Iniciado por
Albatroz
Caro Don Cosme,
O peso que Portugal e Espanha - mesmo que estivessem unidos - poderiam ter na Europa, seria sempre muito pequeno. Podemos aceitar isso e aceitar vivermos numa sociedade com valores distintos dos nossos. Ou podemos pensar que as sociedades que ajudámos a criar, na América e em África, se reunidas connosco - mas não sob o nosso controlo - poderiam permitir-nos viver sob o domínio dos nossos valores civilizacionais, sem depender de quem não pensa como nós. Cabeça de rato em vez de cauda de leão? Talvez, para começar, mas este rato é muito grande e, quem sabe, talvez possa transformar-se em leão, ou em elefante...
É verdade que muitos latino-americanos e africanos têm pouca pressa. Não sei se é defeito, mas creio que é algo que mudaria, à medida que o desenvolvimento se realizasse. Já há significativas empresas, com graus de tecnologia elevado, na América Latina. Dou o exemplo da Embraer, no Brasil. Parece-me mais entusiasmante e mais rentável, a longo prazo, ajudar a construir um espaço de matriz cultural ibérica que poderia vir a ser uma das grandes potências do futuro, do que sermos os parentes pobres da Europa, uma Europa em decadência moral e demográfica. O mundo tem mais a ganhar com os valores ibéricos do que com os valores germânicos, ou anglo-saxões ou escandinavos. Temos uma visão universalista, capaz de integração de elementos culturais diferentes dos nossos, coisa que alemães ou ingleses não têm. A nossa civilização é uma civlização de tolerância - apesar de um passado nem sempre muito limpo -, a deles é intolerante e exclusivista.
Não sei se falar disto aqui nos leva a algum lado, mas parece-me que é tempo de procurar alternativas a um futuro bem cinzento...
Um abraço
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