Breves Apontamentos sobre os Carlistas
Carlos Nougué
1) Ao seu modo tão próprio, dizia Chesterton ao perguntar-se sobre quem não levaria para uma ilha deserta: “Um pacifista.” Pois não são pacifistas os carlistas espanhóis, cujo movimento monarquista tem história multissecular, atravessa as fronteiras peninsulares e ibéricas, e conta com representantes intelectuais tão ilustres como os dois Gambras, pai e filho. O segundo, José Miguel Gambra, é o atual presidente da Comunión Tradicionalista e um aristotélico-tomista em cuja obra se contam indispensáveis livros sobre lógica e analogia. O primeiro, o filósofo Rafael Gambra, já falecido, era um exemplo perfeito daquele tipo de homem tão tradicional na Espanha e tão decantado no D. Quixote de Cervantes: o homem das armas e das letras ― sempre a serviço, por suas armas e sua pena, da verdadeira religião e do verdadeiro estado católico. Com efeito, foi Rafael Gambra combatente carlista na guerra civil espanhola da década de 1930, na qual a luta (e vitória) dos católicos contra os comunistas e republicanos foi chamada “santa” pelo Papa Pio XII, e na qual, como nas principais lutas internas da Espanha nos últimos séculos, estiveram os carlistas na linha de frente dos que marchavam sob a Cruz de Cristo.
2) O programa político-econômico dos carlistas é irretocável de todos os ângulos, especialmente o da Realeza Social de Cristo, e profundamente tomista; e pode ser visto em diversos sites e blogs, entre os quais o do Círculo Cultural Antonio Molle Lazo (http://mollelazo.blogspot.com/). Lê-se de imediato neste blog: “Contra todos os partidos; Contra a plutocracia; Contra o despotismo democrático; Por uma Monarquia Popular; etc.” Vasculhem este e outros lugares seus na Internet, e terão a confirmação do que dizemos. Uma ilha de verdade e pureza num mundo que se putrefaz do liberalismo e suas sequelas.
3) Serão os carlistas, nos dias de hoje, uns novos Quixotes? Talvez. Mas que importa, se nossa vida há de ordenar-se própria e ultimamente às coisas do Céu, e não raro esta ordenação implica a derrota ou o martírio na terra? “Para Deus, não há mártires anônimos”, proclamam sempre os próprios carlistas. E estão os carlistas na mais católica das verdades, ao repetir, alto e bom som, que todo e qualquer regime político ou estará a serviço de Cristo, ou estará a serviço do demônio; que o estado católico ou é parte ou membro da Igreja, que é a própria Cidade de Deus, ou é vassalo do príncipe deste mundo. E não repeti-lo, mesmo num mundo tão apóstata quanto o atual, é contribuir para este mesmo e corrupto mundo.
4) É imensa nossa admiração pelos carlistas, e em muitos aspectos. Outro exemplo? O da arte, e especialmente a pintura. Sim, porque é carlista o maior pintor da atualidade (e um dos maiores de todos os tempos): Augusto Ferrer-Dalmau. Realista, Ferrer-Dalmau sobressai especialmente nas pinturas em que retrata os carlistas em combate, às quais imprime a força épico-católica de um Cantar de mio Cid, por exemplo. Visitem o site sobre sua obra, no endereço http://www.arteclasic.com/. O que verão falará por si. Mas façam especialmente o seguinte, no mesmo site: após entrarem, cliquem em “Ecuestre-Militar”; depois, no alto à direita, em “Película”; e admirem uma arte verdadeira, católica, viril, e atual. Arte carlista.
5) Para concluir estes breves apontamentos, como não falar do que está acontecendo há já alguns anos ao ex-presidente uruguaio Juan María Bordaberry, monarquista, carlista, católico tradicionalista? Ele, cujo governo não foi responsável pela morte de nem um opositor político sequer, foi condenado, com mais de 80 anos, a décadas de cadeia, numa vingança infame do infame governo do ex-guerrilheiro tupamaro José Mujica, eleito democraticamente para a presidência do Uruguai. As razões? O ter, na década de 1970, dissolvido as Câmaras parlamentares para tirar o país do caos liberal-comunista e o ter entregado o poder aos militares, cuja maioria, maçônica, depois o traiu. Não sintamos uma lástima sentimentaloide, ao modo moderno, pela sorte que lhe cabe, até porque, respondendo a uma senhora que lhe dizia: “Vou rezar para que não seja condenado”, disse ele: “Reze antes para que eu suporte como um verdadeiro católico a prisão”. Tem a fibra do mártir, tem a fibra do carlista. Mas não nos calemos: devemos a este grande homem e a Cristo o denunciar a ignomínia que se comete contra ele ― e contra Ele.
Em tempo: Nos cursos do SPES, também trataremos, segundo o magistério infalível da Igreja e Santo Tomás de Aquino, a questão dos regimes políticos. Nunca a Igreja condenou nenhuma forma de governo não corrupta. Mas condenou, sim, enfaticamente, não só o comunismo, como a democracia liberal ― as duas cabeças da Hidra revolucionária e anticatólica.
SEMINÁRIO PERMANENTE DE ESTUDOS SOCIOPOLÍTICOS SANTO TOMÁS DE AQUINO - SPES: Breves Apontamentos sobre os Carlistas
Última edición por Donoso; 29/07/2011 a las 21:19
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