invadir o País? Ainda não. Mas em pleno século XX Espanha quis anexar-nos duas vezes...
    São duas imperiais, por favor.” Pedro Vasconcelos, o gerente, faz soar um sintete, ‘dlim-dlim’, grita “Saem duas ‘canhas!’” e abre a torneira de pressão para encher um par de copos largos e rasos. Aqui ninguém bebe cerveja pelos copos finos portugueses. O balcão está coberto de pratos com pedaços de queijo, de enchidos, de carne, de calamares, presos a bocados de pão com palitos. Quem quiser ‘tapear’ – ou seja, comer as ‘tapas’ – pode servir-se à vontade: à saída, paga-se o número de palitos depositados num pequeno copo. Às 23h30, no Lizarran, restaurante-bar espanhol, na rua Latino Coelho, em Lisboa, o ambiente começa a aquecer.

    Quando Pedro Vasconcelos aumenta o volume da música que dá fama à casa, três raparigas de um jantar de aniversário sobem para as cadeiras. A música ‘Um Movimiento Sexy’ soa nas colunas e os convidados da festa, no meio do bar cheio de gente, coordenam as coreografias, movendo as ancas para um lado e para o outro. “Así, así...”, gritam. E escalam das cadeiras para cima das mesas. Uma das mulheres quase pisa o prato de outro conviva. Mas ninguém leva a mal. É uma ‘fiesta’ que atinge o clímax aos primeiros acordes de ‘Asereje’, a canção do trio feminino Las Ketchup, sucesso comercial hispânico na moda. Nesse momento, as coreografias aceleram em delírio e o mundo agita-se dentro do bar: novos e velhos, executivos engravatados e estudantes descontraídos – todos dão nas vistas em cima da mobília. É tudo muito efusivo, muito espanhol, embora sem a presença notória de espanhóis. Estamos numa sexta-feira. ‘Nuestros hermanos’ foram passar o fim-de-semana a casa.


    A AMBIÇÃO DO AVÔ BOURBON

    Poderia Portugal ser hoje um gigantesco Lizarran? Se não fossem os conjurados do 1 de Dezembro de 1640, que puseram fim ao domínio dos Filipes, estaríamos nós condenados a comer ‘tapas’ e ‘tortillas’ em vez de cozido à portuguesa e bacalhau com todos? É difícil responder. O certo é que a ameaça espanhola atravessou os séculos e voltou a estar presente 300 anos depois da Restauração. Apesar de o imaginário antiespanhol estar dominado desde a época medieval pelas lendárias espadeiradas da padeira, que desbaratou um grupo de soldados castelhanos em Aljubarrota, foi no século XX que a independência voltou a ser ameaçada pelo país vizinho. A invasão militar esteve por duas vezes – e não há muito tempo – nos planos de Madrid.
    Disso dá conta um livro editado pela Junta da Extremadura, apresentado em finais de Janeiro na Sociedade de Geografia de Lisboa. Na obra ‘El Império del Rey - Alfonso XIII, Portugal y los Ingleses (1907-1916)’, o historiador espanhol Hipólito de la Torre Gomez – professor na Universidade Complutense de Madrid –, demonstra que o perigo espanhol esteve muito mais presente do que pensam os portugueses. Nos anos que antecederam a I Grande Guerra, Afonso XIII – avô do actual rei Juan Carlos – fez saber da sua ambição para anexar Portugal. Em Inglaterra, Winston Churchill não se lhe opunha.

    Hipólito de la Torre Gomez refere que Afonso XIII de Bourbon, tomou muito directamente em suas mãos, quase como uma coisa sua, a ‘questão portuguesa’. E, a partir de 1909, deixou de esconder os seus propósitos de intervenção e anexação de Portugal. Nas vésperas do primeiro conflito mundial, o rei quase teve o beneplácito do Reino Unido. Nessa época, os dirigentes ingleses ponderavam escolher entre a aliança luso-britânica e o estreitamento de relações com Madrid, para que a Espanha não alinhasse com as potências da Entente, ao lado da Alemanha. Em 1912, Winston Churchill, 1º Lorde do Almirantado, escrevia: “Se tivermos de escolher entre a amizade de Portugal e a de Espanha, a de Espanha é de superior valor.” O futuro primeiro-ministro britânico sabia que uma aliança com o maior Estado Ibérico trazia vantagens na contenda que se avizinhava.

