Democracia ou Mentira?
O aumento da miséria, a destruição ambiental, o crescimento do consumo de drogas, de antidepressivos e do terror perante a realidade do desemprego, mostra-nos um último sentido da realidade.
Todas estas desgraças não podem ser questionadas ou condenadas pegando nas dinâmicas da argumentação do sistema em que vivemos, devemos pô-los em causa através de um discurso vindo do exterior dele.
Ao colocar os indivíduos em mundos irreais, desfasados da realidade e promovendo utopias e esperanças, o sistema procura impedir que a sua condenação, vinda de fora, encontre eco nos projectos de vida, tanto pessoais como sociais. Seja no que diz respeito às ideias, seja no que se refere às questões produtivas, organizacionais e institucionais, as estruturas de poder e opressão que lhe estão ligadas, são pura e simplesmente "abafadas". Assim mesmo, é precisamente a começar pelos sacrifícios que se exigem, pela formulação clara das contradições internas e pelos apelos que saem do exterior da lógica explicativa dominante que vamos dar conta das utopias e esperanças violentadas e do lógico aparecimento de movimentos de contestação.
A principal máxima para a legitimação do actual sistema é a democracia e, conforme ela, a vontade individual é uma condição "sine qua non" para que as acções individuais e institucionais sejam reconhecidas e aprovadas.
Aquilo que se consegue justificar baseado neste princípio, torna-se legítimo, mas o preço a pagar pela consumação efectiva desta concepção moderna de democracia poderá vir a ser extraordinariamente dispendioso para todos os povos.
Escrevia Bertolt Brecht " Chama-se violento a um rio que tudo arrasta, mas ninguém chama violentas às margens que o aprisionam"!
Prometheo Liberto
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