Mulheres que Influenciaram a Civilização Cristã


Por Marian T. Horvat
Traduzido por Andrea Patrícia





A Rainha da França recebe um livro de poesia escrito por uma de suas damas




Se você quisesse que sua filha compreendesse o que é uma mulher virtuosa, essencialmente feminina e não feminista, capaz de governar um lar e influenciar a sociedade natural na qual ela se move, qual período da História você indicaria que ela estudasse?
Primeiro: mantenha-se longe do nosso triste século XX do feminismo. A resposta é muito simples. Se você quer que sua filha compreenda o que é ser uma mulher forte, faça com que ela estude as vidas das mulheres medievais, as mulheres que ajudaram a moldar a Era da Fé. Um período que, a propósito, as feministas gostam de representar como o mais opressivo porque não era igualitário e vulgar, mas hierárquico e sacral. Ainda assim, as páginas da história da Civilização Cristã ressoam com histórias de valorosas mulheres maduras, personalidades que desempenharam papéis importantes no desenvolvimento da Civilização Cristã. De fato, é interessante ver que a conversão da Europa dependeu da fé e da piedade de mães e esposas apostólicas.


Deixe-me dar apenas alguns poucos - mas que valem a pena - exemplos para ilustrar o quanto as mulheres tem exercido sua enorme influência para o bem. Os livros de História nos contam que a França Católica, primeira filha da Cristandade, foi fundada pelo bárbaro Rei dos Francos, Clóvis. Mas Coríntios nos diz: “O marido descrente é santificado pela esposa crente.” (2 Cor. 8,14). Deixe-me explicar.


Com o Império Romano tendo caído, os bárbaros invadiram. As luzes daquilo que parecia a Santo Ambrósio uma inextinguível civilização romana haviam se extinguido. Uma era havia se fechado, mas um novo plano para a humanidade estava se abrindo. Pois era o plano de Deus que o Reino temporal de Cristo nascesse dos remanescentes daquele Império Romano quebrado e convertido em rudes tribos bárbaras.





Santa Clotilde ajudou a converter seu esposo Clóvis, primeiro Rei da França


Nessa escuridão uma nova luz apareceu - nobre, sacral, dignificada. Uma alma imbuída com o espírito da Igreja Católica, brilhando com o lumen de santidade do Corpo Místico de Cristo. Ela era Santa Clotilde (474-545), filha do Rei dos Burgúndios de Lyon, esposa de Clóvis, Rei dos Francos. Clóvis tinha razões para querer essa esposa cristã: Clotilde tinha a reputação de ser lindíssima; os Burgúndios tornar-se-iam aliados dos Francos, e uma esposa cristã poderia ajudar a manter seus súditos romanos mais estreitamente vinculados a ele. Confiante na virtude dela, o Bispo Remígio enviou a garota de 17 anos de idade para ser rainha dos francos pagãos com a missão de converter seu rei bárbaro.


Nós podemos imaginar Clotilde: seus traços delicados, mas firmes, imponente no porte, suave nos gestos e na voz. Suas preces constantes e vida exemplar começam a ter efeito em Clóvis. Para entender a influência de Santa Clotilde, é preciso apenas lembrar a exclamação de Clóvis durante a batalha contra os Alamanos. Vendo suas tropas a ponto de ceder, ele invocou a ajuda do “Deus de Clotilde” e prometeu tornar-se católico se somente a vitória fosse concedida a ele. Pela força e influência daquele lumen sobrenatural de Clotilde, Clóvis aceitou a luz da Igreja Católica.


Essa foi Santa Clotilde, nascida no alvorecer da Idade Média, um sol que vai brilhar para toda a História. Regozijando-se em silêncio, com humildade, sem as palmas da vitória, ela teria assistido ao batismo de Clóvis no Natal de 496, talvez com a intuição de que uma era histórica estava nascendo. O Reino Franco daí em diante torna-se o representante e defensor dos interesses católicos em todo o Ocidente. Nessa situação crucial, uma mulher tem uma missão decisiva: Clotilde.