    Tomando consciência da posição vantajosa de Espanha, os líderes da jovem República portuguesa ansiavam por oferecer ajuda militar à Grã-Bretanha. Objectivo? O reconhecimento internacional do novo regime e a protecção contra Castela. Mas Churchill desprezou o aliado lusitano. “A nossa atitude em relação a Portugal deve ser fria e (...) devemos aceitar os menores serviços possíveis”, declarou numa carta a um governante britânico.

    Resumindo, “Portugal foi (...) objecto de uma espécie de persistente ‘negociação’ sugerida, informal e às vezes explícita, com as potências ocidentais, especialmente com a Inglaterra”, descreve Hipólito de la Torre Gomez. O historiador dá conta de que os ímpetos expansionistas do jovem monarca espanhol acabaram por ser travados por políticos mais prudentes. Do lado inglês, o subsecretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Eyre Crowe, dizia, nesses anos, que os desígnios de Afonso XIII sobre Portugal provavelmente permaneciam no reino da utopia e classificava o estilo do rei como impulsivo e irresponsável. Quando a sangrenta guerra das trincheiras começou a desenrolar-se em 1914, conclui de la Torre, “a neutralidade da Espanha acabou por tranquilizar Portugal”.


    A COBIÇA DO GENERALÍSSIMO FRANCO

    Mas o perigo espanhol não parou aqui. “Sempre que viu uma oportunidade para controlar ou até anexar Portugal, Espanha tentou aproveitá-la”, argumenta o historiador António José Telo, professor na Academia Millitar. A última vez que o Governo espanhol manifestou vontade em dominar a península foi na segunda metade de 1940, estava a II Guerra Mundial numa fase em que a máquina de guerra nazi ainda detinha alguma vantagem no desenvolvimento do conflito.

    Sem mostar qualquer gratidão pelo apoio de Salazar durante a Guerra Civil de Espanha, o número dois do regime e cunhado de Franco, Serrano Suñer, defendeu em Berlim, junto de Hitler, que, “numa Europa dominada pela Alemanha, era duvidoso que Portugal se mantivesse independente”, explica José Telo. Durante essa visita à Alemanha, Suñer fez saber que a Espanha achava que deveria fazer “pressão para Portugal se afastar de Inglaterra”. Mas foi o próprio Hitler a dizer que jamais os portugueses aceitariam tal proposta, pois perderiam de imediato o seu império.

    O cinismo na diplomacia é tanto que, enquanto em Berlim decorriam estas conversações, os espanhóis garantiam ao Governo de Lisboa que poderiam estar seguros, pois não representavam qualquer perigo para a soberania lusa... Mas a Alemanha perdeu a guerra. E os dois regimes ibéricos sobreviveram até aos anos 70, com mais ou menos proximidade – muitas vezes de costas voltadas –, mas sempre em paz.


    A CONQUISTA ECONÓMICA

    E hoje? O vizinho espanhol continua a ser essa temível ameaça? Há quem pense que sim, embora noutro plano. Passadas quase duas décadas sobre a entrada dos dois países na então chamada Comunidade Económica Europeia – sendo ambos membros da mesma estrutura militar (a NATO) –, é através da economia que Portugal sente o peso do irmão ibérico. Os portugueses não se encharcam em ‘tapas’ – apesar do sucesso dos restaurantes Lizarran –, mas compram muita roupa na Zara, comem muita fruta espanhola, e gastam dinheiro no El Corte Inglés.

    Aliás, a Avenida António Augusto Aguiar (onde fica esse grande espaço comercial), que curiosamente desemboca na Praça de Espanha, é a face mais visível do poder empresarial de ‘nuestros hermanos’. Em Madrid não há quarteirões inteiros de tiendas portugueses, mas em Lisboa sucedem-se as lojas espanholas entrecortadas por agências dos bancos Santander, Bilbao y Viscaya ou Totta. De cada vez que gastam cem euros no supermercado, os portugueses gastam 27 euros em produtos espanhóis, declarou, recentemente, Martins da Cruz, Ministro dos Negócios Estrangeiros. A Espanha é o segundo cliente de Portugal, absorvendo 19% das exportações nacionais; mas é, de longe, o maior fornecedor do País.

