“Pode a arte ser neutra?” (I), por Carlos Nougué
Leia-se antes de tudo esta notícia:
“A ‘igreja transparente’, da dupla de artistas Gijs Van Vaerenbergh, é exibida em uma área rural da região de Borgloon-Heers, na Bélgica. Com placas horizontais, a obra transfere o conceito de igreja tradicional para uma instalação artística transparente, questionando o papel da igreja na sociedade, que não é bem definido. Os artistas usaram 30 t de aço e 2 mil colunas.”
De fato, a explicação da obra (como se pode ver pelas fotos abaixo) é perfeita: a “igreja transparente” busca “questionar o papel da igreja na sociedade”. Em outras palavras: fazendo-a transparente, seus autores fazem o mundo invadi-la. Ora, isto é o exato oposto da igreja verdadeiramente católica: esta é o mais opaca possível ao mundo; busca o mais possível isolar não só os sacramentos, mas os que dele participam, para que se sintam, exatamente, apartados do mundo e no interior de um pedaço do céu já começado na terra. Por isto mesmo é que as mais magníficas das igrejas – as catedrais góticas – são, como já se disse (e como também se pode ver pelas fotos abaixo), autênticas “caixas de luz”: deixam entrar do exterior apenas a luz, e o efeito é o de um manto celestial. Poderíamos chamá-las também “caixas de Graça”.
Ademais, do ângulo do exterior, a igreja transparente como que desaparece, não passa de algo tênue, um fiapo fantasmagórico e evanescente, no meio do mundo circundante. Já a catedral gótica (como aliás qualquer igreja verdadeiramente católica) se impõe ao entorno como algo sólido, como uma casa do próprio Criador, tão sobreeminente ao mundo como é Ele próprio sobreeminente ao universo.
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A igreja transparente




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Catedrais góticas







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