Entrevista com Alice von Hildebrand: Paulo VI canonizado?
Publico abaixo entrevista com a Dra. Alice von Hildebrand feita pela Latin Mass Magazine, reproduzida em partes pelo blog Les Femmes, The Truth, que eu traduzi. Nesta entrevista ela discorre sobre a crise na Igreja e sobre se o Papa Paulo VI deve ser canonizado. Os grifos são do Les Femme, destacando os trechos onde ela trata sobre Paulo VI.
[A entrevista, reproduzida em parte]
TLM: Em termos da crise atual, quando você começou a perceber que algo estava terrivelmente errado?
AVH: Foi em fevereiro de 1965. Eu estava tirando um ano sabático em Florença. Meu marido estava lendo um jornal teológico, e de repente eu o ouvi chorar. Corri até ele, temerosa de que sua condição cardíaca de repente tivesse lhe causado dor. Eu perguntei se ele estava bem. Ele me disse que o artigo que estava lendo deu-lhe a percepção de que o diabo tinha entrado na Igreja. Lembre-se, meu marido foi o primeiro alemão proeminente a falar publicamente contra Hitler e os nazistas. Seus insights eram sempre prescientes.
TLM: Seu marido acha que o declínio no sentido do sobrenatural começou naquela época [1920 - a partir de uma pergunta anterior], e se assim for, como ele explica isso?
AVH: Não, ele acreditava que após a condenação da heresia do Modernismo feita por Pio X [1907], seus proponentes simplesmente passaram à clandestinidade. Ele dizia que, então, eles passaram a fazer uma abordagem muito mais sutil e prática. Eles espalharam dúvidas simplesmente levantando questões sobre as grandes intervenções sobrenaturais através da história da salvação, como o nascimento virginal e a virgindade perpétua de Nossa Senhora, bem como a Ressurreição e a Sagrada Eucaristia. Eles sabiam que uma vez que a fé - o fundamento - cambaleia, a liturgia e os ensinamentos morais da Igreja iriam seguir o exemplo. Meu marido intitulou um dos seus livros: A Vinha Devastada. Depois do Vaticano II, um furacão parece ter atingido a Igreja...
Mesmo o pagão Platão estava aberto a um sentido do sobrenatural. Ele falou da fraqueza, fragilidade e covardia freqüentemente evidenciadas na natureza humana. Ele foi questionado por um crítico para explicar por que ele tinha uma opinião tão baixa da humanidade. Ele respondeu que não denegria o homem, apenas estava comparando-o a Deus.
Com a perda do sentido do sobrenatural, há uma perda do sentido da necessidade de sacrifício hoje. Quanto mais perto se aproxima de Deus, maior deve ser o senso de pecado. Quanto mais se afasta de Deus, como hoje, mais escutamos a filosofia da Nova Era: "Estou OK, você está OK". Essa perda da inclinação para o sacrifício levou ao obscurecimento da missão redentora da Igreja. Onde a Cruz é subestimada, dificilmente se pensa em nossa necessidade de redenção.
A aversão ao sacrifício e à redenção ajudou a secularizar a Igreja a partir de dentro. Durante muitos anos temos ouvido dos sacerdotes e bispos sobre a necessidade de a Igreja a adaptar-se ao mundo. Grande papas como São Pio X disseram exatamente o oposto: o mundo deve se adaptar à Igreja.
TLM: Da nossa conversa ao longo desta tarde, devo concluir que você não acredita que a perda acelerada do sentido do sobrenatural é um acidente da história.
AVH: Não, eu não. Houve dois livros publicados na Itália nos últimos anos que confirmam o que meu marido vinha suspeitando há algum tempo, ou seja, que tenha havido uma infiltração sistemática na Igreja pelos inimigos diabólicos por grande parte deste século. Meu marido era um homem muito sanguíneo e otimista por natureza. Durante os últimos dez anos de sua vida, porém, testemunhei-o muitas vezes em momentos de grande tristeza, e freqüentemente repetindo: "Eles têm profanado a santa Esposa de Cristo". Ele estava se referindo à "abominação da desolação" de que o profeta Daniel fala.
TLM: Esta é uma admissão crítica, Dra. von Hildebrand. Seu marido havia sido chamado um Doutor da Igreja do século XX pelo Papa Pio XII. Se ele sentiu isso tão fortemente, ele não teve acesso ao Vaticano para contar ao Papa Paulo VI seus medos?