    Num mercado livre vencem os mais fortes e competitivos. Por isso, Espanha, com uma economia cinco vezes maior do que a portuguesa, exerce uma influência esmagadora sobre o rectângulo encostado ao Atlântico (ver quadro). A força dos grupos empresariais hispânicos é tão poderosa que um conjunto de empresários e académicos entregou ao Presidente da República e ao Primeiro-Ministro, no ano passado, o já célebre Manifesto dos 40, para a manutenção dos centros de decisão em mãos nacionais.

    “Embora nesse documento nunca seja mencionado o nome de Espanha, é o país para o qual será mais fácil perder os centros de decisão”, afirma António Nogueira Leite, um dos subscritores desse texto, professor na Faculdade de Economia na Universidade Nova e ex- secretário de Estado do Tesouro e Finanças de um Governo socialista. Se não houver uma estratégia bem definida, o grupo dos 40 teme que Portugal possa perder o poder de decisão em áreas tão sensíveis como as telecomunicações, a energia ou as infra-estruturas.

    “É um jogo económico, mas também uma questão política”, alega Nogueira Leite, dando como exemplo a cumplicidade que o governo espanhol mantém com os grupos privados no seu país: “Nenhuma empresa onde o governo queria tomar decisões foi parar a mãos estrangeiras.” Na sua opinião, é muito difícil entrar no mercado espanhol: “Há verdadeiros entraves a empresas portuguesas. Quando a EDP quis comprar a Hidrocantábrico não me pareceu que houvesse regras muito claras”, exemplifica.


    SOLDADOS DE UMA INVASÃO

    Em 2001, apesar destas queixas, Portugal foi o maior investidor estrangeiro em Espanha. Mas as diferenças perduram: enquanto do lado de cá há existem mais de três mil empresas espanholas, em Espanha as portuguesas não chegam às quatrocentas, comparava o jornal ‘La Gaceta de los Negócios’ há poucas semanas. A desproporção continua a ser enorme.

    Contrariando a opinião de uma parte dos empresários portugueses, Enrique Santos, presidente da Câmara do Comércio e Indústria Luso-Espanhola, nega que as empresas portuguesas encontrem obstáculos no seu país. “O embaixador português em Madrid, Rosa Lã, pediu para sabermos junto dos nossos associados quais eram os problemas das empresas portuguesas em Espanha. Não conseguimos identificar quaisquer barreiras. O que encontrámos foi um mercado muito mais competitivo do que o português, em preços e qualidade. Os espanhóis compram as empresas portuguesas de forma legal”, acrescenta.

    “Só que agora, para além dos sectores onde tomaram posições importantes, como na banca ou no comércio, estão a investir na agricultura, comprando herdades inteiras no Alentejo, que vão beneficiar com a Barragem do Alqueva. São agricultores da vizinha Extremadura. Os terrenos aparecem no mercado e eles compram porque os portugueses não o fazem”, remata Enrique Santos.

    Num almoço organizado recentemente com mais de 200 empresários de ambos os países, Martins da Cruz, ministro dos Negócios Estrangeiros – que foi durante três anos embaixador em Madrid –, constatou o óbvio: “A Espanha tem mais importância para nós do que Portugal para os espanhóis.” Porém, achou exageradas as vozes incomodadas com o poderio do Estado vizinho: “Esta assimetria é por vezes mal percebida na nossa opinião pública, e até em alguns sectores da economia. Os empresários espanhóis são muitas vezes entendidos como soldados de uma ‘invasão’, ou como responsáveis de uma ‘deslocalização dos centros de decisão económica’ para o país vizinho”, ironizou o ministro, cuja aposta política passa pela diplomacia económica.

