QUANDO O SILENCIO É MELHOR
Acho inutéis as palavras,
Quando o silêncio é melhor,
É melhor, pois, quando,
Só podes sentir dor,
O silêncio é melhor,
No mar da saudade;
Juntado com as lembranças,
Em grandes peças de sinceridade,
Prefiro pensar, pois,
Nos pastéis de Belém,
Nas nozes e na nata,
Na tardinha e no café,
Quando o silêncio é melhor,
Chego às ideias fortes,
Que marcham poderosas,
Como imperiais coortes,
Quando o silencio é melhor,
Melhor é a recordação,
Dos fados mais lindos de Amália
Rodrigues e Carlos do Carmo,
Quando o silêncio é melhor,
Então, o sonho vem,
Sonho da própria pátria,
Ou o sonho sempre d'além,
A imaginaçao deita
Uma legião de sentimentos,
Acho inúteis as palavras,
Quando melhor é o silêncio,
O silêncio do que falava,
Arlindo Veiga dos Santos,
Entretanto, descobre-se,
A novidade da Tradiçao,
O silêncio melhor:
Fátima, noite, passeio;
Essa é a melhor fórmula,
Para cativar-se no misterio,
Quando o silêncio é melhor,
Acho inutéis as palavras,
Só quero sentir, pois,
Uma paixão lusitana,
Acho inutéis as palavras,
Quando fico preso da dor,
Dor de não estar agora,
No Portugal de meu amor.
ESTOU SAUDOSO
Faz pouco que te foste
E já tenho saudade,
Tenho saudade de ti,
Crê-me que é verdade,
É de justiça dizer,
Que este meu coração,
Tão atribulado como sempre,
Acha agora poderosa razão,
Que estranha forma de vida,
Tem este meu coração,
De forma perdida vive,
E bate pela tua recordação,
Eu queria ir contigo,
Para conhecer de novo Lisboa,
E ali, no Bairro Alto,
Beijar-te com paixão na tua boca,
Meu coração, tão independente,
Agora só escuta uma voz,
É a saudade que escreve,
A minha letra com nova dor,
Eu....Que vou fazer ?
Ficar preso da saudade ?
Acho que é muito possível,
E acho que é muito agradável....
Teimosamente te digo
Minha querida da alma,
Que tenho saudade de ti,
E não posso ter calma,
Ai, lei de saudade,
Um amor peregrino,
Como não ficar preso,
Dos sinais do destino ?
Desperta-se em mim,
Um sentimento letal,
Que quando lembro teus olhos,
Quero, quero chorar,
Saudoso, saudososinho...
Eu estou assim !
Esta saudade intensa,
É que morro por ti.
EU SOU UM SENTIMENTAL
No fundo, na realidade,
Eu sou um sentimental,
E por isso que me imagino,
Estando sempre em Portugal,
Eu sou um sentimental,
Mas nao sou um fingidor,
Eu desejo lirismo, e estando
Longe de ti, tenho dor,
É que eu queria estar
Passeando pela torre de Belém,
Ou em Fátima, ou no Estoril,
Ou no Algarve outra vez,
Ou em Alcobaça, ou em Óbidos,
Ou em Sintra, o na Batalha,
Com uma boa bica, olhando,
O sentimento da minha alma,
Eu sou um sentimental,
Eu quero cantar um pregão,
Cheio de ideias e ternura,
Cheio de lusitana razão,
Por tudo, precisamente,
Porque sou um sentimental,
Eis aqui um espanhol apaixonado,
Loucamente por Portugal,
Por isso, no navio
Da minha - atribulada - cabeça,
Navega-se com alegria,
Evocando terra portuguesa,
Eu sou um sentimental,
Um lusófilo, pois então!
Minhas palavras não mentem,
Nem mente meu coraçao.
Marcadores