AVH: Mas ele fez! Nunca esquecerei a audiência privada que tivemos com Paulo VI logo antes do final do [Concílio] Vaticano II. Foi em 21 de junho de 1965. Assim que meu marido começou a apelar com ele para condenar as heresias que estavam soltas, o Papa o interrompeu com as palavras: "Lo scriva, lo scriva" ("Escreva-o"). Alguns momentos depois, pela segunda vez , meu marido chamou a atenção do Papa para a gravidade da situação. A mesma resposta. Sua Santidade nos recebeu em pé. Estava claro que o Papa se sentia muito desconfortável. A audiência durou apenas alguns minutos. Paulo VI deu imediatamente um sinal ao seu secretário, Pe. Capovilla, para nos trazer rosários e medalhas. Nós, então, voltamos a Florença onde meu marido escreveu um longo documento (não publicado hoje) que foi entregue a Paulo VI na véspera da última sessão do Concílio. Era setembro de 1965. Após a leitura do documento do meu marido, ele disse ao sobrinho do meu marido, Dieter Sattler, que se tornou o embaixador alemão na Santa Sé, que havia lido o documento cuidadosamente, mas que ele era "um pouco duro". O motivo era óbvio: meu marido tinha humildemente solicitado uma clara condenação de afirmações heréticas.
TLM: Você percebe, claro, doutora, que, assim como você menciona essa idéia da infiltração, haverá aqueles que reviram os olhos em exasperação e dizem: "Não, mais uma teoria da conspiração!"
AVH: Eu só posso dizer o que eu sei. É uma questão de registro público, por exemplo, que Bella Dodd, a ex-comunista que se reconverteu à Igreja, falou abertamente da deliberada infiltração do Partido Comunista de agentes nos seminários. Ela disse ao meu marido e a mim que quando era membro ativo do partido, ela tinha lidado com nada menos que quatro cardeais dentro do Vaticano “que estavam trabalhando para nós".
Muitas vezes eu ouvi americanos dizerem que os europeus " cheiram conspiração onde quer que vão". Mas desde o início o Maligno tem "conspirado" contra a Igreja - e sempre procurou em particular destruir a Missa e minar a crença na Presença Real de Cristo na Eucaristia. Que algumas pessoas sejam tentadas a exagerar esse fato inegável não é razão para negar sua realidade. Por outro lado, eu, nascida européia, estou tentada a dizer que muitos americanos são ingênuos; vivendo em um país que tem sido abençoado pela paz, e conhecendo pouco sobre a história, eles são mais propensos do que os europeus (cuja história é tumultuada) a serem vítimas de ilusões... Judas tinha jogado tão habilmente que ninguém suspeitava dele, pois um conspirador astuto sabe como cobrir seus rastros com uma aparência de ortodoxia.
TLM: Será que os dois livros do padre italiano que você mencionou antes da entrevista contém documentação que fornece evidências dessa infiltração?
AVH: Os dois livros que eu mencionei foram publicados em 1998 e 2000 pelo sacerdote italiano, Don Luigi Villa da diocese de Brescia, que, a pedido do Padre Pio, dedicou muitos anos de sua vida à investigação da possível infiltração tanto de maçons quanto de comunistas na Igreja. Meu marido e eu nos encontramos com Don Villa nos anos sessenta. Ele afirma que não faz qualquer declaração que ele não possa comprovar. Quando ‘Paolo VI Beato?’ (1998) foi publicado, o livro foi enviado a cada um dos bispos italianos. Nenhum deles confirmou o recebimento, nenhum desafiou qualquer das reivindicações de Don Villa.
Neste livro, ele relata algo que nenhuma autoridade eclesiástica refutou ou pediu para ser retirado - mesmo que ele dê os nomes de personalidades particulares no que diz respeito ao incidente. Se refere à fratura entre o Papa Pio XII e o então Bispo Montini (futuro Papa Paulo VI) que foi seu subsecretário de Estado. Pio XII, ciente da ameaça do comunismo, que, no rescaldo da II Guerra Mundial dominava quase a metade da Europa, havia proibido os funcionários do Vaticano de lidar com Moscou. Para sua decepção, ele foi informado um dia através do Bispo de Up[p]sala (Suécia) de que sua ordem estrita havia sido violada. O Papa resistiu a dar credibilidade a este rumor, até que foram dadas a ele provas incontestáveis de que Montini vinha se correspondendo com várias agências Soviéticas. Enquanto isso, o Papa Pio XII (assim como Pio XI) havia enviado sacerdotes clandestinamente à Rússia para dar conforto aos católicos por trás da Cortina de Ferro. Cada um deles foi sistematicamente preso, torturado e executado ou enviado ao Gulag. Eventualmente um espião duplo do Vaticano foi descoberto: Alighiero Tondi, SJ, que era um conselheiro próximo de Montini. Tondi era um agente trabalhando para Stalin cuja missão era manter Moscou informado sobre iniciativas como o envio de sacerdotes para a União Soviética.