    Segundo Martins da Cruz, Portugal ainda pode crescer sete a 12 por cento nas relações comerciais com Espanha. Mas será isso que vai inverter os pratos da balança e pôr os espanhóis a comer cozido ou bacalhau – ou seja, a consumir mais exportações portuguesas? Pelo menos é unânime que falta alguma agressividade às empresas portuguesas para concorrerem no mercado ibérico.

    No andar de baixo do restaurante Lizarran concorrem as duas bandeiras, com vantagem para a portuguesa, que é enorme, ao lado da espanhola, bem mais discreta. Pedro Vasconcelos, o homem que pôs os portugueses a tapear, adora o nativos do país de Cervantes: “São mais educados do que os portugueses, mais arrojados, mais inteligentes, mais astutos, mais atrevidos”, mais tudo. À sua volta, a agitação continua. Serve um licor basco. Toca a sineta, ‘dlim-dlim’. E tira mais duas ‘canhas’, enquanto a clientela dança ao som dos ritmos ‘salerosos’.


    O QUE NÓS GOSTAMOS NELES

    Zara – As montras são apelativas, a roupa é moderna e barata, e o costume de lá comprar entrou nos hábitos nacionais. Homens e mulheres não dispensam a visita aos estabelecimentos do grupo Inditex (que em Portugal possui 152 lojas das marcas Zara, Massimo Dutti, Pull and Bear, Bershka, Stradivarius Oysho e Kiddy’s). São um dos símbolos da invasão espanhola, mas marcam de forma positiva o visual dos nativos lusitanos.

    El Corte Inglés – O projecto demorou 14 anos a concretizar, é o único da cadeia situado fora de Espanha, mas os consumidores portugue-ses, ávidos de centros comerciais, aprovaram o conceito. Mais de 15 mi-lhões de pessoas entra-ram no centro comercial em 2002. É obra. Mas os comerciantes do Porto já fizeram saber que não querem lá nenhum estabelecimento do mesmo género. Terão medo do quê?

    Tapas – Com atum, com queijo, com enchidos, com qualquer coisa, e acompanhadas de uma cerveja espumosa e de uma boa conversa, como fazem os espanhóis à noite – as tapas começam a ser apreciadas pelos petisqueiros nacionais. Bem haja quem as importou.


    Auto-estima – A exagerada auto-estima dos espanhóis pode estar no limite da arrogância, mas não deixa de ser invejável. Ouvem a música deles, dobram os filmes estrangeiros, traduzem tudo. Em Portugal, onde o discurso oficial parou no não perder o comboio europeu, se um político fizesse como Aznar, chamavam-lhe louco. Empolgado num comício da última campanha, ele gritou: “Vamos ser os melhores da Europa!”

    Las Ketchup – Não é molho para batatas fritas, mas o nome de um grupo de três raparigas mui guapas que interpretam uma cantiga impronunciável. O tema ‘Asereje’ é um sucesso mundial, e cada vez mais usado em toques de telemóvel. A coreografia com que as jovens portuguesas dançam a música é a herdeira da velha Macarena – lembram-se?


    O QUE ELES GOSTAM EM NÓS

    Luís Figo – Os catalães de Barcelona que o amavam passaram a odiá-lo quando se transferiu para o Real Madrid. Agora são os madrilenos que o adoram. Se não jogasse num campeonato como o espanhol, dificilmente teria sido considerado o melhor do mundo. É o maior embaixador de Portugal no país vizinho e, que se saiba, o melhor assalariado português a expensas espanholas. Nem Fernão de Magalhães terá conseguido tantas ‘prebendas’ em Castela...

    Delta – É difícil negar que o café em Espanha é péssimo. Depois de uma semana do outro lado, um português já desespera por uma bica verdadeira. Mas a empresa de Campo Maior é uma das maiores naquele mercado. Se os espanhóis gostam tanto de café português, pode ser que um dia apreciemos as bicas à espanhola. Seria um avanço nas relações ibéricas.

