Os moderados – I
Os moderados – II
Os moderados – III
Em defesa do Integralismo
Com pouca disponibilidade de tempo para a blogosfera nos últimos dias, respondo agora e de forma breve a este postal do colega de blogosfera Orlando Braga:
O Orlando diz ser ele o verdadeiro "reaccionário" – quem sabe se não também o presidente da junta – e teoriza, afirmando que o Integralismo Lusitano é filho de Rousseau. Para isso, baseia-se na afirmação de Pequito Rebelo: Na democracia é soberano o povo e na monarquia é soberana a nação. Segundo o filósofo esta é a prova que representa a dissociação entre o Povo e a Nação prevista no Contrato Social com o princípio da vontade geral.
Da tese do Orlando, estava seriamente tentado a avaliá-la como sendo uma desonestidade intelectual. Mas como desconheço a real intenção do autor ao elaborar o texto, tomo-a como uma mera excentricidade, algo certamente fortuito, um pequeno lapso. Pois quem conhece o Integralismo Lusitano sabe que se há coisa que ele rejeita é o princípio da vontade geral, sendo assumidamente anti-democrata e defendendo um sistema orgânico corporativo representado em Cortes – sistema em tudo semelhante ao medieval.
Da afirmação de Pequito Rebelo, desconheço a origem e o contexto da frase, o que é crucial para o estudo do Integralismo Lusitano. Pois após a morte de António Sardinha, este sofreu um grave revés com muitos integralistas a tornarem-se desertores, traidores à causa e – agora sim – adeptos da vontade geral. Ainda assim, creio que não é possível estabelecer uma tese anti-integralista como tentou fazer o Orlando. Uma frase solta é insuficiente para avaliar toda uma doutrina, ou pior do que isso, assumir refutá-la. E se, com alguma malícia, formos picuinhas ao ponto de analisar frase a frase, certamente que encontraremos muitos erros formais – não necessariamente de conteúdo – visto que toda a obra humana está investida de erro.
Mas como não esmoreço, parto em defesa da doutrina integralista, por não encontrar erro de substância na afirmação de Pequito Rebelo. Na verdade, a questão semântica levantada pelo Orlando para rejeitar o Integralismo é falsa. E é falsa, na medida em que na oração em questão, "povo" não assume o seu significado original, mas sim aquele que lhe foi atribuído posteriormente pelos acólitos da vontade geral. Ou seja, não foi Pequito Rebelo quem dissociou o Povo da Nação. Este apenas tomou o "povo" pela sua noção subvertida de "número" ou "massa" – o que também pode ser perceptível pelo não uso de maiúsculas – e o utilizou para contrariar o sistema democrático, expondo a sua forma arbitrária e ao qual contrapôs a Nação integral. E dessa forma, a frase de Pequito Rebelo ganha todo o sentido. Não se trata portanto de separar, mas sim de agregar em torno do corpo comum que é a Nação e do qual não é necessário nenhum "contrato social" para se pertencer. É então precisamente pelo Povo que é Nação e contra essa visão dilacerada de massa numérica democrática que se insurge Pequito Rebelo e o Integralismo Lusitano.
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Para os interessados, relembro a proposta integralista de organização política nacional.
Publicada por O Reaccionário em 22:30 0 comentários![]()
Etiquetas: Blogosfera, Democracia, Integralismo, Monarquia, Nacionalismo, Pequito Rebelo, Tradicionalismo
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