Em 1578, com o desastre de Alcacer Quibir, morre o Rei de Portugal, D. Sebastião.
Ainda hoje, subsistem duvidas sobre se o Rei, terá de facto morrido em combate, dado algumas fontes apontarem para o facto de D. Sebastião ter sobrevivido, tendo havido movimentações por parte de Filipe II, para evitar qualquer reconhecimento de um suposto pretendente ao trono português por parte do Papa.
De qualquer forma, após dois anos de duvidas e de uma crise em que o trono foi ocupado pelo Cardeal-Rei, D. Henrique, que morre sem deixar sucessor. Deixa apenas cinco governadores, os quais ficam com a tarefa de decidir quem será Rei de Portugal. O medo de uma revolta popular, contrária aos interesses da nobresa, e o medo, por parte dos nobres de perder o que ainda mantinham, precipitou a questão. Os cinco governadores fogem de Portugal, quando estala uma revolta popular favorável a D. António e proclamam Filipe II como Rei de Portugal.
Filipe II, da casa de Austria era o principal interessado no trono. Não sendo o único candidato ao trono português, Filipe II tinha no entanto a possibilidade de obter o trono através da "compra" dos nobres portugueses, empobrecidos, num país que não tinha conseguido aproveitar a enorme riqueza da India. A Nobreza apoiou na sua grande maioria o candidato Filipe II
A questão sucessória
Portugal, Conquistei-o, Herdei-o e Comprei-o. Com estas palavras, a denotar desde logo uma certa sobrancería, Filipe II, é em 1580 declarado Rei de Portugal e Algarves, de aquém e de além mar, pelas cortes de Tomar, com o título de Dom Filipe I. Iniciando-se assim, a dinastia Filipina, ou seja o domínio da casa de Habsburgo, que governava vários países, reinos, condados e principados europeus. A coroa de Filipe, era, para o século XVI, uma espécie de União Europeia, que naturalmente, seguia as regras aceites naquele tempo.
Filipe I, (Filipe II em Castela, e título pelo qual ficou mais conhecido), garantiu em grande medida aos nobres e ao alto clero as vantagens que lhe tinham sido dadas aquando da aquisição. No entanto, com o passar dos anos, com o avolumar dos problemas, nos vários reinos sob o domínio da casa dos Habsburgos, a situação começou a deteriorar-se. Logo em 1588, a derrota da armada invencível, para a qual Portugal contribuiu com grande parte dos barcos, entre os quais o maiores, galeões, começam a dar a nota do que será o período Filipino. O abandono a que foi votado o império foi notório. Os franceses ocupam o Pernambuco em 1630. Entre 1623 e 1638., são apresados 500 navios mercantes portugueses por parte dos inimigos da Espanha, (antigos aliados de Portugal) e que agora atacavam os portugueses. Portugal e os comerciantes portugueses deixaram de sentir as vantagens da união dinástica. Para piorar tudo, os impostos agravavam-se, e o dinheiro para as tenças (subsídios) aos nobres começou a escassear. Em 1629 houve revoltas populares contra os impostos e em 1637 teve lugar uma revolta com inicio em Évora, quando Madrid deixou de pagar as “tenças” aos nobres, sendo estas, pagas com impostos sobre os portugueses. A situação tornou-se insustentável.
Os nobres portugueses entenderam que a situação era insustentável. Temia-se a revolta popular a qualquer momento. Tal revolta colocava os nobres numa situação algo complicada, pois se houvesse uma revolta popular, era a própria situação dos nobres que acabaria sendo posta em causa, porque a revolta poderia expressar-se contra a propria nobreza, principal culpada e responsável pela situação.
A revolta será por isso um golpe palaciano. O duque de Bragança, que fora nomeado pelo rei Filipe III, como Governador Militar de Portugal, é convidado a tomar o lugar de Rei de Portugal, seguindo assim a via legalista. D. João aceita relutantement o trono - sob ameaça de criação de uma República de Nobres - com o nome de D. João IV. Só depois de a representante de Filipe III (Filipe IV em Espanha) a duquesa de Mântua ter sido aprisionada, e forçada a dar ordem de rendição ás guarnições de Lisboa e das margens do Tejo, é a noticia dada ao povo.
Em todo o país a noticia do fim do domínio Filipino é acolhida com júbilo. As cidades da fronteira, como Elvas e Olivença, preparam-se de imediato para a guerra. É declarado um imposto a nível nacional, com o objectivo de preparar o país para o inevitável confronto.