Acrescente a isso o tratamento deste Papa Paulo ao cardeal Mindszenty. Contra sua vontade, Mindszenty foi ordenado pelo Vaticano a deixar Budapeste. Como quase todos sabem, ele havia escapado dos Comunistas e buscado refúgio na embaixada americana. O Papa havia lhe dado sua promessa solene de que ele permaneceria primaz da Hungria enquanto vivesse. Quando o Cardeal (que foi torturado pelos comunistas) chegou em Roma, Paulo VI abraçou-o calorosamente, mas depois o enviou para o exílio em Viena. Pouco tempo depois, este santo prelado foi informado de que ele havia sido rebaixado e tinha sido substituído por alguém mais aceitável para o governo Comunista Húngaro. Mais intrigante e tragicamente triste é o fato de que quando morreu Mindszenty, nenhum representante da Igreja esteve presente no seu enterro.
Outro exemplo que Don Villa fornece de infiltração é uma relatada a ele pelo Cardeal Gagnon. Paulo VI pediu a Gagnon para encabeçar uma investigação acerca da infiltração da Igreja por inimigos poderosos. O Cardeal Gagnon (na época um Arcebispo) aceitou essa tarefa desagradável e compilou um dossiê longo, rico em fatos preocupantes. Quando o trabalho foi concluído, ele solicitou uma audiência com o Papa Paulo a fim de entregar pessoalmente o manuscrito para o Pontífice. O pedido de reunião foi negado. O Papa enviou uma mensagem dizendo que o documento devia ser colocado nos escritórios da Congregação para o Clero, especificamente em um cofre com fechadura dupla. Isso foi feito, mas no dia seguinte o cofre foi quebrado e o manuscrito desapareceu misteriosamente. A política usual do Vaticano é ter certeza de que notícias sobre tais incidentes nunca vejam a luz do dia. No entanto, este roubo foi reportado até mesmo no L'Osservatore Romano (talvez sob pressão porque tinha sido noticiado na imprensa secular). O Cardeal Gagnon, claro, tinha uma cópia, e mais uma vez pediu ao Papa para ter uma audiência privada. Mais uma vez seu pedido foi negado. Ele então decidiu deixar Roma e retornar à sua terra natal, no Canadá. Mais tarde, ele foi chamado de volta a Roma pelo Papa João Paulo II e feito Cardeal.
TLM: Por que Don Villa escreveu estas obras destacando as críticas a Paulo VI?
AVH: Don Villa relutantemente decidiu publicar os livros a que aludi. Mas quando vários bispos pressionaram para a beatificação de Paulo VI, esse sacerdote percebeu isso como um toque de clarim para publicar a informação que tinha recolhido através dos anos. Ao fazê-lo, ele estava seguindo as orientações da Congregação Romana, informando aos fiéis que era seu dever como membros da Igreja retransmitir à Congregação qualquer informação que possa militar contra as qualificações do candidato para a beatificação.
Considerando o tumultuado pontificado de Paulo VI e os sinais confusos que ele estava dando, por exemplo: falar sobre a "fumaça de Satanás que entrou na Igreja", mas recusar-se a condenar oficialmente as heresias; sua promulgação de Humanae Vitae (a glória de seu pontificado ), mas evitar cuidadosamente proclamá-la ex-cathedra [doutrina infalível]; entregar seu Credo do Povo de Deus na Piazza San Pietro em 1968, e mais uma vez não declará-lo obrigatório para todos os católicos; desobedecer as ordens estritas de Pio XII para não ter contato com Moscou, e apaziguar o governo Comunista Húngaro ao renegar a promessa solene que havia feito ao Cardeal Mindszenty; o tratamento dado ao santo Cardeal Slipyj, que passou 17 anos em um Gulag, só para ser feito prisioneiro virtual no Vaticano pelo Papa Paulo VI; e, finalmente, pedindo ao Arcebispo Gagnon para investigar uma possível infiltração no Vaticano, apenas para recusar recebe-lo em audiência quando o trabalho estava concluído - tudo isso fala fortemente contra a beatificação de Paulo VI, apelidado em Roma, "Paolo Sesto, Mesto" (Paul VI, o triste)...
Só Deus é o juiz de Paulo VI. Mas não se pode negar que seu pontificado foi muito complexo e trágico. Foi com ele que, no curso de 15 anos, mais mudanças foram introduzidas na Igreja do que em todos os séculos anteriores juntos. O que é preocupante é que quando lemos o testemunho de ex-comunistas como Bella Dodd e estudamos documentos maçônicos (que datam do século XIX, e, geralmente, escritos por sacerdotes afastados como Paul Roca), podemos ver que, em grande medida, sua agenda fora realizada: o êxodo de sacerdotes e freiras após o Vaticano II, teólogos dissidentes não censurados, o feminismo, a pressão sobre Roma para abolir o celibato sacerdotal, imoralidade entre os clérigos, liturgias blasfemas (ver o artigo de David Hart em First Things, Abril de 2001, "The Future of the Papacy"), as mudanças radicais que foram introduzidas na sagrada liturgia (vide livro “Milestones” do Cardeal Ratzinger, pg. 126 e 148, Ignatius Press) e um ecumenismo enganador. Apenas uma pessoa cega poderia negar que muitos dos planos do Inimigo têm sido perfeitamente realizados.