    Praia – Para muitos espanhóis da raia extremadurenha e mesmo de Madrid, as praias do litoral alentejano são um destino de eleição. Para os primeiros, o Atlântico fica mais perto do que o Mediterrâneo. Para os segundos, estes areais são como um paraíso, longe do confuso Sul de Espanha, mais parecido com o Algarve. Por isso é vê-los chegar ao Carvalhal, à Comporta ou a Milfontes nos fins-de-semana de Verão.

    José Saramago – Quando venceu o Nobel da Literatura, foi abertura nos telejornais espanhóis. Quando apresentou ‘O Homem Duplicado’ em Barcelona, não havia lugar no auditório para tanta gente. Casado com a espanhola Pilar del Rio, a viver nas Canárias, o escritor publica os livros em simultâneo nos dois lados da fronteira.

    Independência – Quem admira a independência portuguesa, não sem uma ponta de inveja, são os nacionalistas galegos, catalães e bascos. Numa manifestação recente na Galiza, após o acidente do ‘Prestige’, trabalhadores da televisão regional gritavam: “Menos mal que nos queda Portugal!” Numa das principais avenidas de Barcelona pode ler-se em Catalão: ‘L’autonomia que ens cal, es la de Portugal’ (‘A autonomia que nos faz falta é a de Portugal’). Por oposição, há um dito castelhano que fala de uma Espanha una e grande, de mar a mar, sem Portugal nem Gibraltar.


    Vítor Matos (Correio da Manhã, Magazine Domingo del 7 de Marzo del 2003)




  9. #9
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Yo no sé qué España ha visto este tal V. Matos, pero vamos, el decir que en España sobra la autoestima.....Me parece a mí que este tipillo no la ha visto ni en postales. Y si se cree que hay muchos españoles dispuestos a invadir Portugal, más de lo mismo. Confundir el " poder económico " con la " causa nacional " es propio de gringos. Claro que en el resto de las Españas también hay cocido....Y otra vez el " malvado castellano " que oprime a lusos, catalanes, gallegos y la madre que los parió a todos....En fin, las babas nacionalistas asquean demasiado con tanto tópico típico y tanta ignorancia. Le ha faltado alabar Methuen.....


    Boanerges, ¿ esto es de la derecha cavaquista ?
    Última edición por Ordóñez; 03/10/2007 a las 21:03

  10. #10
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Querido amigo:

    Ya le responderé con más calma, pero no. No es un representante estrictamente hablando de la derecha cavaquista. Es un representante de mucho del sentir de Portugal. Muchos portugueses, llevados del visceralismo y del tópico, piensan así de España y de los españoles. Consecuencias de la educación en el odio. Allá el odio y de este lado de la raya la ignorancia y el desprecio de Portugal. Así nos va.
    Voy a seguir colgando opiniones portuguesas sobre las relaciones entre España y Portugal, ángulos portugueses sobre España, sobre 1640 y sobre Aljubarrota. En algún momento intentaré poner un poco de síntesis de todo esto.
    Entretanto le dejo con el siguiente post.
    Un cordial abrazo, Ordóñez,

    RCS

  11. #11
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    A Restauração dos Valores

    Qual o sentido da comemoração no dia 1 de Dezembro? Mero saudosismo estéril ou defesa dos valores perenes?

