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Tema: O mito da igualdade humana

  1. #1
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    O mito da igualdade humana

    Que todos os homens são iguais é uma proposição à qual, em tempos normais, nenhum ser humano sensato deu, alguma vez, o seu assentimento. Um homem que tem de se submeter a uma operação perigosa não age sob a presunção de que tão bom é um médico como outro qualquer. Quando são precisos funcionários públicos, até os governos mais “democráticos” fazem uma selecção cuidadosa entre os seus súbditos teoricamente iguais. Mas, na realidade, quando abstractamente analisamos a sociedade “democrática”, pensamos ou agimos em termos de igualdade dos homens, ou pelo menos – o que na prática vem a ser o mesmo – procedemos como se estivéssemos certos de que os Homens são iguais.
    A quantidade de tempo durante o qual eles estão empenhados em pensar ou agir politicamente é muito reduzida quando comparada com todo o período das suas vidas; mas as breves actividades do homem político exercem uma influência desproporcionada sobre a vida diária do homem trabalhador, do homem a divertir-se, do homem pai e marido, do homem senhor de propriedades. Daí a importância em se saber o que ele pensa na realidade e porque é que o pensa.
    Os políticos e os filósofos políticos falaram, muitas vezes, acerca da igualdade do Homem como se fosse uma ideia necessária e inevitável, uma ideia em que os seres humanos têm de acreditar, exactamente como têm de acreditar em noções tais como peso, calor e luz. O Homem é “por natureza livre, igual e independente”, diz Locke, com a segurança de alguém que sabe que está a dizer qualquer coisa que não pode ser negada. Era possível citar literalmente milhares de afirmações semelhantes. “É preciso ser-se louco”, diz Graco Babeuf, “para negar tão manifesta verdade”.
    No entanto, do ponto de vista do facto histórico, a noção de igualdade humana é um produto recente, e, longe de ser uma verdade directamente apreendida e necessária, é uma conclusão tirada de assunções metafísicas preexistentes. Nos tempos modernos as doutrinas cristãs da irmandade dos Homens e da sua igualdade perante Deus foram invocadas em apoio da democracia política. Muito ilogicamente, no entanto. As famílias têm os seus patetas e os seus homens geniais, as suas ovelhas ranhosas e os seus santos, os seus êxitos mundanos e os seus falhanços. A igualdade perante Deus não significa a igualdade entre os Homens pela simples razão de que comparadas com uma quantidade infinita todas as quantidades finitas podem ser consideradas iguais. Perante Deus, ele é o ser absoluto e objectivo; é o portador de valores eternos. Mas na vivência dinâmica é o ser subjectivo e diferente que todos conhecemos da realidade prática.
    Os escritores que no decurso do século XVIII forneceram à moderna democracia política a sua base filosófica não se voltaram para o cristianismo para encontrarem a doutrina da igualdade humana. Eles eram, quase sem excepção, escritores anti-clericais para quem a ideia de aceitar qualquer auxílio da Igreja teria sido extremamente repugnante. Além disso, a estrutura da Igreja, orientada e organizada para as suas actividades terrenas, não lhes ofereceu qualquer auxílio, mas sim uma franca hostilidade. Ela representava, ainda mais que o estado monárquico e feudal, aquele princípio medieval, hierárquico e aristocrático contra o qual, precisamente, os igualitários protestavam. A origem da ideia moderna da igualdade tem de encontrar-se na filosofia de Aristóteles, que na verdade, como veremos, não era lá muito “democrática”. Vivendo, como o fazia, numa sociedade detentora de escravos, ele considerava a escravatura como um estado necessário das coisas. Estamos portanto perante uma contradição. Esta incoerência revelar-se-ia ao longo da história, na medida em que os bem-pensantes de todas as épocas souberam pôr de um lado o romantismo, se assim se lhe pode chamar, das suas concepções metafísicas sobre o Homem, e do outro lado a realidade – a sua vivência de classe -, a contradição evidente da igualdade humana. No entanto esta falácia romântica viria a influenciar decisivamente o espírito esclarecido dos demo-liberais, pois é na teoria da igualdade humana que a democracia moderna encontra a sua justificação filosófica e uma parte, pelo menos, da sua força motriz. Os preconceitos “democráticos” parecem, àqueles que os acarinham, sagrados, bem como moralmente certos, verdadeiros. A democracia é natural, boa, justa, progressiva, e assim por diante. Os seus opositores são reaccionários, maus, injustos, anti-naturais, etc. Para um vasto número de pessoas, a democracia tornou-se uma ideia religiosa que é dever tentar pôr em prática em todas as circunstâncias, indiferentemente dos requisitos práticos de cada caso particular. A metafísica da democracia, que na origem próxima foi a racionalização dos desejos de certos homens, como Rousseau, por exemplo, para melhorarem a sua sociedade, tornou-se numa teologia universal e absolutamente verdadeira, que “é do mais alto dever de toda a Humanidade pôr em prática”. Assim, Portugal tem de ter a sua democracia, não porque o governo democrático seja melhor do que o governo indemocrático que existia (verifica-se que se está a tornar incomparavelmente pior) mas porque a democracia, em toda a parte e em todas as circunstâncias, está certa.
    Tratámos até aqui do pressuposto primário de onde flui toda a teoria e prática da democracia – que todos os homens são iguais. No entanto as investigações científicas do nosso século permitem tirar conclusões completamente contrárias. Desde que se abandonem os preconceitos metafísicos e se desça à investigação do biotipo humano, a realidade é bem diferente.