Não se deve esquecer que o mundo ficou chocado com o que Hitler fez. Pessoas como meu marido, porém, na verdade, leram o que ele havia dito em Mein Kampf. O plano estava lá. O mundo simplesmente optou por não acreditar.
Mas, grave como é a situação, nenhum Católico comprometido pode esquecer que Cristo prometeu que permanecerá com sua Igreja até o fim do mundo. Devemos meditar sobre a cena relatada no Evangelho quando o barco dos apóstolos foi atingido por uma forte tempestade. Cristo estava dormindo! Seus seguidores assustados O acordaram: Ele disse uma palavra, e houve uma grande calmaria. "Vós de pouca fé!"...
TLM: Então você vê que o único cenário para uma solução para a crise atual é a renovação de um esforço pela santidade?
AVH: Não devemos esquecer que estamos lutando não só contra a carne e o sangue, mas contra "principados e potestades". Isso deve provocar temor suficiente em nós para fazer-nos esforçar mais do que nunca pela santidade, e orar com fervor para que a Santa Noiva de Cristo, que está agora no Calvário, saia dessa terrível crise mais radiante do que nunca".
Borboletas ao Luar: Entrevista com Alice von Hildebrand: Paulo VI canonizado?
Si no me equivoco, creo que Alice von Hildebrand todavía sigue viva. Su testimonio como testigo directo de los acontecimientos de estos últimos 50 años, no sólo de manera directa sino también recogiendo las experiencias de su marido, son valiosísimos para enjuiciar el Concilio Vaticano II y sus efectos posconciliares desastrosos.
El libro sobre la biografía de su marido Alma de león debería considerarse como un auténtico documento hagiográfico de una de las figuras más sorprendentes y heróicas del siglo XX.
Dejo a continuación la entrevista completa a la que hace referencia el título de este hilo.
ENTREVISTA CON ALICE VON HILDEBRAND
Presentamos a continuacion el contenido integro de la entrevista dada por la Dra. Alice Von Hildebrand tomado del Sitio : www.catapulta.com.ar
*La Doctora Alice Jourdain (Bruselas 1923- ) fue alumna y luego esposa de Dietrich von Hildebrand (1899-1977), uno de los mayores pensadores católicos del siglo pasado, autor de textos fundamentales como Etica cristiana, Santidad y eficacia en el mundo y El corazón (un análisis de la afectividad humana y divina) y dos muy importantes sobre el modernismo: El caballo de Troya en la Iglesia de Dios y la ya mencionada The Devastated Vineyard, esta última nunca editada en castellano. El matrimonio escribió juntamente varias obras, entre ellas una admirable: El arte de vivir. Este reportaje fue publicado en The Latin Mass Magazine (Verano de 2001) y reproducido en Marzo de 2007 por Christian Order.
Breve reseña de la Dra. Alicia von Hildebrand
La Dra. Alicia von Hildebrand es conferencista, filósofo, y un autor de renombre internacional, que trabaja actualmente como anfitrión en la red de televisión de la madre Angelica EWTN, y ha dado una conferencia extensamente en Europa occidental, Canadá, los ESTADOS UNIDOS, Venezuela, Colombia, y México. Ella es profesor Emerita de filosofía en el Hunter College of the City University of New York, en donde ella enseñó por más de treinta años, y actualmente de servicios como administrador para la Franciscan University of Steubenville, OH. Ella también ha enseñado en los catechetical institutes in Arlington, VA, y Dunwoodie, NY, así como en el Thomas More College in Rome y la Franciscan University of Steubenville, OH, en donde ella recibió el Doctorado Honoris Causa. La Dra. von Hildebrand ha escrito muchos libros extensamente aclamados de una perspectiva católica tradicional, incluyendo: El alma de un león: Vida de Dietrich von Hildebrand, una biografía cariñosa de su marido difunto; Por Love Refined: Cartas a una novia joven; Por Grief Refined: Cartas a una viuda; y recientemente el privilegio de ser una mujer.
