Lisboa e Bruxelas desvalorizam "crise" na Cimeira UE/África
BISHOP ASARE / epa Robert Mugabe já fez saber que está na cimeira de Lisboa, quer Gordon Brown queira ou não
Paulo F. Silva *
Portugal continua em busca uma "fórmula" que coloque um ponto final na polémica gerada em torno da Cimeira UE-África, depois do endurecimento de posições, esta semana, por parte do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, em artigo publicado no diário londrino "The Independent". À partida, uma aparente certeza a cimeira realiza-se, em Lisboa, a 8 e 9 de Dezembro.
A presidência portuguesa da União Europeia (UE) voltou, ontem, a desvalorizar o problema da participação na cimeira. Gordon Brown escreveu, anteontem, que não participará na cimeira caso o presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, o faça. Ao braço de ferro, Harare reagiu com uma curta declaração Mugabe estará em Lisboa, queira ou não Brown. A Comissão Europeia, pela voz do seu porta-voz, Johannes Laitenberger, sublinhou que Bruxelas faz "o possível por resolver uma situação grave, mas isto [a posição de Brown] não deve ser obstáculo".
"O que há de mais importante na declaração de Gordon Brown é o reconhecimento da importância da cimeira", disse, ontem, Luís Amado, depois do comissário europeu para o Desenvolvimento, Louis Michel, ter advertido que a ameaça de boicote à cimeira podia fazer descarrilar uma reunião destinada a lançar uma parceria estratégica. Johannes Laitenberger também disse preferir a participação de Brown a Mugabe, mas alertou que "a cimeira é uma oportunidader única de injectar um novo dinamismo na relação entre os dois continentes".
Sete anos depois da primeira (e única, até à data) Cimeira UE/África, realizada, no Cairo, durante a segunda presidência da UE, "a parte africana tem colocado ênfase na necessidade de haver um convite a todos os Estados membros nas mesmas condições em que são tratados pela União Africana", explicou Luís Amado. "O que é legítimo", admitiu.
Assim, as negociações diplomáticas deverão prosseguir, nas próximas semanas, na definição de quem participa e de quem se fará representar, conceitos diferentes que parecem indicar à presidência portuguesa uma solução de compromisso e de equilíbrio entre posições extremas.
Enquanto não se chega lá, o Reino Unido anunciou, ontem, que vai propor, já em Outubro, aos parceiros da UE o alargamento das sanções ao Zimbabué. Um porta-voz de Gordon Brown precisou que "o assunto será levantado na próxima reunião (formal) de ministros dos Negócios Estrangeiros" dos 27, que se realiza no dia 15 do mês que vem, no Luxemburgo, sob presidência portuguesa.
* com agências
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