Sermão de Dom Tomás de Aquino, Festa de Cristo Rei – 30/10/2011






Quinta feira passada, 27 de outubro, mês do Rosário, Bento XVI reuniu em Assis diversos representantes de falsas religiões para obter a paz.
Pena perdida.
Por quê?
Porque o que causa a guerra, quer entre nações, quer entre pessoas individuais, quer no interior de cada homem, é o pecado.
Ora, as falsas religiões, cultuando não a Deus mas o demônio, não são capazes de vencer o pecado.
O único a vencer o pecado é Jesus Crucificado.
Fora d’Ele tudo é ilusão, mentira. Fora d’Ele o homem permanece no seu pecado e assim é incapaz de obter a paz para si e para os outros.
Que diz a coleta da festa de hoje?
“Concedei que todas as nações desagregadas pela chaga do pecado se submetam ao seu suavíssimo pode.”
Desagregadas, ou seja, desunidas.
Desunidas por que força? Por que causa?
Desunidas pelo pecado.
Ora, quem tem poder sobre o pecado? Quem pode destruir o pecado?
O Cristo Redentor e só Ele.
Por isso, erram fora do caminho de verdade os que vão buscar na reunião de Assis o segredo da paz.
O segredo da Paz está na cruz de Nosso Senhor.
Eis por que nós não podemos nos entender com os liberais.
Não é a questão da missa o que nos opõe em primeiro lugar aos liberais.
Um liberal aceita rezar a missa de sempre.
A prova é que todos eles a rezavam na época do Concílio Vaticano II.
A questão da missa é de máxima importância, sem dúvida, mas é uma consequência de algo anterior, de algo mais decisivo.
A verdadeira e fundamental oposição entre os liberais e nós é o Reino de N.S.J.C.
Dom Lefebvre dizia, comentando a passagem de São Paulo “Opportet illum rejnare” (É necessário que ele reine):


“Nosso Senhor veio para reinar. Eles, os liberais, dizem não e nós dizemos sim, juntamente com todos os Papas.
Nosso Senhor não veio para ficar escondido no interior das casas sem sair delas.
Por que os missionários afrontaram a morte?
Para pregar que N.S.J.C. é o único verdadeiro Deus, para dizer aos pagãos que eles deviam se converter.
Então os pagãos quiseram acabar com eles, mas eles não hesitaram em dar as suas vidas para continuar a pregar N.S.J.C.
Então, agora, seria necessário dizer o contrário?
Seria necessário dizer aos pagãos: ‘Sua religião é boa, conservai-a. Basta que os senhores sejam bons budistas, bons mulçumanos, bons pagãos?’.
É por isso”, continua Dom Lefebvre, “que nós não podemos nos entender com os liberais, pois nós obedecemos a N.S., que disse aos apóstolos: ‘Ide e ensinais o Evangelho até as extremidades da terra’.
É por isso que ninguém deve se espantar se nós não nos entendemos com a Roma atual.
Isto será assim enquanto Roma não retornar à Fé no Reino de Nosso Senhor.
Isto continuará assim enquanto Roma der a impressão de que todas as religiões são boas.
Nós nos chocamos com os liberais num ponto de doutrina, num ponto que pertence a fé católica, como se chocaram os Cardeais Bea e Otaviani e como se chocaram todos os Papas com o Liberalismo.”


Hoje é a mesma coisa que acontece, o mesmo choque, as mesmas ideias, a mesma divisão no interior da Igreja.
A diferença é que antes do Concílio, Roma defendia a Tradição contra o liberalismo, enquanto hoje são os liberais que tomaram os postos de governo dentro da Igreja.
Evidentemente eles são contra os tradicionalistas. Então eles perseguem os tradicionalistas.
Mas nós estamos em paz porque nós estamos em comunhão como todos os papas desde N.S., desde os apóstolos.
Nós guardamos a fé dos apóstolos, a fé de todos os Papas anteriores ao concílio Vaticano II, a fé de todos os santos.
Nós não vamos agora mudar de fé e aderir à Revolução, a Declaração dos Direitos do Homem de 1789.
Nós não somos filhos da Revolução, mas sim de N.S.J.C., filhos do Evangelho.
Os atuais representantes da Igreja dizem que cada um é livre, que se podem pôr todas as religiões juntas como se fez em Assis.
Isto é uma abominação e no dia em que N.S. se irritar então se verá o que São Paulo diz: “Deus non irridetur” (De Deus não se ri).
Se N.S. castigou os judeus como Ele o fez, com a destruição de Jerusalém no ano 70 de nossa era, quando os romanos não deixaram pedra sobre pedra de Jerusalém, foi porque os judeus se recusaram a crer em N.S.
A cidade o templo foram arrasados, e até hoje o templo de Jerusalém não foi reconstruído.
O mesmo poderá acontecer com estes homens que hoje se recusam a crer em N.S., que se recusam a crer na sua realeza.
E eles ainda pretendem obter a paz invocando todos os deuses pagãos.
Eles ainda pretendem obter a paz sem N.S.J.C.
Uns dizem que é a democracia que trará a paz.
Vãs esperanças.
A paz virá por N.S.J.C. ou ela não virá nunca.
Que nós, ao menos, pequeno rebanho, pusillus grex, permaneçamos firmes, como soldados.
O soldado é aquele que, como o sacerdote, não vive para si, mas para os outros.
O soldado expõe a sua vida para preservar a vida da sua pátria.
Sua missão é um verdadeiro sacerdócio.
Ora, se N.S. é Rei, ele tem soldados.
Seus soldados somos nós, que recebemos o sacramento da confirmação.
Se somos soldados, devemos combater.
Combater o quê?
Combater os inimigos de Cristo Rei, combater o liberalismo, o modernismo, o progressismo.
“O melhor serviço que um homem pode fazer aos seus semelhantes, nas épocas de decadência”, dizia Mgr. Freppel, “é o de afirmar, sem medo, a verdade.”
É isto o que N.S. espera de nós.
Ele fez tudo por nós. Façamos ao menos isto por Ele, pensando nas almas pelas quais Ele deu o seu Sangue e que jazem nas sombras da morte esperando que alguém lhes diga a verdade.
Que o Imaculado Coração de Maria nos obtenha esta graça.
Assim seja.

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