Na Grã-Bretanha, ficou para a bisneta de Clotilde [a missão de] abrir as portas para o Cristianismo. Bertha, uma princesa franca (d. 612), casada com o Rei pagão Elthelbert de Kent. Por muitos anos ela viveu como católica na corte pagã da Cantuária. Quando Santo Agostinho da Cantuária chegou à frente de seus quarenta missionários para pregar o Evangelho na Inglaterra em 596, ele encontrou na Rainha Bertha uma poderosa aliada na corte de seu esposo - e Ethelbert maduro para a conversão. Ethelbert foi batizado em Whitsunday em 597, e a Cantuária tornou-se a igreja-mãe da Inglaterra.


A história épica continua. A filha de Bertha, Ethelburga, seguindo aquela tradição heroica da família, casou-se com o Rei pagão Edwin da Nortúmbria, e assim levou a fé aos Anglos. Edwin, o primeiro Rei Cristão da Nortúmbria, foi batizado em York em 627 e foi tão zeloso na conversão de seu povo que a Igreja hoje o honra como Santo.


E quanto a Itália? Por volta do ano 600, a princesa cristã da Bavária Theodelinda casou-se com o Rei dos Lombardos. Tanto o esposo quanto a nação se converteram à fé católica. Na Espanha, uma piedosa mãe grega, Teodósia, instruiu os dois filhos de seu ímpio marido visigodo na fé católica. Um filho, Santo Hermenegildo, morreu como mártir em vez de abjurar sua crença católica. Seu irmão Recaredo subiu ao trono, abraçou o Cristianismo, e no terceiro Concílio de Toledo (589) proclamou que a Espanha aspirava a ser uma nação católica. A mãe cristã de sua tumba havia triunfado através de seus filhos sobre o pai perseguidor.


Voltando para o Leste, nós vemos a primeira Rainha Cristã da Boêmia, Santa Ludmila, que se converteu com seu marido em 879. Ela foi estrangulada enquanto orava em 921 por ordem de sua nora, que tinha ciúme da grande influência que Ludmila exercia sobre seu neto. Esse neto foi o grande herói popular Santo Venceslau, que regaria com seu próprio sangue as sementes da fé plantada tão heroicamente por sua avó.


Foram rainhas católicas que estabeleceram os alicerces para o Cristianismo na Polônia e na Rússia. E foi a grande Santa Margarida da Escócia (1038-1093) que casou-se com Malcolm III da Escócia e suavizou as maneiras ásperas dos guerreiros Highlanders. Em seu posto como rainha, toda a grande influência de Margarida foi colocada na causa da religião e piedade. Ela foi fundamental para a convocação do sínodo que instituiu reformas que levaram a Escócia a sair do isolamento e a se alinhar ao resto da cristandade ocidental.



Nós dizemos aos nossos filhos e filhas hoje: “Apenas uma coisa importa: que vocês sejam felizes. Que vocês estejam realizados.” Isso é bem diferente daquilo que a valente Rainha Branca de Castela disse ao seu jovem filho que se tornaria o Santo Rei Luis IX da França: “Eu preferiria vê-lo morto aos meus pés do que vê-lo cometendo um pecado mortal.” Uma mulher formidável, Branca de Castela foi capaz de manter a coroa para seu filho durante a regência contra os poderes de Languedoc, da Bretanha, da Ilha de França e até mesmo de Henrique III da Inglaterra.


Esse é apenas um fragmento das histórias de grandes mulheres medievais, muitas delas santas. Diz-se que a história de um santo é uma página na história da Civilização Cristã. Que as Simones de Beauvoir e as feministas enfureçam-se e torçam os fatos da história. Mas a verdade precisa ser declarada. O papel e a influência das virtuosas esposas e mães católicas, que nunca perderam sua feminilidade de espírito, foram sempre imensos. No momento em que o movimento feminista parece estar vacilando e falhando em convencer, parece oportuno apresentar modelos para as jovens garotas e mulheres de hoje – que precisam tão desesperadamente encontrar modelos de mulheres que não abandonaram seus papéis tradicionais e ainda assim são tão essenciais na formação da Civilização Cristã.


Original aqui.

Maria Rosa Mulher