A nobreza portuguesa que se encontrava em Madrid, ali fica. Portugal, de qualquer forma já nada representava para quem tinha abandonado o país por dinheiro. O esforço militar que se fará nos anos seguintes será enorme. O esforço das populações em termos de carga de impostos, foi dos maiores alguma vez suportados pelos portugueses.
Não parece ter havido noticia de protesto algum.
O que acabou em 1640?
Ao mesmo tempo, o governo de Madrid, acossado por todos os lados, e incapaz de resistir a todas as cobiças que a sua acção na Europa tinha feito despontar, encontrava-se numa situação desesperada. A coroa dos Habsburgos encontrava-se em guerra contra grande parte das potências europeias, e exigia ás suas várias nações, contribuições cada vez maiores.
Ora, a Espanha do inicio do Século XVII, é na realidade uma espécie de federação de estados autónomos, independentes entre si, apenas unidos na pessoa do Soberano. A Espanha, como se entendia na altura, era acima de tudo uma realidade geográfica que identificava uma região onde viviam os povos Hispanicos ou Hespericos, os quais eram de facto o nucleo do império dos Habsburgos. A Hispania, era tudo menos um país com características próprias, que o pudessem identificar como tal.
A Hispania, conforme o conceito Romano Os varios reinos dos Habsburgos. A dinastia Filipina, no inicio Sec.XVII
Em 1640 estalam revoltas na Catalunha (no verão) e em Portugal (em Dezembro). Há igualmente importantes revoltas na Andaluzia, onde uma política de cristianização forçada da população maioritariamente muçulmana, vinha a deixar marcas.
A revolta na Andaluzia, é contida, mas as revoltas da Catalunha e de Portugal, não o serão. Quer Portugal, quer a Catalunha, vão caminhar para a independência, proclamando-a e separando-se da coroa dos Habsburgos.
Nos anos seguintes, o império decide-se a lutar violentamente contra a Catalunha, que entretanto pediu, e obteve apoio da França. A Catalunha - a parte mais importante do Reino de Aragão - passa assim (por necessidade) para a coroa francesa. Esta situação vai levar a que, entre o centralismo francês e a política centralista de Madrid, que entretanto tinha sido suavizada, a Catalunha opte pelo mal menor. Doze anos depois, a Catalunha volta a ser um reino dos Habsburgos, perdendo no entanto territórios para a França.
É então que, em 1660, a Espanha, com as suas guerras resolvidas se volta com todas as suas forças contra Portugal. Durante os primeiros vinte anos da guerra da restauração portuguesa, (1640-1660), a fraqueza de Castela jogou a favor de Portugal, embora o país também tivesse que lutar praticamente sozinho contra Franceses e Holandeses (além dos Castelhanos).
Durante os primeiros 20 anos, Portugal lutou sozinho. Nenhuma das nações que nos prometera ajuda cumpriu com a sua palavra. A França, (que tinha prometido ajudar Portugal), assina em 1660 um tratado de paz com a coroa Castelhana, onde a única concessão, francesa é a garantia de que não apoiará Portugal no novo esforço Espanhol para destruir a independência portuguesa. É então que em 1662 chega o primeiro auxilio inglês, que se contratam técnicos estrangeiros, para reorganizar as forças armadas portuguesas.
Em, 1663 dá-se a esperada invasão, sofrendo as forças castelhanas uma esmagadora derrota na batalha do Ameixial, deixanso numa unica tarde, 10.000 baixas no terreno. Dois anos mais tarde, um novo exército castelhano marcha sobre Portugal, para mais uma vez sofrer uma pesada derrota, desta vez em Montes Claros, onde os castelhanos sofrem também milhares de baixas. Portugal encontra-se nessa altura, num ponto de rotura, mas a Castela, encontra-se numa situação ainda pior. Em 1668, o governo de Madrid aceita finalmente o inevitável. A tentativa castelhana de criar um país,á sua imagem, baseado na Hispania, acabou, afogada em sangue. A Hispania, morreria em 1668, para sempre. Foi destruida e enterrada pela cegueira dos Castelhanos, incapazes de ler os ensinamentos da História.
A partir de aí, dá-se nas nações da antiga Hispania - que ficaram sob o domínio de Castela - um violentíssimo processo de castelhanização dos seus países constituintes. A normalização forçada da lingua na administração e a união aduaneira posterior (havia fronteiras entre Castela e Aragão, por exemplo) levarão à criação mais ou menos forçada de um país que a partir de 1716, depois da decadência final dos Habsburgos, da guerra da sucessão e do decreto "Nova Planta". Embora não fosse mais que a velha Castela, extendida e expandida por sobre as nações subjugadas, esse país foi re-baptizado com um novo nome: Espanha.
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