    Talvez sejam estas as perguntas que se colocam milhões de Portugueses; perguntas essas que merecem uma resposta por parte daqueles que procuram um sentido para a mesma, ainda que essa resposta não seja politicamente correcta nem esteja na moda e que, falsamente, pareça não estar de acordo com a realidade contemporânea, ainda que se considere que devemos ceder sempre para perder menos... E o Outono dá-nos a lição da sábia natureza: "Quem vai com o vento é folha morta..."
    Não! Os Arautos d’El Rei não são oportunistas, não combatem fantasmas, mas sim os erros tal qual eles se nos apresentam nos dias actuais, os erros da modernidade, perante os quais não dobramos os joelhos, nem sequer um deles!
    Estes erros são o fruto de uma Revolução cinco vezes secular, à qual dedicamos a nossa atenção, realizando estudos e promovendo debates sérios e compenetrados.
    O homem contemporâneo coabita paredes-meias com hábitos e formas de pensamento resultantes da disseminação destes erros, e é contra eles que lutamos, sem medo, na esperança de uma verdadeira Restauração. Restauração não apenas do nosso País, mas daquilo que resta da Civilização Ocidental e Cristã, que procuramos amar e servir dedicadamente.
    Se para os heróis de 1640 valia a pena correr o risco das suas vidas para libertar o Reino de um jugo injusto, que queria transformar Portugal em mera província, que dizer, nos dias actuais, da posição que deve ser tomada na defesa da nossa soberania, cada vez mais ameaçada por poderes alheios que, mais e mais, tomam decisões que ignoram os nossos valores mais profundos, propondo muitas vezes leis contrárias à nossa Moral, fruto da Religião Católica Apostólica Romana professada pela larga maioria do Povo Português?
    Vislumbramos já os nossos "amigos", radicalmente moderados, a preparar uma desposta inteligente, citando as Escrituras – e ainda bem que as consideram adaptadas à realidade apesar dos seus 2000 anos: «Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Mas talvez se esqueçam que esta afirmação proferida pelo Rei dos Reis, que sempre foi interpretada em conjunto com estoutra que estabelece que «se deve obedecer mais a Deus que aos homens» . O que resulta na afirmação do princípio: onde a lei do Estado contradiz a lei de Deus há que recusar-lhe obediência.
    A coerência com os princípios muitas vezes é dura e provoca o ostracismo, mas a sua beleza forja a História e transforma o homem, ordinariamente imerso nas banalidades e preocupações da existência quotidiana, em Homem, artífice da História. E não há nada que o Homem, fiel à graça de Deus, não possa alcançar, e são os grandes movimentos da História que no-lo demonstram. Foi a fidelidade aos princípios que actuou na Restauração de 1640. O Rei D. João IV, como preito de louvor e vassalagem, coroou Nossa Senhora como Rainha de Portugal, num acto carregado de simbolismo, que até hoje marca a vida dos Portugueses.
    Não é por interesse, oportunismo ou indisfarçável desejo de honrarias que sempre lembramos o grande mal dos nossos tempos: o igualitarismo. Este erro, fruto do processo histórico de decadência do Ocidente, torna os homens incoerentes, relativistas e demagogos. E, com dor o dizemos, são os que mais responsabilidades têm, para com o passado, o presente e o futuro, os que mais imersos estão na mitologia oriunda da Revolução Francesa.
    Repetimos, e fá-lo-emos até à exaustão: as desigualdades, desde que sejam harmónicas e proporcionais são um bem. Os direitos que resultam da natural igualdade dos seres humanos, o direito à vida, à honra, a constituir família, ao trabalho, ao salário justo, à prática da verdadeira religião, são iguais para todos. Tudo o que atente contra esses direitos é contrário à Orden estabelecida pela Providência. Quando falamos das desigualdades não falamos só da Nobreza – é dela que parecem ter espantoso receio os radicalmente moderados – falamos de todas as desigualdades provenientes dos acidentes da vida, tais quais, virtude, talento, beleza, força, tradição e também a Família.
    Não advogamos o privilégio do nascimento em exclusivo para os herdeiros de tronos: seria incoerência manifesta. Direito que defendemos do mais fundo das nossas almas, também é válido para muitas outras esferas da sociedade. Contudo este direito implica deveres enormes e muito sérios, que a sociedade tem legitimidade de questionar, em caso de degeneração, escândalo ou infidelidade a princípios sagrados.
    Em 1 de Dezembro de 1640 um punhado de Portugueses, grande parte deles pertencentes à Nobreza, imbuídos de princípios autênticos, restaurou a nossa Coroa e a nossa Independência. Foram coerentes e servem de modelo para os nossos dias. A coerência no Ser talvez seja já um grande passo para a transformação dos acontecimentos. Mas isto implica renúncias,
    dedicações, espírito de sacrifício e, muitas vezes, incompreensões por parte daqueles de quem menos esperávamos.
    Não importa. O cumprimento do dever e a consciência do serviço prestado são consolações superiores.
    Os Arautos d’El Rei comemoram esta data com alegria e convictos de que o exemplo dos heróis da Restauração ainda continua a dar os seus frutos neste início de terceiro milénio. Celebramos hoje sempre atentos e prontos a lutar pelos princípios perenes da Civilização Cristã, da qual a Monarquia é uma das mais belas expressões no campo temporal.
    Pedimos a Nossa Senhora da Conceição, coroada pelo primeiro rei da dinastia de Bragança, que derrame as suas bênçãos sobre o nosso País, protegendo e favorecendo todas as iniciativas que forem empreendidas para a conservação da nossa independência, da nossa Fé e dos nossos valores.