Aclaración del Artillero: Monseñor Albert Malcolm Ranjith, Secretario de la Congregación para el Culto Divino, acaba de reconocer que existe una crisis de obediencia en la Iglesia, manifestada abiertamente después de la publicación del Motu Propio sobre la Misa tradicional. (korazym.org.,17/11/07). Por eso el Artillero considera conveniente reproducir en su integridad la entrevista concedida a The Latin Mass en 2001 por Christian Order en marzo de 2007, la Dra. Alice Von Hildebrand, que se publicó en los tres números anteriores. También lo hace a pedido de varios lectores, a fin de facilitar la mejor comprensión de sus gravísimas afirmaciones, especialmente las relacionadas con el “carácter herético” de algunas declaraciones del Vaticano II. Bienvenido sea el paso que significó el Motu Proprio, que encontrará adecuado correlato únicamente en la discusión teológica sobre algunos textos conciliares. (v.g. Dignitatis humanae, Nostra aetate y Unitatis redintegratio)
03/11/2007 - ENTREVISTA CON ALICE VON HILDEBRAND
(Primera parte)*
¿Cuándo comenzó Ud. a percibir que algo andaba mal en la Iglesia?
“En Febrero de 1965 estábamos con mi marido en Florencia, aprovechando el año sabático. Dietrich estaba leyendo un libro y de pronto lo escuché sollozar. Como tenía problemas cardíacos, pensé que algo andaba mal y corrí para ver qué pasaba. Lo encontré con los ojos llorosos y con una revista en la mano. Le pregunté que pasaba y me dijo que acababa de leer un artículo que para él era prueba de que el diablo había entrado en la Iglesia. Debo decir que mi marido ya se había dado cuenta, muchos años atrás, de que se estaba perdiendo el sentido de lo sobrenatural, pero que la belleza y la sacralidad de la liturgia tridentina habían ocultado el fenómeno. por lo menos hasta el Concilio.
Además, tenía en claro que después de la condenación de San Pío X, los modernistas habían pasado a la clandestinidad, adoptando técnicas mucho más sutiles de infiltración. Sobre este asunto, escribió The Devastated Vineyard, (La Viña devastada), señalando que el Vaticano II había sido como un huracán para la Iglesia.(1)
Con la pérdida del sentido de lo sobrenatural, también se perdió la necesidad del sacrificio El Vaticano II provocó que muchos obispos y sacerdotes dijeran que la Iglesia tenía que adaptarse al mundo. Grandes Papas como San Pío X afirmaban exactamente lo contrario: el mundo debía adaptarse a la Iglesia.
¿Entonces Ud. cree que la acelerada pérdida del sentido de lo sobrenatural no es un accidente en la historia?
De ninguna manera y mi marido opinaba igual que yo: en la Iglesia se había verificado, durante la mayor parte del siglo XX, una infiltración sistemática de los enemigos diabólicos. El era optimista por naturaleza, pero durante los últimos años de su vida, a veces la tristeza lo consumía: “Han destruido la Santa Esposa de Cristo”,solía repetir, refiriéndose a “la abominación del lugar santo”, de que habla el profeta Daniel.
El Papa Pío XII lo denominaba a su marido como el Doctor de la Iglesia en el siglo XX. Con ese título ¿no podía tener acceso al Papa Pablo VI para expresarle sus temores?
Fue lo que hizo. Nunca olvidaré la audiencia privada que tuvimos con Pablo VI, el 21 de junio de 1965, poco antes de que terminase el Concilio. El Papa nos recibió de pie y en cuanto mi marido empezó a suplicarle que condenase las herejías que desembozadamente se manifestaban, lo interrumpió bruscamente, diciéndole “¡Escríbalo, escríbalo!”. Pocos momentos después, mi marido, por segunda vez, le insistió sobre la gravedad de la situación, recibiendo la misma respuesta. El Papa estaba sumamente incómodo y pocos minutos después hizo un gesto a su secretario, el P.Capovilla, para que nos trajese rosarios y medallas, señal de que la audiencia había finalizado.
Cunado volvimos a Florencia, mi marido escribió un largo documento -aún no publicado- que fue entregado a Pablo VI en septiembre de 1965, el día anterior a la última sesión del Concilio. Releyéndolo cuidadosamente, le dijo a su sobrino Dieter Settler, entonces embajador alemán ante la Santa Sede, que el documento era “un poco duro”. Razón no le faltaba: había pedido una clara y completa condenación de todas las declaraciones conciliares heréticas.
¿Supongo que Ud. se dará cuenta, de que al hablar de infiltración, muchos pondrán los ojos en blanco, exasperados, diciendo ¡No queremos oír hablar de conspiraciones!
