Não havendo fait-divers que entusiasmem minimamente a imprensa, toca de mexer com assuntos sérios que não são da conta senão dos envolvidos. Que tem Portugal, Espanha ou o Brasil a ver com os assuntos internos das Honduras? Se deixassem mas é de tentar validar cimeiras imprestáveis excedendo as suas próprias competências enquanto governos e chefes de estado é que faziam bem... porque não há nenhuma declaração comum da cimeira sobre as ameaças de Chávez à Colômbia?

Quanto à posição que o governo espanhol tenta impôr ainda é mais incompreensível: Não reconhecer mas não ignorar as eleições hondurenhas... como se pode não ignorar algo que se não se reconhece (identificar depois de conhecer)? Que língua fala Miguel Ángel Moratinos?


Honduras: Portugal trabalha «até ao limite» por convergência

Cimeira: posições divergentes podem impedir declaração comum, diz MNE, Luís Amado


Portugal está a trabalhar «até ao limite» por uma convergência na Cimeira Ibero-Americana sobre as Honduras, mas admite que as posições divergentes entre os países impeçam uma declaração comum, disse esta segunda-feira o chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado.



O ministro dos Negócios Estrangeiros português recusou dizer qual é a posição de Portugal em relação às eleições de domingo dado caber a Portugal, enquanto presidência, tentar alcançar um consenso: «Temos a nossa posição mas temos de acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos para podermos construir uma declaração da comunidade. Nestas circunstâncias a posição do Estado que detém a presidência é secundária em relação ao esforço de convergência».



Honduras: solução passa por um «grande acordo», diz Espanha
«A presidência tem a preocupação de procurar que haja da parte da Cimeira uma posição sobre a situação política das Honduras e não especificamente sobre a realização das eleições», disse Luís Amado à imprensa no final de uma reunião de trabalho dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 23 sobre esta questão.



O ministro disse que ao longo da tarde de hoje a presidência vai «continuar a ouvir as posições dos diferentes Estados membros, em particular dos Estados vizinhos» e sublinhou a importância de qualquer declaração a aprovar ser «construtiva» e «contribuir para a estabilização política das Honduras».



Por seu lado, Espanha quer que a União Europeia adopte uma postura «comum» relativamente às Honduras, que já está a ser negociada pela presidência sueca, e que vá de encontro à postura de Madrid de «não reconhecer mas não ignorar» as eleições.

Miguel Angel Moratinos, ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, explicou hoje aos jornalistas que essa também é a posição que Espanha defende na XIX cimeira ibero-americana, cujos trabalhos arrancaram hoje no Estoril.



«Desde o início da crise, o Governo espanhol condenou o golpe e pediu a restituição e a retoma da institucionalidade democrática», disse.



Cimeira: «Haverá um comunicado especial sobre as Honduras»
«Espanha não reconhece as eleições porque decorreram no marco político de falta de transparência mas não as ignora», disse.



Para Moratinos, o facto de não ignorar o processo que decorreu no domingo «em que só participou parte da população» hondurenha implica reconhecer que «há novos actores», entre eles Profirio Lobo, que se declarou vencedor do sufrágio de domingo.



«Queremos uma plataforma de diálogo. Há que esperar até que se conclua o processo (associado às eleições). O senhor Lobo terá algo a dizer e será novo actor no diálogo com o presidente Zelaya», disse ainda.



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