    Coimbra, 1 de Dezembro de 2003

    El original, que se puede encontrar aquí, está en Os Arautos d’El Rei.

  12. #12
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    Re: Aljubarrota - otros ángulos

    Muito brigado meu irmao


    Aquí os dejo un par de textos que puse como referente de la idea mellista de " Monarquía Dual " como Alianza Peninsular, que no es muy distinta de la de Sardinha. Textos que vienen referidos, asimismo, en Nostalgia de Vázquez de Mella del Padre Lira; como siempre, en Ediciones Nueva Hispanidad, www.nuevahispanidad.com



    Saavedra Fajardo( Siglo XVII ):


    " No deben desdeñarse los portugueses de que se junte aquella Corona con la de Castilla, pues de ella salió como Condado y vuelve a ella como Reino; y no a incorporarse y mezclarse con ella, sino a florecer a su lado, sin que se pueda decir que tiene rey extranjero, sino propio, pues no por conquista, sino por sucesión...Poseía el Reino y lo gobernaba con sus mismas leyes, estilos y lenguajes, no como castellanos, sino como portugueses. Y aunque tenía su residencia en Madrid, resplandecía su majestad en Lisboa. No se veían en los escudos y sellos de Portugal ni en sus flotas y armadas el León y el Castillo, sino las Quinas...No se daban sus premios ni dignidades a extranjeros, sino solamente a los naturales, y éstos gozaban también de los de Castilla y toda la Monarquía, favorecidos con la grandeza, con las encomiendas y puestos mayores de ellas, estando en sus manos las armas de mar y tierra y el gobierno de las provincias más principales. El comercio era, como en todas partes, común; también la Religión y el nombre general de españoles...."



    Oliveira Martins ( Siglo XIX ):


    " Quien pise Portugal y España observará ciertamente, o no tiene ojos, una afinidad innegable de aspecto y de carácter, un parentesco evidente entre los pueblos de los dos lados del Miño, del Guadiana, de la Raya Seca del Este. Si esos hombres no hablasen, nadie distinguiría las dos naciones, y, por otra parte, ¿ confunde ya alguien un algarvés o un alentejano puro con un puro minense ( minhoto ) ? La Historia común confunde, no separa; después de ver que, a pesar de transcurridos siete siglos, no hay diferencias marcadas, la observación de los hombres llévanos a creer que, en efecto, en Portugal faltó una unidad de raza, sobrando por el contrario, una voluntad enérgica o una capacidad notable en sus príncipes...Con un trozo de Galicia, otro de León, otro de la España meridional sarracena, esos príncipes compusieron para sí un estado.


    Verdad que nuestra independencia restauróse en 1640; pero, ¿ cómo ? ¿ Se atreverá alguien a decir que fue una resurrección ? ¿ No será la Historia de la Restauración la nueva Historia de un país que, destruida la obra del Imperio Ultramarino, surge en el siglo XVII, como el nuestro aparece Bélgica para las necesidades del equilibrio europeo ? ¿ No vivimos desde el 1641, bajo el protectorado de Inglaterra ? ¿ No hemos llegado a ser, positivamente, una factoría británica ?


    En sus lenguas, en sus tradiciones, en su carácter, el celta de Irlanda encuentra siempre un punto de apoyo vivo y positivo. ¿ Queréis una prueba de la diferencia ? Los puntos de apoyo que nosotros buscamos han muerto o son negativos: Muerto el Imperio Marítimo y Colonial, la India y toda la Historia que terminó con As Lusiadas en 1880; negativo el odio a Castilla, que ni nos oprime ni nos odia. "

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