Yo solamente puedo hablarle de lo que conozco. Es de público conocimiento, for ejemplo, que Bella Dodd, la ex comunista reconvertida al catolicismo, se refirió expresamente a la infiltración comunista en los Seminarios. Ella nos contó que cuando era miembro activo del Partido, tenía frecuentes contactos con no menos de cuatro cardenales que trabajaban para el comunismo.**
Muchas veces escuché decir en los EE.UU. que “los europeos olíamos conspiraciones en todas partes”. Pero desde el principio, el Maligno ha conspirado contra la Iglesia, tratando de destruir la Misa y de socavar la creencia en la Presencia Real de Nuestro Señor en la Eucaristía. Este es un hecho innegable y absolutamente real.
Por otra parte, como europea que soy, tentada estoy de decir que muchos estadounidenses son ingenuos y como no saben mucho de historia, suelen ser prisioneros de la ilusión. Rousseau tuvo mucha influencia en este país. Cuando en la Última Cena Nuestro Señor les dijo a sus apóstoles que uno de ellos lo traicionaría, se quedaron desconcertados. Judas había hecho su juego tan arteramente que nadie sospechaba de él. Un conspirador astuto y avezado sabe como ocultar sus propósitos, dando muestras exteriores de ortodoxia.
*La Doctora Alice Jourdain (Bruselas 1923- ) fue alumna y luego esposa de Dietrich von Hildebrand (1899-1977),uno de los mayores pensadores católicos del siglo pasado, autor de textos fundamentales como Etica cristiana, Santidad y eficacia en el mundo y El corazón (un análisis de la afectividad humana y divina) y dos muy importantes sobre el modernismo: El caballo de Troya en la Iglesia de Dios y la ya mencionada The Devastated Vineyard, esta última nunca editada en castellano. El matrimonio escribió juntamente varias obras, entre ellas una admirable: El arte de vivir. El reportaje fue publicado en The Latin Mass Magazine (Verano de 2001) y reproducido en Marzo de 2007 por Christian Order.
** Bella Dodd (1904-1964), nacida en Italia, se llamaba María Asunta Isabella Visono. Abogada, fue una de las principales dirigentes del Partido Comunista de los EE.UU., del cual fue expulsada en 1949. Se reconvirtió al catolicismo en 1951 y luego escribió School of Darkness.------------------------------
(Segunda parte)
Antes de que yo comenzase con mis preguntas, Ud. me habló de dos libros muy importantes. ¿Esas obras tenían documentación probatoria de la infiltración comunista en la Iglesia?
Los libros que le mencioné aparecieron en 1998 y en 2000, y fueron escritos por el Padre Luigi Villa, de la diócesis de Brescia, quien, por expreso pedido del Padre Pío había dedicado muchos años de su vida a investigar la posible infiltración de masones y comunistas en la Iglesia. Mi marido y yo lo conocimos al Padre Villa en los años 60.El insistía que ninguna afirmación suya carecía de fundamentos. Cuando apareció ¿Pablo VI, Beato? Lo envió a cada uno de los obispos italianos. Ninguno acusó recibo ni refutó nada de lo que se decía.
En ese libro el Padre Villa se refiere a las desobediencias de Monseñor Montini ,entonces Subsecretario de Estado, respecto a las directivas de Pío XII, que tenía clara conciencia de la amenaza comunista y había prohibido que los funcionarios del Vaticano anduviesen en tratos con Moscú. Para su consternación, se enteró a través del Obispo de Upsala (Suecia)que sus órdenes estrictas no habían sido acatadas. Al principio, se resistía a creerlo ,hasta que le llevaron pruebas concluyentes de que Montini mantenía frecuentes contactos con los soviéticos.
Entretanto, Pio XII, siguiendo la conducta de Pío XI, había enviado clandestinamente a sacerdotes para que reconfortasen a los católicos que vivían tras la Cortina de Hierro. Esos sacerdotes fueron sistemáticamente detenidos, torturados y asesinados. A otros los mandaron a los gulags. Fortuitamente se descubrió que en el Vaticano había un topo: se trataba del jesuita Alighiero Tondi, un estrecho consejero de Montini. Tondi era un agente de Stalin y su misión era mantenerlo informado acerca de los sacerdotes que eran enviados a la Unión Soviética.
Pero Ud. debe agregar a esto el pésimo trato que Pablo VI le dispensó al Cardenal Mindszenty, quien no quería dejar salir de Hungría, después de la revuelta de 1956.El Papa le mandó abandonar Budapest, pero el Cardenal se refugió en la embajada de los EE.UU. El Papa le había solemnemente prometido que conservaría el Primado de Hungría hasta su muerte. Cuando el Cardenal, que había sido torturado por los comunistas, llegó a Roma, Pablo VI lo abrazó cálidamente, pero acto seguido lo hizo marchar a Viena. Al poco tiempo, el Cardenal fue depuesto y se nombró en su lugar a otro, que contaba con el beneplácito del Partido Comunista húngaro. Cuando el Cardenal murió ningún representante de la Iglesia concurrió al funeral, con enorme tristeza de los fieles.