    (ler Aldous Huxley, "Sobre a Democracia e outros temas")
    "Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece. Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber."Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal

  2. #2
    Avatar de Josean Figueroa
    Josean Figueroa está desconectado Miembro Respetado
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    Re: O mito da igualdade humana

    Hay diferencias entre los distintos seres humanos, pero una sociedad que desee el imperio de la justicia debe proveer la igualdad de derechos ante la ley, promover la igualdad de oportunidades, y garantizar la libertad individual dentro de un marco de estabilidad.

  3. #3
    Lycos está desconectado Miembro graduado
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    Re: O mito da igualdade humana

    ¿Te refieres a una igualdad social? ¿En que términos?

    Edit: ¿Des de cuando este es un espacio para ideas anarquistas, vedantistas, vegetarianas, psicodelicas y progres?
    Última edición por Lycos; 08/08/2008 a las 10:55

  4. #4
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    Re: O mito da igualdade humana

    Caro Lycos,
    a sua pergunta foi dirigida a mim? è que se ler o texto verá que não defende ideias anarquistas nem nada disso que referiu. Expõe é a verdade, que um dos argumentos e bases da democracia, a igualdade humana, é na realidade um mito e não existe. Ou seja a democracia é um mau sistema porque se baseia numa mentira.
    "Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece. Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber."Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal

  5. #5
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    Re: O mito da igualdade humana

    Cita Iniciado por Imperius Ver mensaje
    Caro Lycos, a sua pergunta foi dirigida a mim?
    No se si a ti o a mi, pues la lista de "ideas" no encaja con ninguno de los dos.

  6. #6
    Lycos está desconectado Miembro graduado
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    Re: O mito da igualdade humana

    Antes de escribir sobre un autor, deberías informaros sobre su vida y sus ideas.

  7. #7
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    Josean Figueroa está desconectado Miembro Respetado
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    Re: O mito da igualdade humana

    Cita Iniciado por Lycos Ver mensaje
    Antes de escribir sobre un autor....
    Te refieres a Huxley supongo.

  8. #8
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    Re: O mito da igualdade humana

    É certo que as ideias de Huxley, nada têm que ver com o aqui defendido. Eu próprio sou contra os seus ideais. No entanto, este texto retrata uma coisa que considero ser verdade, que é a fragilidade da base de sustentação das democracias. Não faço apologia aos ideais de Huxley, submeti foi este texto dele para análise e reflexão, para ver se até pode ser considerado pertinente o que é dito.
    "Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece. Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber."Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal

  9. #9
    Lycos está desconectado Miembro graduado
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    Re: O mito da igualdade humana

    Libros antiguos y de colección en IberLibro
    Huxley defiende TODO lo opuesto de lo que representa este foro. Sus libros son peligrosos. Casi censurables.

    Si quieres desmentir los mitos sobre la democracia, hazlo. Pero busca mejores plumas.

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