Quatro detidos por suspeita do roubo do Códice Calixtino
O Irmão de Cá à pouco tempo perguntava num tema se havia notícias e pouco tempo depois parece que temos. Não tão boas como queriamos, mas novidades de qualquer forma.
O Códice Calixtino, ou Codex Calixtinus, é um livro do século XII e tem um valor incalculável. O manuscrito estava guardado numa caixa forte no arquivo da catedral e o seu desaparecimento tinha sido considerado um dos mais graves cometidos contra o património histórico e artístico espanhol.
Sabe-se que o homem agora detido levou a cabo trabalhos de electricidade na catedral durante vários anos, até que foi despedido pela igreja, quando esta regularizou a situação laboral dos seus funcionários.
A polícia deteve igualmente a mulher do trabalhador e o filho de ambos, assim como a sua mulher, alegados cúmplices no crime de roubo.
A polícia espanhola – que está no encalço destes suspeitos há vários meses – levou a cabo rusgas a duas propriedades da família, uma na Coruña e outra em Pontevedra. Nestas propriedades foram encontradas, segundo a EFE, moedas e objectos procedentes da catedral, bem como uma “elevadíssima soma em dinheiro”. Sabe-se agora, segundo o el País, que a soma das moedas equivale a 1,2 milhões de euros e que o homem tinha ainda em sua posse algumas cópias do Códice Calixtino.
O Códice Calixtino não foi, porém, encontrado até ao momento. O diário espanhol El País refere, no entanto, que o livro deverá ainda estar em território espanhol e que não há notícia de ter ido parar às mãos de traficantes internacionais de arte.
De acordo com o mesmo jornal madrileno, quer o ministério público quer a polícia estão inclinados para a teoria de que o roubo do Códice tenha sido uma “vingança pessoal” do trabalhador depois de este ter sido despedido.
O trabalhador não disse ainda onde está a obra, e terá inclusivamente afirmado – segundo a agência EFE – que quer receber 40 mil euros pelo objecto, supostamente a quantia que lhe ficaram a dever pelos trabalhos realizados na catedral.
O Códice Calixtino desapareceu há praticamente um ano, a 5 de Julho de 2011, e é considerado a jóia da identidade galega. O livro, apesar de valiosíssimo, carecia de um seguro próprio.
Após o roubo, o cónego da catedral, José María Díaz, explicou que existia um seguro geral para a igreja mas não um seguro específico para o exemplar roubado.
Até ao roubo, o Códice Calixtino apenas tinha saído da catedral, mas nunca de Santiago da Compostela. Depois destas duas saídas, a Catedral optou por expor uma reprodução da obra, protegendo o original na caixa forte.
O Códice Calixtino descreve pela primeira vez os detalhes de várias das rotas do Caminho de Santiago, com informação sobre alojamento, zonas a visitar, património e objectos de arte que podem ser conhecidos. Um relato que, nove séculos depois, continua nos dias de hoje a ser citado e ainda serve de referência para alguns dos locais percorridos pelos peregrinos.
Elaborado entre 1125 e 1130 – depois manuscrito em 1160 – o texto ficou maior do que o inicialmente previsto, acabando por contar com participações dos principais escritores, teólogos, fabulistas, músicos e artistas da época, tendo que ser dividido em cinco livros e vários apêndices, entretanto reunidos, já no século passado, num único volume.
"Tudo lhes pertence e nos cabe, porque a Pátria não se escolhe, acontece. Para além de aprovar ou reprovar cada um dos elementos do inventário secular, a única alternativa é amá-la ou renegá-la. Mas ninguém pode ser autorizado a tentar a sua destruição, e a colocar o partido, a ideologia, o serviço de imperialismos estranhos, a ambição pessoal, acima dela. A Pátria não é um estribo. A Pátria não é um acidente. A Pátria não é uma ocasião. A Pátria não é um estorvo. A Pátria não é um peso. A Pátria é um dever entre o berço e o caixão, as duas formas de total amor que tem para nos receber."Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, Não Há Outra Mais Leal
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