Más tarde, el Padre Villa recibió otra prueba de la infiltración, suministrada por el entonces Arzobispo (luego Cardenal) Gagnon, a quien Pablo VI le había encomendado una investigación sobre la infiltración dentro de la Iglesia.
El Cardenal armó un voluminoso dossier, con muchos datos preocupantes y pidió audiencia con el Pontífice para entregárselo en mano, petición que le fue denegada. El Papa le hizo llegar un aviso de que el documento estaría depositado en las oficinas de la Congregación para el Clero, bajo doble llave. Pero al día siguiente la cerradura fue violada y el dossier desapareció. El asunto se trató de tapar, pero la prensa se enteró del robo. Monseñor Gagnon, que se había guardado una copia, solicitó una audiencia privada con Pablo VI, pero no se la concedió.
Entonces decidió volverse al Canadá. Más tarde, Juan Pablo II lo hizo venir a Roma y le otorgó el capelo.
¿Por qué el Padre Villa escribió esos libros criticando a Pablo VI?
Debo decirle que el Padre era reticente en cuanto a su publicación. Pero cuando varios obispos impulsaron la beatificación de Pablo VI, se decidió a imprimirlos. En definitiva, lo que hizo fue nada más que seguir las instrucciones de la Curia, acerca de que cualquier hecho negativo respecto de los candidatos a la beatificación debía ser entregado a la Congregación respectiva.
Teniendo en cuenta el tumultuoso pontificado de Pablo VI, y las confusas señales que había dado, refiriéndose a que el “el humo de Satanás había entrado en la Iglesia”, pero negándose a condenar oficialmente las herejías; la encíclica Humanae Vitae -honra de su pontificado - aunque eludió su proclamación ex cátedra; la promulgación del Credo del Pueblo de Dios en 1968, pero sin ordenar su carácter obligatorio para todos los católicos; su desobediencia a las órdenes de Pío XII sobre no mantener contacto alguno con Moscú y su política de apaciguamiento con el gobierno de Hungría, renegando de la solemne promesa hecha al Cardenal Mindszenty; su desconsideración hacia la persona del bendito Cardenal Slipyj, que había pasado 17 años en el gulag y finalmente su actitud con el Cardenal Gagnon. En fin, todo esto hablaba contra la beatificación de Pablo VI y el libro del Padre Villa finalmente apareció con el titulo de Paolo Sesto, Mesto (Pablo Sexto, el amargo).
Pero el Padre pagó un precio muy duro por sus dos libros, ocasionándole enormes aflicciones. Es que el común de los católicos tiene veneración ilimitada por el Pontífice. Pero Nuestro Señor nunca prometió que tendríamos Papas perfectos. Lo que sí prometió es que las puertas del infierno no prevalecerían. No olvidemos que, a pesar de que hubo Papas malísimos, y algunos muy mediocres, la Iglesia fue bendecida con grandes Pontífices. Ocho de ellos fueron canonizados y varios beatificados, historia triunfal que no tiene parangón con lo que sucedió en el plano secular.
(Christian Order, marzo de 2007. La última parte de la entrevista saldrá en el próximo número
(Tercera y ultima parte)
¿Entonces Ud. tiene un juicio negativo sobre el pontificado de Pablo VI?
Sólo Dios puede juzgar a Pablo VI. Pero no puede negarse que su pontificado fue complicado y trágico. Bajo su gobierno fueron introducidos muchísimos más cambios en quince años, que durante todos los siglos anteriores. Por cierto que es sumamente intranquilizador leer los testimonios de ex comunistas como Bella Dodd y estudiar los documentos masónicos del siglo XIX, y también por ejemplo, conocer las actividades de personajes como el cura apóstata Paul Roca (1). Allí se puede apreciar en toda su amplitud cómo se cumplieron los objetivos de las logias: el éxodo de sacerdotes y monjas después del Vaticano II,la aparición de una corriente teológica con graves errores nunca censurados, el feminismo, la presión para que se abandone el celibato, la inmoralidad en los clérigos, las liturgias blasfemas.
Y desde luego están los tremendos y radicales cambios hechos en la sacra liturgia, junto con un ecumenismo absolutamente falaz.
Nadie más que un ciego puede negar que los planes del Enemigo se cumplieran. Muchos se sorprendieron por lo que hizo Hitler, aunque no mi marido, que había leído concienzudamente “Mein Kampf”. Pero los dirigentes prefirieron no creer…
Pero por más grave que sea la situación, ningún católico fiel debe olvidar que Nuestro Señor prometió permanecer junto con su Iglesia hasta el fin de los tiempos. No viene mal una pequeña meditación sobre el relato evangélico, cuando Cristo dormía, mientras la barca de los Apóstoles zozobraba, en medio de una feroz tormenta. Aterrorizados los despertaron y Él les reprochó: ”¿Por qué teméis, hombres de poca fe?” e hizo que la tempestad cesase de inmediato.
