Só nos faltava mais esta desgraça...
Líder militar da ETA detido esteve em Portugal em 2007
por Lusa
O recém-capturado chefe militar da ETA, Jurdan Martitegi Lizaso, terá passado vários meses em Portugal, na Primavera e Verão de 2007, quando colaborava com o comando Vizcaya, um dos principais da organização, disseram hoje fontes policiais espanholas.
Segundo as fontes contactadas pela Lusa em Madrid, "há indícios bastante fortes" de que Martitegi "esteve em Portugal (...) alguns meses", na Primavera e Verão de 2007, estando ainda "a ser investigadas" as circunstâncias dessa estada.
"Tem-se falado pontualmente da possível tentativa da ETA instalar uma infra-estrutura logística em Portugal. Mas até ao momento, além de alguns movimentos logísticos, como o roubo de carros, não há qualquer outro indício de que isso tenha acontecido", sublinhou uma fonte da luta anti-terrorista em Madrid.
As mesmas fontes dizem não saber o que Martitegi esteve a fazer em Portugal, escusando-se a confirmar a zona do país onde poderá ter estado.
Ainda assim, a visita a Portugal ocorreu numa altura em que Martitegi - detido no fim-de-semana em França - liderava com Arkaitz Goikoetxea (detido no passado) o comando Vizcaya, o mais activo desde o fim da trégua declarada pela ETA.
Tanto Martitegi como Goikoetxea participaram "activamente no recrutamento de colaboradores e a preparar a infra-estrutura da célula para começar a atentar", segundo vários relatos da imprensa espanhola.
O comando Vizcaya acabou por ser o que mais atentados cometeu em Espanha entre Fevereiro de 2007 e Junho de 2008, altura em que foi desarticulado.
Depois de escapar às detenções nessa altura, e segundo fontes do Ministério do Interior, Martitegi terá partido para França centrando depois a sua actividade na instrução e criação de comandos para substituir os desarticulados nos anos anteriores.
As informações mais recentes, antes das detenções levadas no fim-de-semana, referiam que Martitegi estivesse a dar cursos de armas e explosivos a membros do entretanto também desarticulado "comando Nafarroa".
Segundo as autoridades, nesses cursos, dados em 2008, terá participado também o então chefe militar da ETA, Garikoitz Aspiazu (Txeroki).
Txeroki foi capturado em Novembro do ano passado e Martitegi terá assumido o comando da estrutura militar da ETA, procurando reconstruir esse braço da organização, numa das fases de maior debilidade da sua história recente.
Detido por várias acções de violência de rua, Martitegi terá entrado formalmente na ETA em 2006.
As ligações entre a ETA e Portugal começaram a ser referidas exactamente desde o Verão de 2007, ou seja na altura em que Martitegi estaria no país.
Desde o Verão de 2007, foram utilizadas quatro viaturas com origem em Portugal para acções da ETA.
Um dos carros foi utilizado num ataque a um quartel da Guardia Civil em Durango, Espanha, e os outros dois foram encontrados com explosivos no seu interior.
A primeira viatura com material explosivo foi descoberta junto à fronteira de Ayamonte, em Junho de 2007, encostada na berma da faixa de rodagem de acesso a Portugal e foi abandonada quando os ocupantes detectaram uma operação stop da Guarda Nacional Republicana.
O segundo automóvel de registo português foi utilizado pela ETA em Agosto de 2007, como segunda viatura no atentado ao quartel da Guardia Civil em Durango, no Norte de Espanha.
No caso mais recente, em Fevereiro, a polícia encontrou em Salamanca um carro usado por elementos da ETA que foi alugado por um membro da organização terrorista, com documentação falsa, no aeroporto de Faro.
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