Me doy cuenta por sus referencias sobre el ecumenismo que a Ud. no le cae nada bien la actitud de “convergencia” con otras religiones. Antes la Iglesia tenía la misión de convertir…
Le cuento algo que le causó enorme tristeza a mi marido .En 1946, enseñando en Fordham, se presentó en una de sus clases, un estudiante judío que había servido en la Armada durante la guerra. Al terminar la exposición lo abordó a Dietrich para decirle que él había vivido una singular experiencia en el Pacífico, contemplando una bellísima puesta de sol. Ese espectáculo lo llevó a preguntarse sobre Dios. El muchacho venía de Columbia, donde no encontró la respuesta a su inquietud.
Pero un amigo le habló de Fordham y del profesor Dietrich von Hildebrand, a cuyas clases empezó a concurrir regularmente. Al finalizar una de ellas, salieron a caminar juntos y durante el paseo le contó a Dietrich que muchos profesores, al enterarse de que era judío, le aseguraron que no tratarían de convertirlo. Mi marido, estupefacto, detuvo la marcha y le preguntó:”¿Qué le dijeron?”. Al repetirle la anécdota, Dietrich le aseguró que “iría hasta el fin del mundo, con tal de que Ud.se haga católico”. Al poco tiempo, el estudiante judío se convirtió e ingresó a la Cartuja, ordenándose luego de sacerdote.
Ud. pasó muchos años enseñando en Hunter College.
Así es y le podría hablar de las numerosas estudiantes que se convirtieron, atraídos por la Verdad. Pero no fui yo quien lo hizo: simplemente recé para ser un instrumento de Dios y para que Él me ayudase a vivir según el Evangelio. Eso únicamente se obtiene con la gracia de Dios.
Lamentablemente, algunos católicos que se dicen tradicionalistas, creen que la Verdad es una posesión personal y no un don de Dios. Semejante actitud los puede conducir al fanatismo. La Fe no es un juguete intelectual ni tampoco una partida de ajedrez. Deberían procurar cambiar de postura, sobre todo si defienden la Misa tradicional. Lo que todos debemos intentar es tratar de ser santos.
Entonces, ¿Ud. cree que esa es la única solución para remediar la crisis de la Iglesia?
No olvidemos que estamos luchando no sólo contra la sangre y la carne, sino también contra “Potestades y Principados”. Esto debería servir para causarnos temor y hacernos redoblar el esfuerzo para ser santos, y rezar para que la Esposa de Cristo salga de esta crisis espantosa más radiante que nunca.
La respuesta católica es siempre la misma: fidelidad absoluta a las enseñanzas de las Iglesia y a la Santa Sede, recepción frecuente de los Sacramentos, rezo del Rosario, lectura espiritual diaria y agradecer el que hayamos recibido la plenitud de la Revelación. “Gaudete, iterum dico vobis, Gaudete”.
No quiero terminar la entrevista sin conocer su opinión sobre la Misa en latín. ¿Sería su restablecimiento una solución para la crisis?
El diablo odia la misa tradicional, y la odia porque es la más perfecta reformulación de todas las enseñanzas de la Iglesia. Y sobre esto Dietrich me dio la clave. Porque, mucho antes del Concilio, los sacerdotes que la rezaban ya habían perdido el sentido de lo sobrenatural y trascendente. La recitaban rapidísimo, casi murmurando y sin articular bien las palabras, señal de que intentaban introducir en la Misa su propia secularización (2). La misa tradicional no permitía irreverencia alguna y por eso muchos malos sacerdotes se alegraron cuando se la dejó de celebrar.
(Christian Order, marzo de 2007)
Notas catapúltica: 1 - Paul Roca (1830-1893).Nacido en Francia, se ordenó sacerdote en 1858 y comenzó a vincularse con círculos gnósticos y esotéricos. Pese a la suspensión de Roma, siguió presentándose como si aun fuese miembro de la Iglesia, anunciando el advenimiento de una “divina sinarquía”, bajo la autoridad de un Papa convertido al “cristianismo científico y socialista”. (Cfr. La masonería dentro de la Iglesia, Cruz y Fierro Editores, Buenos Aires, 1968, pp.39-59. El prólogo es de Julio Meinvielle). 2 - Dietrich von Hildebrand ya había detectado ese espíritu de secularización, que lo llevó a publicar en 1953 The New Tower of Babel, obra nunca traducida al castellano.
Visto en: CRUX ET GLADIUS
Última edición por Martin Ant; 25/02/2013 a las 15:08
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